[Review] Fringe S05E01 - Transilience Thought Unifier Model 11

Tudo o que os críticos disseram era verdade. Toda a espera dos fãs foi recompensada. Fringe retorna para sua última temporada com um dos episódios mais fortes de toda a série.

Digo isso acima de minha visão de fã, acima de todos esses quatro anos de devoção à série. Digo isso como cinéfilo, como seriador, como humano, se me permitem o drama, pois esses quarenta minutos me moveram e me emocionaram muito mais do que muitas séries de dez temporadas inteiras conseguem fazer. Digo isso baseado na profundidade de cada take, de cada cena, de cada linha de cada diálogo, de cada atuação, de cada momento. Como, por exemplo, a curta sequência em que Olivia é tirada do âmbar e é reapresentada para sua filha. "3 anos, 1 mês e 5 dias..."

Quantas séries, filmes etc. conseguem tocar tanto a tantas pessoas com coisas tão simples? Com o mero olhar atordoado trocado entre Peter e Olivia neste exato momento? Com o abraço de Olivia com sua filha? Com Markham, que ridículo!, apaixonado pela Olivia desde a primeira temporada! Ridículo? Não! Apaixonante! Algo tão impensável, e de certa forma tão cômico, que ainda assim nos remete àquele tempo do piloto, a quando tudo era uma simples divisão de investigação policial; quando Peter era apenas um nômade, Olivia era apenas uma mulher traída e Walter apenas um cientista maluco. Quando o mundo parecia claro como água, quando parecia que víamos bem através da série... Mas, agora, o tempo é diferente. Agora, o mundo é dominado por Observadores. E Peter teve que escolher entre Olivia e Etta. E perdeu as duas. Vinte e um anos, resumidos em lágrimas e arrependimento do lado de fora da base da resistência... enquanto um parceiro de Etta está morto. Este é o ano 2036.

Fringe abandonou sua antiga fórmula. Já não temos um tema central, uma investigação muitíssimo definida aqui. Desde o momento inicial, percebemos que algo mudou, mais até do que em Letters Of Transit. Talvez seja simplesmente a mudança da base em Boston para um apartamento abandonado em Nova York - talvez, tenha sido intencional, mostrar que tudo, até o mais simples dos detalhes, mudou. Mostrar tantos detalhes deste mundo distópico quanto for possível: os ciganos do âmbar, o mercado negro, os emissores de monóxido de carbono... E, claro, os momentos finais, em que Walter perambula pelas ruas e vê uma flor crescer num lugar completamente inóspito. "Nada cresce em terra queimada... não há esperança para você". O Observador estava errado. E uma frágil flor nos prova isso. Quem se lembra da tulipa branca? Ou da "Noite dos Objetos Desejáveis"? Dos brinquedos de Peter... O simbolismo e às referências à cultura popular (neste caso, principalmente a 1984) de Fringe ainda se faz presente. O coração da série e sua humanidade continuam vivos, a força continua em seus personagens, mesmo neste mundo triste e cinzento. Mesmo o Expurgo falhou em matar a esperança.

Foi dito, pouco antes da premiere, que Transilience Thought Unifier Model 11 era a primeira parte de um filme de 13 episódios. E é exatamente isto o que parece. Fringe entrou num território poucas vezes explorado na história da televisão. Fringe se tornou um épico humano, ainda mais inteligente e inovador do que já era. Os primeiros cinco minutos já nos mostram o que será da temporada: o perfeito estilo direcional, usando a câmera tremida mais do que somente um artifício "moderninho", indo além da carne dos personagens; os momentos em silêncio, enquanto a imagem varia da invasão de Observadores para uma reunião de família transformada em tragédia de forma não-linear; o desespero, o puro desespero. Fringe está de volta, senhoras e senhores, para sua desesperadora última temporada. Esta vai ser uma viagem e tanto... estamos nos maiores extremos que a série poderia nos levar. Estamos no fundo de tudo, e é aqui que queremos estar.

Nota final

9,5

OBS: A nota original que foi dada ao episódio foi 9, porém, depois de reconsiderar, foi dada a atual nota.