[First Look] Atlantis 1x01 - The Earth Bull (Pilot)

Um guilty pleasure para chamar de seu.

É difícil achar quem não seja fascinado por mitologia grega, ou mesmo quem nunca tenha ouvido sobre um dos mitos da civilização (in my opinion) mais inventiva e rica do passado. Como o canal britânico BBC One não é bobo e já provou sucesso com a sua investida mais rentável na fantasia ao produzir Merlin, nada como garantir um substituto a altura para a série do jovem mago e patrocinar algo novo do mesmo gênero e com os mesmos criadores. Sai Camelot, a távola redonda, Morgana e vem Atlantis (ou Atlântida para nós brasileiros), aqui abrigando as mais variadas figuras mitológicas que, se bem me lembro, nunca estiveram por lá. Essa liberdade ou para ser sincero, honestidade, dá credibilidade ao piloto, que carregado de sequências de ação toscas e pastelônicas, surpreende justo por não se levar a sério.

A trama conta a história de Jason, um jovem em busca do pai que desapareceu/morreu num acidente de submarino em circunstâncias um tanto quanto misteriosas. Partindo numa jornada também para encontrar os destroços do acidente, o rapaz acaba atravessando um portal que o leva para a cidade de Atlantis, em todo o seu apogeu na Grécia Antiga. Não demora muito para Jason se meter em confusão num lugar que não faz nenhum sentido para ele. Logo, ao praticamente destruir a feira da cidade fugindo de um lagarto de duas cabeças, Jason passa a ser perseguido pelos guardas do rei Minos. Surgem então habilidades que nem ele sabia que tinha, como agilidade e reflexos sobre-humanos, que garantem uma fuga divertida pelas ruas do lugar e o primeiro encontro com o jovem Pythagoras, sim aquele mesmo do teorema e que mais tarde ouve uma piadinha de Jason sobre o quanto ele tornou a vida das crianças do futuro num tédio.

O que mais empolga no episódio é a divertida química entre o trio Jason, Pythagoras e Hercules (vivido pelo Mark Addy, ou melhor, o Rei Robert de Game of Thrones). Em poucos minutos o roteiro coloca Jason sob uma antiga profecia de um oráculo do deus Poseidon, e traz o Rei Minos e o labirinto do Minotauro para segurar a primeira aventura do protagonista. Ariadne e a linha mágica também estão lá e sou suspeito em falar, mas essa casadinha com intrigas palacianas, mágica e humor funcionou de uma forma bem legal.

Claro que o chroma-key porco nas principais cenas diminui o impacto das mesmas, porém eu já esperava isto. Tirando as audiências no palácio e o fatídico encontro com o Minotauro, tudo estava bem palatável por assim dizer. O design de produção também tem o apuro das minisséries épicas da Rede Record, então não esperem nível HBO, pois o negócio está mais para Chapolin. Sobre os atores, o desempenho da maioria é bem satisfatório (com destaque para o trio mencionado), mas se os vilões forem mesmo àqueles monarcas, corre o risco da série enjoar logo. 

Dosando bem as surpresas e os mistérios levantados (alguém mais acha que Jason pode ser filho de Poseidon?), Atlantis é sim a pedida ideal para os órfãos de Merlin, mas também pode ser a sua série se você não liga para tosqueiras e pretende se divertir sem compromisso com uma nova visão de personagens conhecidos das histórias do colégio sobre a Grécia, num conto de fantasia, bem-humorado e que não vai desapontar os menos exigentes. Vale uma conferida.