[Review] Boardwalk Empire S03E07/08/09 - Sunday Best/The Pony/The Milkmaid's Lot
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S03E07 -
Sunday Best
Tudo em família. É páscoa em Boardwalk Empire e
o episódio dessa semana foi bem diferente do que a série costuma apresentar.
Dividindo o enfoque em quatro núcleos, vimos a relação de cada um desses
personagens com a data festiva, além de um certo tom de humanização para aqueles
que levam o nome de monstro desde sua entrada na história. Sim, estamos falando
de Gyp e Gillian. Por mais que no final do episódio eles tenham voltado a serem
as assustadoras personas de costume, o que marcou mesmo foi a
tristeza nos seus olhares em determinadas cenas. Mas vamos à divisão.
A páscoa da
família Thompson foi uma das mais significativas. Fiquei grato por conhecermos
mais da vida de Eli e, sinceramente, não sei o porquê de nunca terem dado
espaço a sua esposa June. A mulher é a simpatia em pessoa e fez uma dobradinha excelente
com Margaret. Essa que tirou todo o peso das costas e resolveu aproveitar e
abrir espaço para que seus filhos não se percam no mundo que vivem. Levar Teddy
e Emily para um ambiente menos pesado rendeu uma leveza nunca vista na série. Gostei muito de tudo o que vi.
O perdão
também esteve presente. E a cena de Eli com o Nucky na garagem foi verdadeira e
necessária. Eu até achava que a traição de Jimmy foi a dor máxima para Nucky,
mas depois que June falou do quanto ele se esforçou para garantir um ambiente
familiar para o passado do Eli, fica mais do que claro que todo o ódio visto
ultimamente vem da dor que ele ainda sente por ter sido apunhalado pelo irmão
mais novo. O telefonema final selou o que era esperado, e agora Nucky vai ter
um verdadeiro chefe para comandar os seus negócios, afinal, Mickey não passa de
um fanfarrão.
O tom
diferenciado continuou na páscoa de Richard Harrow. Para garantir que Gillian
ficasse sozinha em casa, o atirador levou Tommy para passar o feriado na casa
de Julia e seu pai. Já disse aqui que desde o aperto de mão que a moça deu em
Harrow, eu passei a torcer por algo mais entre eles e é quase certo que isso
aconteça, afinal, ela é despida de preconceitos e já passou por muito para
manter a sanidade do seu pai. A cada fala de Tommy você tem vontade de apertar
o garoto com um abraço, é engraçado ver que a pureza de um julgamento infantil
pode trazer sentimentos pouco vistos no seriado.
A cena no
quarto do irmão de Julia foi intensa e até cliché, mas serviu para juntar ela
com Harrow num passeio cheio de verdades, onde cada um soube mais um pouco
sobre suas vidas. Alguns podem até torcer o nariz, dizendo que inserir
personagens novos numa trama que já transborda de coadjuvantes é mais do que um
tiro no pé. Eu discordo, pois nessa temporada (tirando a Billie que continua
uma chata) todos os personagens novos estão ganhando um tratamento excelente e
melhor, despertando nossa simpatia com poucas cenas.
Uma páscoa
sombria. Todo aquele clima sexual na casa da Gillian foi mais tenso do que
propriamente erótico. Não sei como eu não pensei antes que o sósia do Jimmy era
apenas mais um corpo para que Gillian conseguisse provar a morte do filho e
assim ter acesso à herança do Comodoro. Foi meio Calígula aquela
cena da banheira, mas ainda mais hipnotizante. Agora com um corpo, a mulher
parece finalmente ter aceitado que seu filho não mais existe, se bem que eu
nunca sei quando ela está sendo sincera ou não.
E Gyp?
Hilárias as cenas com a família dele, nunca imaginei que o italiano baixaria a
cabeça para alguém, mas em casa é sua mãe e irmãs que mandam. Se o intuito foi
humanizar, funcionou bem, ainda mais depois da cena da igreja que novamente
culmina com uma explosão de violência que já estamos acostumados. Foi no acordo
com Joe Masseria que Gyp mostra ainda estar disposto a vingar a humilhação
em Tabor Heights, com parte da máfia italiana de Nova York ao
seu dispor. Nucky deve mesmo tomar cuidado a partir de agora.
The Pony é um
daqueles episódios únicos que assim como Georgia Peaches, repete
com maestria a cadência do texto de Terence Winter, mas supera seu
predecessor por ganhar o preciosismo técnico da direção de Tim
Van Patten. Não surtiria efeito algum as informações ditas anteriormente sem o sensacional elenco da série. Se numa hora como essa conseguimos sentir um
leve apego por um personagem antipático como Billie Kent, podemos aplaudir de
pé o restante dos núcleos que compõem a trama, pois tudo estava amarrado e por que
não dizer deslumbrante.
Todos tiveram espaço, de Gillian a Van Alden, e o que vimos foi um
verdadeiro show de atuações que justifica o reconhecimento que a produção vem
tendo nesses últimos anos. Falando na femme fatale mais querida, podemos
dizer que Gillian vem mostrando todo o seu potencial. Quando me lembro da lança
enfiada nas costas do Comodoro temporada passada, não me espanto ao perceber do
que ela é capaz por vingança e dinheiro. A cena com Nucky foi intensa, mas
finalmente a morte de Jimmy foi colocada em pratos limpos, depois de tudo que
foi dito pelo gângster, só uma parceria oficial entre Gyp e ela seria capaz de
fazer Nucky engolir as ameaças e vimos no que deu.
Margaret e Owen continuaram com
sua relação e talvez essas tenham sido as cenas mais “fracas” do episódio. O
que não tira o brilho das discussões levantadas sobre a situação da mulher
naquela época. Pedir por proteção ao próprio médico era uma questão de vergonha
e assim como a senhora que induziu o aborto, pois não aguentava mais ter de
servir apenas como parideira, Margaret sentiu medo de perder tudo o que
conseguiu até agora se engravidasse de Owen. São situações um tanto quanto
distintas, mas que evidenciam a posição delas na sociedade, totalmente cabível
na história da série.
Outro ponto animador foi a já
visível transição que vai acontecer no império de John Torrio. Ele nunca tratou
Al Capone com tanto respeito, admirou todas as decisões tomadas por ele e nem
se alterou quando o esquentado gângster contou do destino de Joe Miller. Às
vezes as metáforas levantadas, como a história de Pompéia,
caem como uma luva para explicar a situação, e toda a cobrança de O’Banion em
cima de Torrio foi passada para Al. Ele que cuida dos assuntos econômicos
agora. A cena final entre Torrio e Capone foi sutil e serviu como um prelúdio
do vindouro império do crime que será erguido pelo italiano mais novo.
Quem diria que um dia veríamos
Van Alden responsável por parte da produção clandestina de uísque em Nova
York? Continuo feliz com tudo o que foi reservado para o personagem nessa
temporada, uma evolução condizente com o que ele já passou e sem nenhuma
regressão. Van Alden criminoso é melhor que Van Alden fanático e cheio de
mimimi. Destaque para o momento Um dia de Fúria, vibrei e fiquei
com um sorrisão estampado no rosto. Bem merecido para aqueles idiotas... a cara
de medo de todos eles foi impagável. O olhar insano de Michael
Shannon é
mesmo assombroso. Fica aqui outro ponto a ressaltar: a nova esposa de Van Alden
é um amor e sempre tem as melhores saídas e dicas a oferecer.
Nucky Thompson ardiloso e
genial. A conversa com Andrew Mellon rendeu todos os frutos vermelhos que ele
queria. Harry Daugherty, George Remus e Jess Smith não são mais ameaça e de
quebra Nucky ganhou outra destilaria novinha. Tem como não aplaudir de pé este
senhor? Ele também dividiu momentos intensos com Billie e pela primeira vez eu
passei a me importar mais com ela. A história sobre o seu pai, o sonho de se
superar e a vontade de que um dia Nucky a reconhecesse como mulher oficial vai
ficar para outros tempos, infelizmente.
Se assim como eu você também achava que nada nessa temporada superaria o atentado a Gyp, era porque ainda não tínhamos noção do que estava planejado para esse desfecho? A explosão do Babette’s Supper Club foi surreal e toda a construção da sequência foi marcante. Guerra é guerra e a baixa dessa vez foi o novo amor de Nucky. Pobre Billie que não terá mais chances nos palcos ou mesmo nos cinemas. O que fica agora é aquele momento em que Boardwalk Empire desce numa ladeira de acontecimentos surpreendentes. Então é pegar uma dose de uísque, ou melhor, de aquavita para assistir.
Se assim como eu você também achava que nada nessa temporada superaria o atentado a Gyp, era porque ainda não tínhamos noção do que estava planejado para esse desfecho? A explosão do Babette’s Supper Club foi surreal e toda a construção da sequência foi marcante. Guerra é guerra e a baixa dessa vez foi o novo amor de Nucky. Pobre Billie que não terá mais chances nos palcos ou mesmo nos cinemas. O que fica agora é aquele momento em que Boardwalk Empire desce numa ladeira de acontecimentos surpreendentes. Então é pegar uma dose de uísque, ou melhor, de aquavita para assistir.
S03E09 - The Milkmaid's Lot
Sozinho na
tempestade. Que bela temporada Boardwalk Empire vem fazendo, com tramas bem colocadas, personagens com uma
construção mais consistente e, de quebra, o deleite visual que já estamos
acostumados. Porém esse episódio desponta como um dos mais lentos e, portanto,
menos empolgante até aqui. Por funcionar como uma típica hora preparatória para
o desfecho da temporada, vimos as linhas de frente da “guerra” entre Gyp e
Nucky se desenharem com mais precisão, para felicidade de um e, claro, para o
desespero do outro.
Que cenas
sensacionais foram as protagonizadas por Nucky. O “imperador” de Atlantic
City passou todo o episódio sob o efeito da concussão
que sofreu depois da explosão do Babette’s. Foram diversos momentos marcantes, as tiradas que ele dava em Eddie, a
constante troca de nomes e os ataques de insanidade, conferiram certa
expectativa em cada cena que ele aparecia. Como deu para perceber, o principal
impacto foi a morte de Billie, e a cada lembrança da atriz sendo consumida pelo
fogo, Nucky mudava de postura ficando difícil prever como ele conseguiria
formular um plano para responder novamente ao ataque de Gyp.
Margaret foi outra
que esteve bem. A relação dela com Owen é sólida, e já disse uma vez que desde
o momento que largaram de mão aquela tensão sexual boba e partiram para o
enlace propriamente dito, os dois caíram no meu gosto. Ela sabe que a situação
de Nucky nunca esteve tão crítica e teme mais do que nunca pela segurança dos filhos.
Margaret ainda sente algo por Nucky e gosta do sobrenome Thompson, afinal foi o
nome quem lhe deu o poder para manter suas próprias lutas. Fugir com Owen será
sua última cartada, nesse momento tenho quase certeza de que ela vai escolher
ficar ao lado do marido.
As histórias de
Richard Harrow sempre fogem da trama principal, mas confesso que nunca vou
reclamar. O personagem é muito bom e acompanharia fácil um spin-off dele (assim como do Al Capone). Vê-lo começando uma relação com
Julia foi bonito e o beijo, de uma fofura sem igual. Meu desejo é o de que ele
leve Tommy para longe da influência de Gillian. A degradação que o garoto vem
sofrendo é visível, mas ele enxerga em Harrow uma figura paterna e por enquanto
não é tarde para se evitar que Tommy ganhe o mesmo destino de Jimmy. Pelo que
vimos talvez algo do tipo possa acontecer, por enquanto ficaremos especulando.
O maddog voltou a Tabor Hights e agora ele vai
estabelecer mais do que um simples acampamento. Apadrinhado por Masseria, Gyp
tem um verdadeiro exército ao seu dispor e com pouca persuasão e mais ação, ele
toma a cidade em pouco tempo. Ninguém vai tentar ir de encontro às suas ideias,
e seu comando vai respirar loucura. É só tomarmos como referência a cena final
em que ele pega o chapéu do fundador da cidade e sai andando com aquele olhar
insano.
Quando Nucky aceita o
fim de Billie, é Margaret quem o apoia e pede para que ele encare seus antigos
sócios ou parceiros de cabeça erguida. Sugerindo uma última empreitada para
evitar a ascensão de Masseria e Gyp, Nucky recebe um sonoro “não” mascarado por
condolências e um falso “boa sorte”. Sem ninguém para lhe apoiar e com um
verdadeiro batalhão esperando na soleira de sua porta, ele tem de encontrar um
último refúgio ou saída. Qual? Eu não faço a mínima ideia.
P.S.: Começamos a ver a repercussão do acordo com Andrew Mellon e a cena
me fez rir.