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[Review] Hannibal 1x04/05 - Ceuf (Websérie)/Coquilles

Entre sociopatas e sobreviventes.


Entre sociopatas e sobreviventes.

Quando Will Graham aceitou ser a porcelana chinesa de Jack Crawford, ele achou que conseguiria se controlar ou mesmo manter a sanidade diante dos horrores que vem caçando no último mês. Porém, mais uma vez a Dra. Bloom se mostrou certa quando disse que este seria um caminho sem volta para o consultor.  Will não consegue ser evasivo ou superficial. O retrato dos crimes que ajuda a reconstruir fica impresso em sua memória como se fizesse parte da sua solitária realidade. A angústia que ele demonstrou no desesperado desabafo para Hannibal durante a websérie Ceuf explica um pouco dos doentios terrores noturnos que agora se refletem nos quadros de sonambulismo que notavelmente vai pondo sua saúde em risco.

Ainda sobre o episódio censurado pela NBC, vale dizer que fica claro o empenho do produtor Bryan Fuller em não deixar-nos sem a repercussão do caso da semana nos seus personagens, mesmo que não saibamos do que ele se tratou. Will parece ter sido o mais afetado num crime que aparentemente envolveu uma criança, porém Crawford fecha o “especial” abrindo as portas para conturbada relação com a esposa (Gina Torres, a eterna Anna Espinosa de Alias). A conexão entre Abigail Hobbs e Hannibal também foi foco de duas cenas, que só reforçaram o interesse do assassino na complexa relação que ela construiu com o pai, logo ele vai tentando atraí-la como único confidente e protetor da garota.

O caso do “Criador de Anjos” foi o mais bizarro até aqui e por isso mesmo ficou devendo uma explicação mais coerente. Se tivéssemos ficado apenas com a primeira suposição de Will, de que devido ao estágio terminal do psicopata o mesmo tinha medo de morrer só e passou a criar anjos para protegê-lo, tudo teria sido mais claro. Mas a partir do momento que a terceira vítima foi feita e descobriu-se que tanto ela quanto as outras duas eram criminosos, tudo soou fantástico demais. Hannibal até explicou que o tumor no cérebro do Criador mudou a sua percepção de realidade, porém se ele não tinha acesso a verdadeira identidade das pessoas que matou, só um lance sobrenatural explicaria a visão delas na forma de demônios. 

Quanto ao visual dos crimes, podemos dizer que ele estava arrebatador. Cada vez mais eu fico impressionado com a ousadia da série em não nos poupar com o macabro estilo dos seus monstros. Vale dizer também que a questão do câncer serviu de link para situação de Bella Crawford (outra ótima adição a história). Existem formas e formas de humanizar um personagem e colocar o compreensível egoísmo dela comparado ao empenho do marido em entender o que está destruindo o casamento deles, foi excelente. Ver Crawford vulnerável torna o súbito apego de Will ao chefe, outro ponto digno de nota, visto que ele empatiza ainda mais com pessoas que se sentem perdidas.

Não é surpresa Will se ver no modus operandi do Criador quando ele acha o seu corpo no celeiro. Já foram tantos demônios absorvidos e com a morte de Garret Jacob Hobbs, o peso sobre as escolhas dele só aumentam. Mesmo compelido a desistir ao perceber que seu novo estágio o consome mais e mais, Will sabe que é o único capaz de fazer ás vezes de “vigilante”, pois ele consegue ir além da linha que a própria Abigail está, estou falando do traço que separa sobreviventes dos mais cruéis sociopatas.

P.S.: Equipe forense do FBI continua divertidíssima, a dinâmica entre eles rende ótimas cenas.

P.S. 2: Menção ao Estripador de Chesapeake me deixou bem animado com o universo de referências a obra de Thomas Harris que a série vem criando.

P.S. 3: Até o final da temporada acho que dá para rolar um livro de receitas do Hannibal, né?

P.S. 4: Não sei se teremos a exibição do episódio Ceuf na íntegra, mas se ela acontecer eu faço alguns comentários em outra review.
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