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[Fora de Cena] A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça

Cuidado com a cabeça!


Cuidado com a cabeça!

Falar de Tim Burton para mim é meio que uma honra. Meu primeiro contato com o cinema de forma crítica foi quando decidi analisar – mesmo que levianamente – a forma e o estilo do diretor. Eu sei que muita gente não vê realizadores autorais com bons olhos, mas há de se convir que construir universos e personagens cercados por uma mitologia comum não é um trabalho fácil. Antes mesmo de conhecer a arte dos mestres Vincent Price e Béla Lugosi, foi no horror gótico representado por A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça que encontrei uma das minhas maiores paixões: a paleta neogótica de Timothy Walter Burton.

Recontando um dos contos assombrados mais clássicos dos EUA, a história de Ichabod Crane (Johnny Depp naquela dobradinha esperta com o diretor) e sua chegada ao maldito condado de Sleepy Hollow é imaginada por Tim num dos filmes de gênero indispensáveis da década de 1990. Toda a lenda do hessiano que é traído e amaldiçoado nos bosques de uma enevoada vila vitoriana toma forma em litros e litros de sangue quando a busca violenta pelas cabeças dos moradores do local tem início. Existe a conspiração, existe a bruxaria e existe uma predileção pelo cinema old school que homenageia todos os ídolos do diretor (inclusive o saudoso Christopher Lee numa ponta divertidíssima).

No entanto, o maior trunfo de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça é mesmo a atmosfera captada por Tim Burton. Desde a fotografia de Emmanuel Lubezki até a trilha de Danny Elfman, o que se vê é um casamento perfeito entre a forma e o estilo que eu citei anteriormente. Vale dizer também que a liberdade oferecida pela Paramount resultou na classificação R, representada pelo gore, sexo e twists extremos que foi de encontro à maioria dos filmes de terror da época, aqueles atolados em slashers adolescentes, sem graça. O sucesso foi estrondoso e mesmo ousando ao limitar a idade dos espectadores, a bilheteria não decepcionou: custando acanhados 70 milhões, 200 milhões estavam nos cofres do estúdio ao fim do circuito mundial.

No seu mundo, Tim Burton sempre consegue transpor o fantástico véu entre o real e o imaginário, pois cada uma das peças esculpidas por suas câmeras nunca são meros artifícios estilísticos. A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça me fez enxergar isto. Depois do título, assistir uma fantasia de horror nunca mais foi a mesma coisa. Depois dessas imagens, ser devoto do mestre Tim foi a melhor das escolhas.



O Burtonverse numa de suas maiores representações
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