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[Review] The Leftovers 1x05 - Gladys

Gladys se encontra no tema em que a série toda deveria se encontrar: o luto.


Gladys se encontra no tema em que a série toda deveria se encontrar: o luto.

Chegamos à metade da temporada de The Leftovers e não nego que ainda estou receoso com o tempo que a série desperdiça com tramas paralelas e ideias mal desenvolvidas, mas vamos dar o braço a torcer: Gladys foi um magnífico episódio e um dos poucos a realmente chamar atenção até agora. Um capítulo cheio de crises, Gladys conseguiu entregar alguns bons socos no estômago, e, enfim, conseguiu nos fazer ligar para alguns dos protagonistas.

Pode parecer repetitivo falar novamente sobre foco nesta série, mas é sempre bom enaltecer quando The Leftovers decide se organizar e dar a seus plots a plena atenção que merecem, e é em parte por isso que Gladys conseguiu ser tão marcante. O drama pareceu, enfim, real - coisa que até então só acontecera completamente em Two Boats and a Helicopter, fora alguns poucos momentos dos episódios anteriores. Finalmente, eu me senti mergulhado na trama de novo, com o estômago e o peito revirados por conta da força de determinadas cenas, como a hipnótica abertura, que, mesmo simples em direção e conceito, conseguiu aterrorizar pelo seu realismo.

Daí para frente tivemos vários momentos a serem aplaudidos. Todas as cenas com os Remanescentes - tanto na cidade, com Meg, quanto as que envolviam a "folga" de Laurie - foram absolutamente assombrosas em seu ideal de mostrar a força e o fardo deste grupo, em especial nos últimos cinco minutos do episódio. O delegado Kevin continua sendo um elo fraco no elenco principal, faltando carisma e consistência à sua personalidade, mas, ainda assim, Kevin teve alguns bons momentos. Gostei especialmente de ver um trabalho sutil em mostrar como ele se sente perturbado pela presença de mulheres mais jovens, uma provável lembrança de sua traição misturado com, talvez, um pouco de desejo.

Os erros deste episódio ficam por conta de alguns equívocos conceituais e alguns exageros, como a conclusão da cena na lanchonete, que, além de sofrer de montagem ruim, pareceu sentimentalmente caricata, ou do ataque de pânico de Laurie, que tornou-se brega por conta de uma direção ruim, ou ainda da revolta de Kevin, mais uma prova do quão difícil e inconsistente é este personagem. Mas mesmo estes são limitados e podem ser contados nos dedos. Além disso, novamente, tivemos pouco avanço nos mistérios da trama principal, apesar de que, desta vez, isto não foi tão incômodo. A impressão que dá é que The Leftovers funcionaria muito melhor como uma série da Netflix, em que uma temporada inteira é lançada de uma vez e é possível ver todos os episódios rapidamente. Assim, talvez, a sensação de que estamos sendo enrolados seria menor.

Melancólico, estarrecedor, emocionalmente impactante e até mesmo chocante, Gladys foi um dos mais belos episódios da série, e conseguiu renovar meu interesse em The Leftovers, apesar de que agora já não estou mais tão encantado. Se todo episódio for como este, não me importarei de ser enrolado, não quando todo o drama parecer tão sensível e humano.

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