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[Crítica] Homem de Ferro 3


Embora não seja um grande conhecedor dos quadrinhos que deram origem ao Homem de Ferro - e nem precisaria ser - sou um grande fã da participação do herói no Cinema, e por isto a expectativa para este Homem de Ferro 3 era grande, e ainda aumentou com o material de divulgação que o marketing do filme vinha lançando, especialmente seus trailers, que sugeria finalmente um vilão grandioso para esta franquia, o Mandarim, e um clima muito mais intrigante do que nos dois primeiros.

A saída de Jon Favreau para entrada de Shane Black na direção pouco representou para mim, já que seu único trabalho na direção ocorreu com Beijos e Tiros, que ainda não vi, e acredito que a presença de Robert Downey Jr. em ambos os filmes exerce grande influência para sua escolha, mas a condução do roteiro - que também credita Black - não passa por grandes mudanças por conta de seu diretor, já que se inicia contando um pouco mais de Tony Stark (Robert Downey Jr.) em seu passado, quando em um hotel na Suíça é abordado por um de seus admiradores com uma proposta aparentemente sem grandes proporções. Este será o futuro Dr. Aldrich Killian (Guy Pearce), mas treze anos após o encontro ocasional, Killian volta a procurar Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) com uma nova proposta, esperando que desta vez a nova presidente das indústrias Stark a aceitará, diferentemente do antigo responsável, mas recebe uma nova recusa.

Inicialmente sem gerar maiores desenvolvimentos desta trama, agora a principal ameaça apresentada será o Mandarim, que já inicia sua jornada causando uma grande destruição à mansão Stark e seu dono, no momento fazendo testes em suas diversas novas armaduras desenvolvidas. E embora foque-se inicialmente justamente neste embate entre o Iron Man e Mandarim, o texto acaba por inserir justamente o já citado desenvolvimento da trama de Aldrich Killian, que se tornará o verdadeiro vilão do longa, ao sequestrar Pepper e roubar a armadura do Patriota de Ferro (Don Cheadle), e este último personagem só nos é apresentado neste terceiro filme, já que Cheadle até então só vivia James Rhodes, e é interessante como o roteiro sabe sutilmente utilizar a apresentação do personagem para criticar o nacionalismo americano que influenciaria muito caso a existência de heróis realmente fosse real. Uma pena que o Patriota acaba sendo esquecido durante todo o segundo ato. Mas voltando à sua trama, todo este plano de Killian conta com uma causa por trás na qual prefiro não me aprofundar mais, mas posso dizer que Guy Pearce consegue construir um personagem como grande ameaça, especialmente a Tony Stark, numa interpretação intencional e essencialmente canastra, seguindo o estilo de seu vilão.

Mas se você também sentiu a falta de Mandarim, o vilão que atribuía a força principal em toda a divulgação de Homem de Ferro 3 e que causava grandes expectativas nos fãs, foi justamente pelo fato de ele ter sofrido um categórico desperdício de personagem e casting, no caso, o ótimo Ben Kingsley, e tornar o imponente vilão apresentável como um alívio cômico que é somente o personagem ameaçador que Killian criou para representá-lo, numa aparição que se resume a uma participação especial e com um Kingsley que parece estar muito confortável no papel. E não entendo se isto pode ter sido interpretado por alguém como uma grande genialidade do roteiro ao quebrar as expectativas do espectador, o que também ocorreu com o próprio clima prometido para o longa, como sua seriedade que deixa de se aprofundar muito, ou realmente, como em minha opinião, uma péssima utilização de um personagem que muito mais poderia render.

E enquanto os já citados Mandarim e Patriota de Ferro foram muito mal utilizados, foi seu protagonista, Tony Stark, quem desde o primeiro filme vinha se tornando um personagem cada vez mais excelente, e  agora passou por um maior aprofundamento dramático, já que aqui o egocêntrico personagem não se recupera de sua crise desde os eventos d'Os Vingadores, por diversas vezes citados no filme, que o tiram o sono, e vê-lo por mais tempo como Stark do que como Homem de Ferro é um fator fundamental para esta evolução, demonstrando alguém que cada vez mais teme voltar a pele do herói, mas não deixa de ter seus momentos bem-humorados que se tornaram sua característica em mais uma excelente interpretação de Downey Jr.. Quem também cresceu nesta terceira parte foi Pepper Potts, que ganha ares heroicos e até a interpretação de Gwyneth Paltrow consegue me convencer.

O principal problema de Homem de Ferro 3 talvez seja ser apenas divertido em seu segundo ato, em que deixa de aproveitar todo o seu potencial, especialmente em torno de seus problemas com os personagens, e ainda prefere não fugir muito de seu campo de conforto, e deixa de desenvolver suas tramas de uma forma mais inteligente e menos previsível, como no caso da relação do herói com o garoto. Mas é notável que, mesmo com este, o filme não consiga perder o ritmo ou se tornar cansativo, mesmo com sua montagem que me pareceu bastante estranha na mudança de cenas, volta a crescer em seu terceiro ato, quando acerta ao inserir um embate grandioso - muito bem filmado, inclusive - e logo após este aposta no nível fã do seu público, com um discurso de seu protagonista que pode significar tanto a continuidade da jornada solo deste herói quanto seu encerramento, embora seja triste pensar que este encerramento possa realmente acontecer, por pensar que o Homem de Ferro e - principalmente - Tony Stark, tem muito mais a desenvolver do que esta terceira parte que acabou ficando um pouco aquém de tudo o que era esperado e prometido.

Somente para não deixar passar, senti falta da marcante presença do AC/DC na trilha sonora, e deixo registrado que há uma impagável cena pós-créditos para coroar o bom-humor deste herói.
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