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[Review] Masters of Sex 1x06 - Brave New World

The Brave New World of Virginia Johnson .


The Brave New World of Virginia Johnson.

Chegou o fatídico momento em que o lado pessoal se cruza inevitavelmente com a ciência, e ele não poderia ter tirado mais o nosso fôlego. A propaganda do famoso estudo sobre sexo do dr. Masters já ultrapassa os muros e conversas, e tem ido parar em rodinhas das donas de casa mais refinadas da cidade. Em um estudo que tem tudo para ser marginalizado, a vontade e curiosidade da maioria das mulheres tem sido a força motriz para a coleta de dados, e vem dando certo.

Ainda sobre a curiosidade, destaco aqui um dos maiores momentos deste episódio: a entrevista da sra. Scully para Masters e Virginia. Trinta anos de um casamento exemplar, regado a admiração externa e a uma total mentira. Já havíamos descoberto a verdade sobre o reitor Scully, mas o que dizer sobre o sofrimento velado de sua esposa? Mesmo há tanto tempo ao lado de seu marido, Margaret é incapaz de saber o que é sentir um orgasmo, e foi impossível não se emocionar com todo o significado da sequência. Toda a inocência e tristeza ao se dar conta do tempo perdido foi de cortar o coração, e para Allison Janney, toda a minha admiração por uma interpretação tão pesada e verdadeira de algo tão estigmatizado ainda nos dias atuais. Scully fecha os olhos para quem realmente é, e se preocupa único e exclusivamente em manter uma imagem intacta de sua família, já que seus desejos - por assim dizer - podem ser realizados da maneira que ele bem entender e na hora que ele bem achar melhor. À Margaret, no entanto, sobrou a sombra de um relacionamento mantido sob uma grande farsa.

E por falar em farsa, esta também é a palavra que define o casamento de Bill e Libby. Após a perda da criança e o choro inconsolável de William ao final do episódio passado, uma viagem a sós por uma semana até Miami me deixou a leve impressão de que as coisas poderiam melhorar para os dois. Mas foi só impressão mesmo. Libby bem que tentou se reaproximar do marido, tentando de tudo para que ele a percebesse, de fato, como mulher e esposa. Em vão. A mente de Masters estava a quilômetros dali, próximo a uma Virginia cada vez mais sedenta em conseguir bons dados e resultados para a pesquisa.  Além do mais, a evolução de Libby como mulher muitas vezes dá lugar ao retrocesso, e quando eu acho que ela finalmente dará um basta a esse casamento, ela apenas arranja uma forma de "consertar" as coisas. Já Virginia desbravou um novo caminho neste episódio e conseguiu, mesmo longe de Masters, se consolidar como uma peça-chave para a pesquisa. Confrontar ninguém menos que a filha de Freud sobre a pesquisa de seu pai foi algo corajoso e inusitado, mas não há como esperar menos, se tratando de Virginia. Mesmo como uma mulher sem títulos, a agora assistente de Bill possui ainda mais credibilidade no que faz, tanto do seu chefe quanto dos pacientes, e tem sido mesmo tratada como uma verdadeira especialista no assunto, embora nem todos vejam justiça nessa situação.

A função da dra. DePaul ainda era um tanto quanto obscura na série, mas após Brave New World, o caminho parece ter clareado um pouco mais. A médica não se conforma com o fato de que sua área seja tão comandada por homens, além do mais, a obstetra não consegue o mínimo de apoio suficiente para ao menos dar início às suas pesquisas, sem o menor reconhecimento. Ouvir uma paciente chamar Virginia de "doutora", então, foi uma ferida das grandes em seu ego. Como alguém poderia chamar uma secretária por algo que DePaul passou anos para conseguir? Ainda que Virginia tenha desenvolvido um excelente trabalho quanto ao estudo sobre sexo, a insinuação sobre a preferência "afetiva" de Masters quanto a sua assistente não passou despercebida às críticas da dra. DePaul. E não podemos dizer que ela está completamente errada - apenas - neste ponto, embora o preconceito tenha sido a verdadeira fonte de insinuação neste caso. Há muito viemos percebendo uma chama diferente que brilha para ambos os lados, o de Bill e o de Virginia, chama essa que sim, vai além da ciência.

William Masters deixou a esposa sozinha em Miami - so-zi-nha - e voltou para casa por causa da pesquisa. E para quem ele faz sua primeira ligação? Está cada vez mais difícil esconder o que ele vem sentindo, embora o esforço seja grande. Virginia também parece ter escancarado de vez. Ela - como bem levantou o questionamento há alguns episódios - sabe que o desempenho sexual de alguém pode ser interferido positivamente se houver afeto envolvido. E logo com quem ela decidiu testar uma nova forma de chegar ao orgasmo? William Masters. Este é o ponto onde, sem dúvida, as coisas começarão a mudar. Ansiosos?

P.S.1: Margaret Scully agora já atende ao pré-requisito da pesquisa! Vai lá, boba, arrasa no estudo!

P.S.2: Achei, por um momento, que os velhinhos iriam convidar Libby para um threesome - e ela aceitaria. Me enganei. Ufa!

P.S.3: "Todas as teorias de Freud têm seus limites."

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