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Animaction | O Conto da Princesa Kaguya


Os mistérios do folclore japonês sutilmente encenados
pelo melhor da animação do Studio Ghibli.

A visibilidade dada a filmes estrangeiros no geral – mas não só estrangeiros, lembrando do que ocorreu com Selma – é muito pouca visto à qualidade de tais obras. Quando se trata ainda de animação isso é bem complicado. Filmes da DreamWorks conseguiram conquistar seu espaço, mas a Disney/Pixar com certeza ocupa o primeiro lugar nesse pódio. O que poucos notam é a presença das produções do Studio Ghibli, filmes diferenciados e que sempre recebem indicações, mas quase nunca são premiados – pelo menos não pela Academia. Acredito que já está na hora de questionarmos o motivo.

Vidas ao Vento foi o filme de despedida do grande mestre e fundador do Studio, Hayao Miyazaki, e concorreu ao Oscar 2014 de Melhor Animação – dentre outros prêmios. O Conto da Princesa Kaguya, produção mais recente do Studio, idealizado pelo co-criador Isao Takahata, concorreu em 2015 também ao Oscar de Melhor Animação. É consistente a presença de longas do Studio em premiações no mundo todo. Mesmo assim, aqui no Brasil são poucas as pessoas que conhecem esses filmes, o que é uma pena. Eles possuem uma abordagem mais madura, sem perder o encanto e a simplicidade. São verdadeiras obras de arte.


O Conto da Princesa Kaguya é a uma das maiores provas do que foi dito acima. Possui um traço diferente do usual adotado pelo Studio, mais singelo, como se tivesse sido pintado ou desenhado à mão. Através desse singelo conto somos apresentados a um humilde cortador de bambus, que um dia encontra uma pequena princesa dentro de um dos brotos de bambu e decide criá-la com a ajuda de sua mulher. A pequenina cresce como uma criança normal, vivendo feliz sua vida simples no campo. Até que um dia, ao descobrir ouro e finos quimonos dentro dos bambus, o homem decide que a menina deve de fato se tornar uma princesa e a leva para capital. O que será afinal essa vida de princesa? Será mesmo esse o propósito da vinda da jovem à Terra? Será esse o caminho para felicidade?

Esses são alguns questionamentos que surgem para nós ao longo da história. É importante lembrar que o filme se baseia em um dos contos mais antigos do Japão, que se chama O Cortador de Bambu, e que muitos acontecimentos e desdobramentos do enredo podem se dar de formas inusitadas para nós, ocidentais. O bom de assistir filmes assim é que somos capazes de ampliar horizontes e conhecer novas culturas, ao passo que podemos igualmente nos deleitar com uma animação de qualidade. O Conto da Princesa Kaguya, que começou a ser produzido em 2008 e foi lançado no Japão em 2013, estreou no Brasil somente em 2015. Vale a pena conferir.
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