[Review] American Horror Story: Coven 3x04 - Fearful Pranks Ensue
" Who's the Baddest Witch in Town? ".
http://siteloggado.blogspot.com/2013/11/review-american-horror-story-3x04.html
Já é clássico esperar anualmente pelo episódio de Halloween cheio de viradas e cenas emblemáticas que American Horror Story costuma trazer. E se não temos James Wong tomando posse do roteiro que homenageia o Dia das Bruxas com um tom mais clássico, cabe a também excelente Jennifer Salt (responsável por pérolas como Nor'easter em Asylum) entregar um conto que amarra aos poucos a trama sobre a substituição da Suprema – trazendo o bizarríssimo Conselho de Bruxaria para tal –, além de colocar um ponto final na trégua entre as descendentes de Salem e a poderosa Marie Laveau, dando start numa guerra mágica que, a julgar pela ferocidade de suas líderes, não deve deixar pedra sobre pedra em New Orleans.
Estou definitivamente orgulhoso
do tratamento que a série vem dando aos mitos envolvendo magia negra. Marie
Laveau e os seus rituais voodoo já
protagonizaram diversas sequências incríveis em apenas quatro episódios de Coven, mas, sem dúvida alguma, a
invocação do exército de mortos-vivos na vingativa cold open, de 1961, foi a
mais impressionante de todas elas. Em plena New Orleans que tenta se adaptar às
conquistas conseguidas com o Movimento
dos Direitos Civis, um garoto negro, filho de uma das empregadas de Laveau
no Cornrow City, é brutalmente assassinado. Tomada pela raiva, a feiticeira usa
da prática mais assustadora e conhecida do voodoo:
o controle necromântico. Os produtores de AHS
atentaram para os mínimos detalhes da cena, trazendo a figura da cobra – a
serpente voodoo Zombi, representando a entidade Iwa
Damballah Wedo –, que muitos alegam ter sido o animal de estimação de Marie
Laveau no passado, e mostrando um despertar zumbi digno de sua origem
cinematográfica nos clássicos de George
A. Romero. Foi para qualquer fã de horror ir ao delírio.
No presente, a trágica noite na
Academia deixou Fiona em maus lençóis. Queenie foi mesmo estuprada pelo
Minotauro, mas o amante de Laveau não durou segundos diante do ódio da Suprema.
Eu não achei necessário mostrar Fiona decapitando o monstro, pois a gente sabe
que ela é poderosa o suficiente para isto, basta olhar a classe com que a bruxa
sopra vida de volta pra Queenie, ou mesmo a orgulhosa bronca que ela dá em
Cordelia ao descobrir que a filha foi pedir ajuda a sua rival. Quanto a
Madison, o seu assassinato resultou na mesma coisa que o desaparecimento de
Anna Leigh causou: uma visita surpresa do Conselho. O mais interessante de tudo
isto é que o inquérito foi convocado por Nan e seu incômodo ao não mais ouvir
Madison em sua cabeça. Daí, meus caros, reforço que tenho quase certeza de que
nossa bruxinha clarividente é sim a nova Suprema.
Sobre o Conselho, ele não poderia
ser mais icônico. Temos Frances Conroy retornando
como Myrtle Snow, Quentin, um bruxo gay vivido pelo Leslie Jordan (não entendi bem esse lance de homens poderem ser
descendentes de Salem, mas dá pra comprar a liberdade), e uma senhora sem
carisma, como bem aponta o próprio Quentin, chamada Pembroke. O destaque vai
para os dois primeiros, mas com uma ênfase maior em Myrtle, afinal, quem não
ama ver Frances Conroy brilhar em
cena discutindo com Jessica Lange? Eu
não fui muito fã da montagem do interrogatório, mas foi nele que descobrimos
mais sobre o amor platônico de Spalding por Fiona – só uma repetição do papel
que o Denis O'Hare já tinha feito na Murder House – e claro, a confirmação
final de que Madison não era a nova Suprema. Muitos vão dizer que o lance da
saúde anula a possibilidade da Nan ser a substituta de Fiona, porém eu já
adianto: Síndrome de Down não é doença.
A temática do Halloween esteve
presente numa ideia sensacional. Monstros andam livre neste dia, então ter um
Kyle fugido, ou uma horda de zumbis caminhando por aí, não causariam estranheza
nenhuma. Antes disto, Hank, o marido mala da Cordelia (ou Cornelia segundo um
amigo meu), também usou da data comemorativa para mostrar seu verdadeiro eu. Na
divertida conversa de bar que Cordelia tem com a mãe no fim do episódio, Fiona
diz o porquê de nunca ter gostado de Hank. Eu fiquei curioso com a história
dele, e mais ainda com o que isto pode trazer agora que o misterioso atentado
que Cordelia sofreu, deve colocar sogra e genro juntos.
LaLaurie anda quieta e eu me
peguei com um sentimento estranho durante o episódio, não consigo odiar a
tirana. Adorei ela falando das antigas tradições de Halloween para Fiona, o
obrigado dito à Queenie também foi verdadeiro e senti pena de verdade quando
ela atende a porta e dá de cara com os corpos sem alma das três filhas. Era de
se esperar que, numa vingança pessoal, Marie Laveau fosse ainda mais brutal na
escolha do seu exército do que foi no passado. Acho também que foi ela a
responsável pelo ataque contra Cordelia, ou quem sabe a própria Myrtle querendo
tacar mais lenha na fogueira para provar que Fiona é uma Suprema incompetente.
Coven começou a colocar na mesa um
intricado jogo de interesses, que vai dando corpo a sua trama, cada vez menos
alegórica e mais disposta a deixar uma marca definitiva no antológico dever que
carrega: o de ir além do que tramas fantásticas geralmente vão.
P.S.: Sem muitos comentários para Spalding e sua coleção de
bonecas, que agora tem a própria Madison como item de luxo.
P.S.2: Daí mataram a Lily
Rabe no primeiro episódio, mas ela voltou logo. O problema é que me vem a Alexandra Breckenridge e ela morre
rapidinho também. Tem que ver isto aí viu Ryan
Murphy?
P.S.3: Música tema da Marie Laveau é "Sugarland" do Papa Mali.
Sensacional, sim ou claro?