Crítica | Quando as Luzes se Apagam
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James Wan é um dos grandes nomes
do cinema de horror da atualidade. Um dos poucos cineastas do gênero a aliar
rigor artístico e sucesso comercial, entregando filmes como Jogos Mortais,
Sobrenatural, Invocação do Mal, entre outros. Como produtor, Wan fez sucesso fomentando
continuações e spin-offs dos filmes
que dirigiu, conseguindo grande bilheteria destes. É bem provável que
Quando as Luzes se Apagam faça sucesso, não que isso signifique que seja um bom
filme.
No longa, Rebecca (Teresa Palmer)
recebe do conselho tutelar a notícia de que Martin (Gabriel Bateman), seu meio-irmão
mais novo, anda dormindo em sala de aula. Isso acontece devido à visões que o
menino tem de uma entidade chamada Diana, que se manifesta em ambientes de
baixa luminosidade. Com o apoio de Bret (Alexander DiPersia), Rebecca tenta
despertar Sophie (Maria Bello), sua mãe, da letargia em que se encontra por
causa de suas crises mentais e da recente perda do marido, que foi brutalmente
assassinado por... Diana.
Quando as Luzes se Apagam é dirigido
por David F. Sandberg (inspirado em seu curta-metragem), e o cineasta conduz
bem na hora de apresentar os seus personagens (um homem é assassinado no início
da trama, depois somos apresentados à protagonista e logo após sabemos através
de fotos que o homem assassinado e a jovem fazem parte da mesma família). Conhecemos
os personagens e nos importamos com o que quer que venha a acontecer com eles.
Porém, da metade para o final, Sandberg tem problemas com o foco narrativo. O
cineasta fica tão concentrado em Rebecca e Martin que parece se esquecer de
Bret e Sophie, sem dar a estes últimos a complexidade e o tempo de tela que
poderia fazer deles personagens ainda mais interessantes.
Outro deslize, e talvez o mais “imperdoável”,
é no tocante a representação de Diana. Se por um lado Sandberg toma a decisão
correta de mostrar Diana escondida nas sombras sem evidenciá-la por completo, por outro sua representação não é perturbadora o suficiente para que a
achemos ameaçadora e temamos pelas vidas dos personagens. Tanto que acabamos
não nos assustando nos momentos programados para o expectador levar susto. Nem
a tentativa de criar uma atmosfera sombria é bem sucedida. Por mais que o
diretor de fotografia Marc Spicer tenha se esforçado para fazer o seu melhor,
posicionar os objetos nas sombras e deixar a casa na escuridão não é o
suficiente para estabelecer um clima soturno.
No tocante às atuações, o trio Teresa
Palmer, Gabriel Bateman e Alexander DiPersia realiza um trabalho correto com
seus personagens. Bom, mas sem nada de extraordinário. No entanto, o destaque
absoluto do filme é, sem sombra de dúvidas, Maria Bello. Uma das atrizes mais
subaproveitadas de Hollywood, que já provou seu talento em filmes como Marcas
da Violência, As Torres Gêmeas e Os Suspeitos, Bello constrói aqui uma
personagem profundamente afetada pela depressão e pelas crises mentais causadas
em grande parte por Diana. A cena em que conta para o filho a história de como
conheceu Diana e da ligação que existe entre as duas é provavelmente a melhor
cena do filme.
Sendo assim, Quando as Luzes se
Apagam é um filme esquecível, apenas mais um entre os vários exemplares do
gênero horror, cujo único aparente motivo para ser produzido é não só o mais
antigo, mas também o mais mesquinho de todos: fazer dinheiro e nada mais. E
quando o dinheiro fala mais alto, para que ambições artísticas, não é mesmo?