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Crítica | Capitão Fantástico


Existem filmes que passam pelas nossas vidas, nos entretém por algumas horas e depois esquecemos. Outros, pelo contrário, ficam na memória pela experiência ruim que causaram. Mas há aqueles que conseguem nos encantar e nos fazer pensar, gerar empatia, querer ver de novo, esses são os nossos favoritos e cada um tem os seus. Capitão Fantástico é um desses filmes. Com um roteiro escrito com cuidado por Matt Ross (mais conhecido como ator de American Horror Story Silicon Valley), que também assina a direção, temos aqui um excelente drama familiar, com pitadas de road movie, que vai conseguir prender seu público durante seus 120 minutos de duração.

Capitão Fantástico conta a história de Ben (Viggo Mortensen, de Na Estrada e Trilogia O Senhor dos Anéis), pai de seis filhos criados por ele e por sua esposa no meio da floresta, longe da civilização. Lá, as crianças aprendem a sobreviver no mato, mas também a criar pensamento crítico, desenvolver seus próprios argumentos e explorar sua criatividade. A vida isolada muda quando a mãe das crianças falece e eles decidem ir ao seu funeral. A partir daí inicia-se um choque entre o que as crianças estão acostumadas a viver e o que a sociedade tem a oferecer.

A construção da relação entre pai e filhos é tão bem desenvolvida que os conflitos surgem naturalmente, tornando prazerosa a experiência de assistir cada cena deste filme. Ben é um pai rigoroso que exige muito de seus filhos, mas ao mesmo tempo é amoroso e proporciona o que acredita ser uma vida de verdade para eles. Quando o "mundo real" entra em cena e os filhos passam a percebê-lo, vemos como o conflito de gerações é inevitável, independentemente da forma como você cria seus filhos.

O diretor Matt Ross não economiza nos grandes planos gerais para mostrar a bela paisagem do deserto americano, o que não é nenhum problema, pois aliado à uma trilha sonora envolvente, isso nos coloca dentro do clima dessa família atípica. Cada um dos filhos tem uma personalidade diferente e uma forma particular de lidar com as situações que vão surgindo, e Ben os trata com uma honestidade rara de se ver na relação entre pais e filhos. O roteiro acerta ao questionar o próprio protagonista e a criação de seus filhos, permitindo ao público fazer a mesma crítica e opinar se concorda ou não com o que vê na tela.

No final das contas, Capitão Fantástico é sobre amor e união em família. A aversão de Ben à sociedade consumista e capitalista torna essa história mais interessante (opa, interessante é uma palavra proibida, veja o filme e entenderá o porquê) ou, em minhas próprias palavras, mais original, instigando o público a entender o que se passa, os motivos de Ben em ser o que é. E é difícil não criar empatia com esse paizão, que já entra no Hall dos pais mais legais do cinema.

Capitão Fantástico é o tipo de filme que faz falta hoje em dia: simples, honesto e com uma sinceridade tremenda, apresenta uma lição de amor que devemos carregar conosco. Uma experiência cinematográfica singular para todos que apreciam uma boa história. Viggo Mortensen foi indicado ao Bafta pelo seu papel e já tem minha torcida por uma indicação ao Oscar. Mas o reconhecimento mais importante já deve vir do público, que vai se deixar cativar por Ben, seus filhos e essa bela história. Nota máxima!

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