Cinema | Curta Cinema 2016 - Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro

No dia 3 de novembro, teve início no Rio de Janeiro o festival Curta Cinema. A noite de estreia aconteceu no tradicional cinema Odeon, na Cinelândia, onde, juntamente com o Centro Cultural Justiça Federal, Cinemaison e Oi Futuro Ipanema, os curtas serão exibidos. Além disso, também serão oferecidos um Cine Clube, laboratório de projetos, workshops e palestras que pretendem propor um diálogo sobre a política e as atuais circunstâncias sociais. Tudo de graça! Confira a programação completa no site curtacinema.com.br.

Durante quatro meses, os curadores do festival, Paulo Roberto Júnior e Gustavo Duarte, selecionaram 190 de um total de 4.000 curtas de 40 países. Eles concorrerão em diversas categorias englobadas pelos festival: a Competição Internacional e Nacional, o Panorama Carioca e o Panorama Latino-americano. Ficou claro no discurso dos curadores a importância de ressaltar os trabalhos feitos no Brasil, afinal ele faz parte da América Latina, mas demora para se mostrar nesse campo. As revelações de produções inéditas e independentes de brasileiros competentes é um feito importante do festival, cuja premiação influencia indicações para o Oscar.

Na noite de estreia, que contou com o apoio do Canal Brasil (que irá premiar um curta brasileiro com 15 mil reais), foram exibidos seis curtas, três brasileiros e três estrangeiros. Cada um excelente de maneira própria, o que torna o evento dinâmico e faz aumentar a vontade de ver o maior número possível de filmes. A seguir, você poderá ler um breve resumo dos seis curtas, deixando de lado qualquer dúvida sobre a qualidade do festival ou sobre a competência das produções. E se você correr ainda poderá assistir alguns, pois até o dia 9 de novembro o festival estará de portas abertas.

MeTube 2 - August Sings Carmina Burana

Áustria - Direção: Daniel Moshel

Este curta está disponível no YouTube, assim como seu antecessor, Metube - August Sings Carmen 'Habanera', de 2013. A ideia é fazer um flash mob de outro planeta, com elementos clássicos - a ópera - e psicodélicos. Não tente entender e buscar sentido, apenas divirta-se. Fato interessante é que mesmo o curta estando disponível online, foi exibido no cinema para ressaltar que a telona ainda tem a sua importância e deve ter sempre.

Tarikat

Holanda - Direção: Jasmijn Schrofer

Um poema visual da jornada de uma mulher até o esclarecimento através de um culto tradicional islã. Somos transportados para os pensamentos dela, enquanto sua imagem serena está sempre calada. Interessante deste curta é poder observar como se dá esse culto. As mulheres ficam separadas do homens e nada falam. Apenas eles cantam, eles são o centro da celebração. Mesmo assim, ela se sente em paz.

Ferroada

Brasil - Direção: Adriana Barbosa e Bruno Mello Castanho

Nesse devaneio temos o prazer de acompanhar as loucuras e ensinamentos de Tico, escritor paulista que também trabalhava como coveiro no Cemitério da Consolação. De forma singular e lírica, aprendemos que "a vida vale a pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena". Este curta veio para mostrar ao Brasil um de seus filhos mais ímpares, cuja festa acabou mais cedo.

Alfredinho

Brasil - Direção: Marcelo Santos, Venâncio Batalhone e Vitor Souza Lima

Emblemática figura, Alfredinho, dono do famoso bar Bip Bip em Copacabana, é homenageado neste curta. Seu jeito duro e sincero de falar é cativante, suas opiniões e visão de mundo, uma lição de vida. Faz qualquer um ter vontade de ir até o bar para conhecê-lo.

ExPerimetral

Brasil - Direção: Daniel Santos

Um curta simples que trata de um assunto muito importante: gestão pública. Com as imagens dos escombros do viaduto da Perimetral, no Rio de Janeiro, ouvimos o prefeito Eduardo Paes, em inglês, discorrer sobre o melhor trabalho do mundo - o seu - e mostrando que encara esses grandes desafios como oportunidades. Mas para quem?

West Empire (Império do Oeste)

França - Direção: Mathieu Le Lay

A sabedoria do real sentido da vida e do que realmente importa expressa em palavras simples de pessoas que escolheram morar em uma isolada comunidade no deserto. Prova de que não precisamos de muito para sermos felizes, tampouco para fazermos o bem.

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Vale muito a pena ir ao festival, pois fica claro, pela escolha dos curtas e pelas demais atividades que propõe, seu engajamento com as questões político-sociais que estão em voga atualmente. Além disso, é um evento que sabe dar valor à sétima arte, mostrando suas diversas faces e utilidades.

Esta postagem se encerra, dessa forma, com a frase dita pela diretora do curta Ferroada, Adriana Barbosa: "Fazemos filmes porque já não temos mais tempo de empinar quadrados de papel". A mágica agora acontece nas telas.