[Review] American Horror Story: Coven 3x01 - Bitchcraft
Horror de luxo.
http://siteloggado.blogspot.com/2013/10/review-american-horror-story-coven-3x01.html
Horror de luxo.
Bruxas devem ser
as criaturas mais presentes no imaginário cultural por todo o mundo. Elas já
assombraram a infância de muita gente (O
Mágico de Oz), já conquistaram um lugar no coração de várias gerações (Harry Potter), nos fizeram rir por
vários anos (Bewitched), e continuam
a fascinar e incomodar por estarem sempre envoltas num véu de mistérios
sedutor. Não nego para ninguém que atualmente, American Horror Story é minha série favorita, afinal ela trouxe
para um dos gêneros que mais amo uma carga de originalidade, ausente tanto na
TV quanto nos cinemas. Quando Coven,
o novo seguimento antológico da série foi anunciado pelas pistas em Asylum, como um resgate glamuroso,
sombrio e bem humorado (entenda-se por humor, o estilo sempre irônico de Ryan Murphy) do poder feminino, ficou
mais do que explícito que seriam as bruxas o tema do terceiro ano. Sendo assim
meus caros, já adianto que essa première de Coven faz bonito ao trazer na peculiar noção de sobrenatural que
os roteiristas já mostraram anteriormente, uma alegoria espetacular para os
mistérios do sexo feminino, movida única e exclusivamente por um elenco de
mulheres dispostas a nos entregar não menos do que um espetáculo visual e
visceral.
O cold open que abre Coven
nos leva para uma New Orleans de 1834, onde a figura histórica de Delphine
LaLaurie (Kathy Bates deixando sua Annie Wilkes orgulhosa), dita o tom
grotesco que os produtores sempre trazem para série, ao criar uma
impressionante sequência que assusta justo por não ser ficção. A temática da
juventude (que move uma das personagens principais mais na frente) é levantada
logo aqui, ao mostrar o tratamento de beleza nada auspicioso a que LaLaurie se
submete: uma pomada de pâncreas humano, preparada no cru pelas suas filhas. A
marca registrada de AHS é criar esses
planos sensoriais, e o diretor Alfonso
Gomez-Rejon já virou mestre nisto. É impossível não ter o estômago
revirado, quando a câmera vai mostrando os horrores do sótão de LaLaurie, ou
segurar o arrepio na marcha do garotinho levando a cabeça de boi para coroar o
novo “experimento” da maluca. Mas diferente do que se poderia esperar depois de
um começo tão arrebatador, o resto do episódio opta por um clima bem mais leve
(ou Pop, em minha opinião) ao estabelecer o que na verdade é um Coven.
A origem das bruxas segundo a
série, remonta de Salem, lugar de onde elas escaparam depois dos julgamentos
também históricos, sem nenhum arranhão. Quem serve de fio condutor para
pegarmos a trama é a jovem Zoe Benson (Taissa
Farmiga), que descobre da pior forma possível sua condição genética, ao
matar o namorado na cama durante a primeira vez. Uma das coisas mais geniais em
AHS é essa intimidade que já criamos
com o elenco, sempre retornando num papel completamente diferente. Assim, ver Frances Conroy, bizarríssima na cena em
que Zoe é mandada para a escola especial de bruxas em New Orleans, diverte pelo
apelo saudosista. Lá na escola, por exemplo, a sensação se repete no momento em
que Sarah Paulson, se apresenta como
a diretora Cordelia Foxx. Mesmo assim, as novas atrizes não são ofuscadas pelas
nossas antigas conhecidas. As companheiras de Zoe, na Academia para Garotas
Especiais da Senhora Robichaux, são mais um ganho. Madison (Emma Roberts), como a estrela de cinema
telecinética e Queenie (Gabourey Sidibe),
uma boneca voodoo humana são simplesmente sensacionais. Quem também volta lá da
Murder House, junto de Taissa Farmiga, é a sempre fofa Jamie Brewer, como a jovem clarividente
Nan, o que fecha de forma espetacular essa versão torta que mais parece o Instituto Xavier dos X-Men.
Jessica Lange é a alma de AHS,
então, o que esperar de um papel escrito único e exclusivamente para ela?! Um
show, mas é claro. Lange chega a Coven como Fiona Goode, a bruxa suprema
do clã, o que é um deleite. Fiona é a bruxa mais clássica de todas, ela busca a
beleza eterna (apesar de poder ter tudo aos seus pés), suga a juventude de
desavenças por vingança, não perde tempo em diminuir todos ao seu redor e, mesmo
assim, é apaixonante. Ryan Murphy e Brad Falchuk, devem se divertir horrores
ao escrever para atriz, porque sinceramente eu não imagino outra pessoa que
não ela dizendo frases como “Não me faça
demolir uma casa sobre você” com tamanha classe.
Reunindo magistralmente todos os
seus personagens em New Orleans, a segunda metade da première dá espaço para
começar a desenvolver sua trama. O retorno de Fiona para escola dirigida pela
filha (no melhor e mais doloroso diálogo do episódio); a festa desastrosa em
que Zoe e Madison se metem, com direito a primeira aparição do galã Evan Peters como Kyle (repetindo a
química indiscutível que ele tem com Taissa
Farmiga); a apresentação de Fiona às suas alunas (a piadinha com Hogwarts não poderia ser mais bem vinda)
e, claro, o ponto chave que casa o enredo de Coven, com os personagens que Murphy
e Falchuk trouxeram da realidade, Delphine LaLaurie e a sacerdotisa voodoo Marie
Laveau (ligadas intimamente pela questão da juventude eterna). Ainda é cedo
para falar sobre o que esperar da temporada, mas desde já podemos eleger Bitchcraft como o prólogo mais
emblemático de AHS. Eu já caí no
feitiço, e vocês?
P.S.: Temporada das mulheres sim! O mordomo Spalding (Denis O'Hare) nem fala e Kyle já partiu
dessa pra melhor.
P.S.2: Sobre as mortes, mais alguém dúvida de que elas não são
definitivas? O poder do ressurgimento da jovem Misty Day (Lily Rabe não se mata em première, viu Ryan Murphy?) não deve ser só provocação.
P.S.3: Que trilha sonora sensacional! As músicas estão tocando no
player até agora.
P.S.4: Piadinha escrota, mas aí vai. Zoe, a bruxinha Pussycopata! Ryan Murphy é gênio na zueira.