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[Review] The Leftovers 1x10 - The Prodigal Son Returns (Season Finale)


Por Yuri Costa

Não sei bem o que dizer deste último episódio de The Leftovers. Certamente, é bastante informação – e emoção – para processar. Uma odisseia emocional chegou ao fim com um belíssimo e bem desferido soco no estômago; entretanto, o que me preocupa é a ideia do fim em si: fui só eu que, ao final do episódio, senti que The Leftovers caminharia para uma proposta antológica e se renovaria a cada temporada?

Por enquanto, vamos focar no episódio em si. The Prodigal Son Returns não apenas fez jus aos episódios anteriores, nem apenas à temporada: o Finale pega as expectativas que seus espectadores confiaram à série ao longo destes dez episódios e as esmaga. Ninguém poderia estar preparado para a pressão deste episódio sobre seus personagens e também sobre nós. Mesmo que não tenha sido superior a The Garveys At Their Best, The Prodigal Son Returns chega perto de se igualar, e The Leftovers consegue, mais uma vez, entregar uma hora cheia de dores e angústias – algumas insuportavelmente densas, de arrancar o fôlego e o coração do peito.

O ritmo lento não foi, em momento algum, um problema neste episódio. Todas as cenas estavam tão carregadas de um conteúdo emocional tão sufocante que se tornou impossível desviar os olhos; cenas como a abertura, embalada por "Ne Me Quitte Pas", a leitura de Kevin da Bíblia e o momento em que Nora descobre uma surpresa em sua cozinha vão me assombrar até a próxima temporada, quando novas cenas passarão a me assombrar ainda mais. Além disso, a calmaria da primeira metade não enganava ninguém: os minutos finais foram uma sinfonia de caos dilacerante. É difícil de descrever o que eu senti – o que todos nós sentimos – naqueles momentos, exuberantemente orquestrados. The Leftovers, afinal, conseguiu: deixou uma marca de dor em seus espectadores que os mesmos se orgulharão de carregar como uma cicatriz. A beleza emocional de The Leftovers encanta e destrói. É uma série maravilhosa, enfim.

Devemos muito disso à direção confiante de Mimi Leder, que, em sua terceira vez à frente de uma hora de The Leftovers, entrega seu melhor trabalho; não houve um lapso, uma cena sequer que falhasse em entregar a emoção pretendida. O roteiro, assinado por Damon Lindelof e Tom Perrota também esteve absolutamente perfeito. Em termos técnicos e emocionais, não há sequer uma falha – ao menos, nenhuma significante – em The Prodigal Son Returns.

Mas voltemos agora à minha preocupação: será que The Leftovers irá enveredar pelo caminho de True Detective e se tornar uma antologia? Pergunto isto pois, ao final do episódio, senti fortemente que, mesmo com uma alarmante falta de respostas, os plots haviam se fechado definitivamente. Por um lado, isto pode ser interessante por permitir uma análise de vários tipos de personagens e seus respectivos lutos. Além disso, algumas tramas, como o mistério dos cachorros, pode passar como mera metáfora, o que funcionaria; outras, como a veracidade dos poderes de Wayne, poderia ficar em aberto para conferir certo tom de ambiguidade, o que também adicionaria bom tom à série; mas tramas como as de Dean, ou a loucura de Kevin, ou o significado da revista ou mesmo das mensagens misteriosas de seu pai não teriam motivo para permanecerem sem resposta. Isto seria uma falha não do episódio, mas da elaboração da temporada. Seria no mínimo decepcionante criar expectativas em torno de vários mistérios, cada vez mais empolgantes, apenas para vê-los terminar em nada.

The Leftovers me surpreendeu, mais uma vez, mas também me deixou confuso. O que devo pensar sobre a série agora? Não sei, mas, em se tratando puramente de The Prodigal Son Returns, tivemos uma belíssima e devastadora hora. Estou ansioso pela próxima temporada – e também por alguma explicação por parte da HBO. Pessoalmente, não gostaria de ver The Leftovers se tornando uma antologia, pois, apesar de tudo ter tido um bom final, vários personagens ainda podem ser mais explorados. E, se a segunda temporada for mesmo se renovar, que não esqueçam das tramas em aberto. Os mistérios podem muito bem continuar em contextos diferentes, uma vez que o arrebatamento aconteceu a nível global. Bem, não quero debater sobre isto, não agora; quero apenas constatar o quão maravilhosa The Leftovers se tornou, e quanto potencial ainda resta para as próximas temporadas.

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