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Fora de Cena | Bananas


Conheça Fielding Mellish, uma pessoa comum, beirando a ordinariedade, que trabalha como testador de equipamentos diversos para uma grande empresa. Sua vida é de certa forma patética, bem do estilo jocoso que Woody Allen, diretor e protagonista do filme, gosta de fazer. Mellish se apaixona por uma ativista política chamada Nancy, que inicialmente corresponde o sentimento, para um tempo depois dispensá-lo com a justificativa de estar em busca de alguém com maior potencial de liderança e de que, além disso, faltava alguma coisa no relacionamento dos dois. Sim, meus caros, ela sutilmente o chamou de fracassado.

Para provar à sua amada que pode ser um líder e que se importa com as mesmas causas políticas que ela, Mellish faz uma viagem a San Marcos, uma cidade fictícia cujo maior produto de exportação são bananas. O local sofre nas garras de um ditador que acaba também por atentar contra a vida de Mellish, que é salvo pelos rebeldes. A partir daí, ele começa de fato a fazer parte da revolução que trará a cidade de volta para os tempos modernos e democráticos, aprendendo, do seu jeito desengonçado e extremamente hilário, a ser um rebelde como os outros. Se conseguiu ou não, fica a critério de quem assiste.


Fato é que os rebeldes assumem o governo, mas como sempre acontece quando homem e poder se encontram, o líder se mostra completamente autoritário e insano. Vale ressaltar que, o interessante do filme é perceber como Woody Allen articula esses pensamentos e como as cenas, aparentemente cômicas, constituem na verdade uma séria crítica. Por isso, o como acontece torna-se mais importante do que o que acontece em si.

Dessa forma, os demais só enxergam uma solução: tornar Mellish o seu presidente. E assim o fazem. Ele então volta aos EUA em busca de ajuda financeira e lá reencontra Nancy, que está perdidamente apaixonada por ele, ou melhor, pelo presidente libertador de San Marcos. Antes que os dois fiquem juntos, Mellish ainda terá que enfrentar alguns impasses, que nos rendem cenas bem articuladas e inesperadas em alguns momentos, fazendo com que nos perguntemos "de onde raios ele tirou isso?".

Este filme, de 1971, é um cômico retrato das ditaduras da América Latina e também uma crítica pesada às mesmas, já que deixa bem claro que o poder é capaz de corromper até aquele que aparentemente só tem boas intenções. Além disso, introduz a essa base, com o humor ácido, inteligente e diálogos simples, as relações interpessoais, que Woody Allen trata de forma tão excepcional.

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