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[Fora de Cena] Scarface


Para tornar-se um clássico, não deve bastar apenas o burburinho em volta de determinado título, mas sim um maravilhoso conjunto que sirva como referência por décadas à frente do seu tempo. Assim, se  agregarmos uma história que de tão insana chega a impressionar por seus detalhes e um elenco que esteja no mínimo em chamas por tantas interpretações marcantes e que servem de exemplo até os dias atuais, teremos o que não soma nem a metade do que Scarface significou para a geração de sua época e para todas aquelas que viriam pela frente.

O longa 1983 é um remake do Scarface de 1932, e conta a história de Tony Montana (Al Pacino), um cubano que consegue refúgio nos EUA por conta da difícil política repreendedora de Fidel Castro. Na chegada à Miami, Tony, acompanhado do seu amigo Omar Suarez (F. Murray Abraham), já comete seu primeiro homicídio em uma quadra destinada aos refugiados enquanto aguardam autorização para permanência no país. Já com sua estadia regularizada e fazendo bicos para conseguir sobreviver, Tony começa a envolver-se com bandidos e praticar seus primeiros trabalhos ilegais no mundo das drogas.

Um filme do escopo de Scarface traz para sua posteridade a difícil tarefa de ter que impressionar uma expectativa que pode ser tudo, menos baixa. O elenco, que conta com nomes como os dos jovens Al Pacino e Michelle Pfeiffer, é de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Scarface, em seus longos e irretocáveis 170 minutos, não precisa de muito para fazer com que nos demos conta de que é sim algo grandioso. Em um início frenético, somos inseridos na vida de um fascinante anti-herói cubano da década de 80 que, num interrogatório insano, tenta convencer não só à polícia, mas aos espectadores, sobre o tão desejado sonho americano de um refugiado. E esta é só a primeira das cenas icônicas do longa, que não tem medo de inovar e desafiar a sua época.

E se é sobre cenas icônicas que falamos, é a direção de Brian De Palma que se sobressalta; unida à interpretação inebriante de Al Pacino num dos papéis de sua vida e ao roteiro invejável de Oliver Stone, é fácil ter orgulho do desenvolvimento do protagonista, que patina entre altos e baixos nos prendendo a respiração a cada nova empreitada. No final das contas, ainda que tenhamos visto todo o lado perverso e desumano do problemático Tony Montana, tudo nos leva a torcer para o cubano até o último minuto sem pensar duas vezes. Além de Tony, são vários os personagens que se entrelaçam em sua história, fazendo de cada nova aparição um evento que influencia diretamente na vida do protagonista. Nada é por acaso. Drogas, sexo, traição, ganância, violência e sérios problemas familiares são recorrentes. Não há mocinhos e nem vilões, Scarface pode ser "definida" num emaranhado de histórias que se cruzam de forma desordenada, onde tudo pode acontecer. E acontece. Mesmo.

Junto a muitos de seus contemporâneos, Scarface não decepciona ao tentar e conseguir inserir uma nova definição de cinema para sua época. Sem espaço para desdobramentos fúteis, o longa abusa de referências e discussões sobre a profundidade e sujeira das relações humanas em suas piores fases, sendo nada menos que uma grande obra para ver e rever sempre que sentirmos a necessidade de degustar do melhor que a sétima arte tem a nos oferecer.
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