[Review] American Horror Story: Freak Show 4x11/12 - Magical Thinking/Show Stoppers
Convergência dramática.
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Convergência dramática.
Quando American Horror Story iniciou seu
primeiro conto temático em Murder House,
muito do apelo experimental carregado pelo formato antológico impedia que as
histórias de Ryan Murphy e seus
companheiros primassem pela coerência narrativa. Felizmente, a gordura
característica da preferência pelo espetáculo que segue de perto as produções
de titia Ryan foi praticamente limada
como um todo em Asylum. Claro, não
demorou muito para termos um penoso efeito rebote com Coven, mas quem conseguiu cortar excessos uma vez, consegue outra
facilmente.
Freak
Show é, sem sombra de dúvidas, a irmã mais sisuda de Asylum e justo por ser conduzida com tanta seriedade – um show de
horrores na mente do público deveria abrir espaço para despirocagem que
ironicamente foi criticada na terceira temporada –, vem sofrendo duras (e
injustas) críticas por se mostrar mais real.
Magical Thinking, por exemplo, traz no texto da sempre
excelente Jennifer Salt a liberdade
autoral das retas finais de American
Horror Story, porém mais uma vez é a sobriedade com a qual o horror vai
sendo conduzido que reforça a individualidade do quarto ano. Jimmy foi mesmo
mutilado por Stanley; a visita de Maggie e Desiree ao Museu de Morbidades teve
reais consequências e as gêmeas definitivamente seguiram em frente com Dot aceitando
quem ela é. Os fios condutores da trama central se bifurcam e tornam a
enroscar-se sem nunca contradizer o que foi visto anteriormente. Logo, é
verdadeiramente comovente ver Eve e Dell firmarem uma trégua para salvar Jimmy,
assim como assistir Elsa tomando a vez de carrasco ao selar o destino do homem
forte em resposta à morte de Ma Petite.
Nisto, abrir um bem-vindo espaço para chegada do personagem Chester Creb
(Neil Patrick Harris) e sua
companheira de pano Marjorie (Jamie
Brewer, roubando a cena como sempre) acaba sendo o exagero mais bem
colocado da história da série – e olha que já tivemos a cabeça tagarela de Kathy Bates. Confesso que, com um tempo
a mais, Chester e Marjorie poderiam sim ter se tornado relevantes para a
história, mas nada do que foi mostrado me desagradou. O fator Jamie Brewer falou mais alto na hora de
julgar as sequências que traziam o antigo soldado, ou mágico, ou ventríloquo
surtando pelo show de horrores e eu encarei as participações como algo genuinamente
especial.
Quando eu falei sobre o primeiro episódio de Freak Show, não pude deixar de comentar a maior inspiração dos showrunners da série: o clássico Freaks de Tod Browning. Foi assim, que eu também me arrepiei com a homenagem
espetacular presente na cold open de Show Stoppers. A retaliação dos freaks num jantar preparado para dar
boas-vindas à Chester e agradecer Stanley é desde já uma das sequências mais
emblemáticas da trajetória de American
Horror Story. O que mais me impressionou, no entanto, é que a sede de
vingança deles se estendeu na mesma direção do desfecho do filme, mudando justo
com a ironia presente na fuga de Elsa (possibilitada por Bette e Dot).
A penúltima hora da temporada também escolheu um comovente e necessário
jogo de rimas ao trazer uma segunda ponta do artesão, vivido por Danny Huston, como o único e verdadeiro
amor de Elsa. Massimo Dolcefino chegou para ajudar Jimmy, e arrisco dizer que
mesmo com pouco tempo de tela a relação dele com a fraülein convenceu mais do que o amor bandido vivido pelo Bárbaro e
Fiona numa das piores tramas de Coven.
O retorno definitivo de Dandy foi outro ponto alto do episódio, e se
pensarmos que o macabro número de mágica protagonizado por Chester e Maggie
teve o dedo do psicopata, os convergentes desfechos vistos são mais uma prova
de que toda a história de Freak Show
foi mapeada para nos conduzir ao terror definitivo que o personagem mais
assustador da antologia está prestes a desencadear. Com um conto onde as
imperfeições da carne encontram redenção num simbólico “obrigado” pela correção da alma, Ryan Murphy conseguiu assombrar e comover na medida certa... Não é
surpresa, então, que se espere muito de uma season
finale que já se agiganta como uma promessa de amor ao horror.
P.S.: Pois é, terminei querendo mais de
Marjorie na série. Jamie Brewer no
elenco fixo da quinta temporada já!
P.S.2: As referências e conexões com Asylum não pararam. Teve de uma pequena
menção a O Sinal da Cruz – o filme
favorito da Sister Jude –, até a participação do jovem Dr. Hans Gruper no
atentado de Elsa.
P.S.3: Não, Maggie não minha gente. R.I.P.