Falando Sobre... | Amanda Knox

"Ou eu sou uma psicopata em pele de cordeiro ou eu sou você." 

O interessante dos documentários é que eles estão ali para contar uma história que possui vários pontos de vista e que não há como saber o que realmente aconteceu. Depois de fazer um maravilhoso trabalho com Making a Murderer, a Netflix entrega um apanhado de oito anos de acontecimentos que só foram se encerrar no final de 2015. Amanda Knox me atrai por inúmeros motivos, mas, principalmente, por ser um documentário de uma hora e meia, bastante condensado e direto.

Se você, assim como eu, não conhecia a história de Amanda Knox, esse é um ótimo documentário para assistir. Após ver o trailer, fui procurar o que tinha acontecido com Amanda e o desenrolar do caso diante do mundo inteiro. Foi fácil encontrar vários sites explicando o que ocorreu em Perugia, na Itália, e como a história se desenrolaria nos oito anos seguintes.

Lançado no último dia 30, o documentário traz com uma riqueza de detalhes impressionantes a história do assassinato de uma jovem na Itália e como a pressão da mídia, além da necessidade de um julgamento rápido, mudaram a vida de outros dois jovens. É fácil perceber que o o filme está fazendo um ótimo trabalho quando você se pega julgando os envolvidos, como a maioria das pessoas fizeram anos atrás, e isso está bem descrito durante toda a sua duração. A opinião pública e o foco midiático levaram o crime a um outro patamar. Foi um caso enorme e com uma urgência em achar o culpado, e isso acabou ganhando espaço nos jornais do mundo inteiro.

O ritmo e o modo no qual o documentário foi montado me agrada bastante, não há lacunas na história e nem momentos em que tudo parece arrastado. Os fatos são narrados em meio à entrevistas dos envolvidos, porém não há somente um narrador. Cada parte da história é contada pela pessoa diretamente envolvida ao fato, e esses depoimentos são misturados com a intenção de criar uma linha do tempo ampla e com o máximo de detalhes possíveis.

Quando o documentário chega ao fim é impossível não estar pensando em milhares de teorias sobre o que realmente pode ter acontecido e se o que ocorreu com os envolvidos no assassinato foi realmente justo. O depoimento final da mãe de Meredith Kercher é a cena mais forte de todo o documentário. Ali, você vê uma mãe que perdeu a filha e que depois de todos esses anos ainda não tem uma sensação de justiça sendo feita. Apesar das milhares reviravoltas durante todos os julgamentos, a família Kercher continua à deriva e tem que se agarrar à memória que possuíam da filha.

"As pessoas projetam seus medos. Querem a confirmação de que sabem quem são as pessoas ruins e que não são elas." - Amanda Knox