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Review | Game of Thrones 6x09 - Battle of the Bastards


A batalha das batalhas.

Quando mencionei na review passada o quão difícil era falar mal de Game of Thrones para mim, eu não estava mentindo. Em seis anos de série, constatei que poucas vezes me vi imerso num universo tão rico quanto o dos Sete Reinos, e isso falando como um macaco velho dos mundos de fantasias literárias que infelizmente nunca haviam conseguido um espaço na TV. Foi triste me decepcionar com os desvios do sexto ano, mas da mesma forma que a decepção despontou, veio com ela a esperança da subversão de expectativas que só poderia ser sustentada pelos sempre apoteóticos episódios pré-finale. Battle of the Bastards foi uma aula de catarses cinematográficas ancoradas na alcunha de super produção, carregando a capacidade de eternizar a admiração dos fãs mais xiitas e converter os maiores haters de plantão em verdadeiros adoradores. Um sucesso anunciado que só se confirmou.

Claro que podemos começar destrinchando a batalha que aconteceu em Winterfell, afinal mesmo que todas as cenas em Meereen tenham tido um efeito parecido, foi o payback dos Stark sobreviventes que nos deixou verdadeiramente emocionados. Desde as expressões de Sansa no primeiro e último encontro com Ramsay até a brutal batalha no campo de guerra, tornou-se impossível não se arrepiar com o que estava acontecendo. A série Spartacus já havia emulado embates grandiosos como os dessa semana, mas infelizmente o Starz nunca teve a grana da HBO para torná-los tão embasbacantes. O plano sequência que abre o choque entre os dois exércitos e as ferozes consequências dos golpes me pareceu algo saído diretamente de relatos históricos medievais. Um espetáculo dantesco onde corpos se amontoavam numa pilha humana arrasadora. A sequência me fez chorar por conta de tanta poesia visual.

Para não dizer que vou só elogiar o episódio, poderia passar um bom tempo escrevendo sobre o desperdício de mais um personagem na série, simbolizado pela morte de Rickon. Tudo bem que não havia espaço para desenvolverem outro Stark a essa altura do campeonato, só que quando a gente lembra das promessas de um grande futuro para o jovem lobo na contraparte literária, fica aquele gostinho amargo de quero mais. Perdemos Osha, um lobo gigante e Rickon só para alimentar o nosso ódio por Ramsay. Algo um pouco inútil, já que nos últimos anos ganhamos ações o suficiente para justificar a torcida pela morte do bastardo Bolton.

No fim, toda o corte de personagens foi compensado pela vingança dos lobos e pela retomada do seu lar. O estandarte do homem esfolado dando lugar ao dos Stark aqueceu meu coração tão quanto os socos desferidos contra Ramsay por um furioso Jon Snow. No entanto, quando eu pensei que tudo tinha acabado, me vem Sansa nos dar mais uma prova de que se tornou uma das personagens mais ricas e queridas de Game of Thrones. Direitos humanos a parte, acredito que se eu tivesse sido uma das vítimas das torturas de Ramsay o faria sofrer mais um pouco antes da sentença final. O que, claro, não diminuiu nenhum pouco o poético e visceral desfecho do episódio. Que sorriso recompensador, não?


Quando falei de Meereen nessa temporada procurei destacar o que estava de errado com o núcleo mais inócuo da série, porém confesso que nunca cheguei a arranhar a superfície dos maiores problemas de roteiros apresentados pelas tramas de lá. Como todo aficionado por textos dramáticos, eu amo preparações que desembocam em catarses megalomaníacas, só que não dava para aguentar mais do mesmo lenga lenga das três últimas temporadas. Afinal, toda vez que o assunto era a necessidade autoindulgente que Daenerys tem de se afirmar como a mãe suprema dos desamparados, dava para prever até mesmo os discursos que pipocariam na tela.

Felizmente, a sequência genuína que aparentemente encerra essa fase da moça conseguiu compensar, pelo menos para mim, o arrastar do núcleo de Meereen. Juntos, o voo mortal dos três filhos de Dany, o ultimato dado por Tyrion aos senhores de escravos e o encontro com os irmãos Greyjoy são daqueles momentos catárticos que fizeram falta no sexto ano, mas que de uma forma injusta - em termos de condução dramática - despontaram quando a série começou a ser desacreditada. Game of Thrones sempre pôde mais e nunca me decepcionou como agora, portanto daqui para frente serei exigente com cada derrapada dela.

Se a Season Finale que promete ser explosiva me emocionar como as duas últimas - The Children e Mother's Mercy estão no meu Top 10 de melhores episódios da série -, vou seguir para o sétimo ano fielmente. Eu ainda confio no show que pavimentou a estrada para a fantasia adulta na TV. Game of Thrones continuará sendo mais do que aparenta ser. E olha que ela já é muito!

P.S.: Como comentário adicional eu só posso acrescentar o quanto eu já shippei a relação Daenerys/Yara! Imaginem as possibilidades.

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