[Resenha] O Chamado do Cuco
O texto a seguir não contem spoilers.
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O texto a seguir não contem
spoilers.
Não há quem não demonstrou
surpresa ao ouvir falar de O Chamado do Cuco e os mistérios que envolveram seu
lançamento. Eu não estava preparado a para a notícia de que J.K. Rowling tinha
lançado um novo livro que estava circulando pelas livrarias de todo o
mundo há meses, e que eu nem sequer tinha ouvido falar nele. Lançar o livro sob o pseudônimo de Robert Galbraith, mesmo possivelmente não sendo uma estratégia de marketing, funcionou. Pois mesmo sendo um fracasso de vendas, foi um sucesso de críticas, provando o quanto a sua escrita poderia ser reconhecida mesmo sem ser famosa. Quando o livro foi
finalmente lançado no Brasil eu não perdi tempo, comprei na pré-venda e devorei
o livro em apenas dois dias. E que dois dias: foram 48 horas de uma das
melhores experiências literárias que eu já experimentei.
Cormoran Strike é um homem cheio
de problemas. Ex-membro do exército, e com uma perna amputada, recebe
telefonemas do senhorio todos os dias, contas não param de chegar e sua única
cliente não consegue sustentar seu negócio. O seu trabalho é célebre, de
detetive particular, mas sua clientela mingua a cada dia que passa. Tudo
parecia perdido, até que duas coisas acontecem na sua vida: A “Temporarily
Solutions” manda uma nova secretária temporária, Robin, e John Bristow lhe
oferece um novo caso, que muda sua carreira.
O caso é sobre a misteriosa morte
de Lula Laundry, uma modelo famosa internacionalmente, que caiu de sua cobertura
na região mais cara da Europa. A polícia
e a imprensa acreditaram ser o caso de um suicídio de uma menina perturbada pelas
drogas e infância difícil, e o caso se deu por aí. A história começa quando John Bristow, irmão
da modelo, pede para que Cormoran investigue novamente o caso, pois acredita
que sua irmã foi assassinada. Em resumo ignorante, o livro gira em torno da
vida glamorosa da alta sociedade de Londres, cheio de endereços exclusivos,
mansões de mármore e vestidos de 5000 libras.
O desenvolvimento dos personagens
é algo que J.K. fez de forma primorosa no seu primeiro romance policial, aniquilando
as críticas que diziam que ela só sabia escrever sobre um assunto somente. A
interação entre Robin e Cormoran é realmente divertida de se ler, ainda mais
quando a secretária começa a assumir um papel de protagonista da história junto
com o detetive. Essa não foi minha primeira experiência com livros policias, e
por mais clichê que seja citar Sherlock Holmes em uma resenha sobre esse estilo
literário, eu lembrei muito dele na hora de analisar Strike. Conforme a
narrativa andava, o leitor simplesmente não consegue deixar o livro de lado, é
sempre “mais cinco minutinhos” ou “deixa só eu terminar esse capítulo”, quando na
verdade cada página é uma nova peça no quebra cabeça.
Não darei spoilers, mas o final
é de matar. As 100 páginas finais são assustadoramente emocionais e
reveladoras, um misto de clímax e raiva porque já vai acabar e sabe-se lá
quando veremos Strike de volta a ativa. A questão determinante é que ele não é
nem de longe um personagem enigmático quanto Holmes, ou tem problemas psicológicos
como vários tantos por aí. Ele é normal, com seus problemas sociais e amorosos,
mas bem, gente da gente.
P.S.: O por quê de O Chamado do Cuco ter este título. ainda não consegui descobrir, comentem se vocês souberem de algo!
P.S. 2: Eu realmente gostaria que as pessoas parassem de pensar que toda ve que a J.K. lança algo novo, aquilo tem que mudar os rumos da literatura. Isso só acontece uma vez na vida de uma pessoa. Todos sabemos que Robert Galbraith é a rainha, e se vocês me perguntarem se vale a pena ler esse novo livro, eu digo com todas as letras que SIM.