Fica a Dica | HQ: X-Men - Deus Ama, o Homem Mata
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É impossível de negar que uma das melhores equipes da
Marvel é, e sempre foi, os X-Men. Com o seu novo filme perto de estrear, esse é
um ótimo momento para conhecer um pouco mais sobre as suas histórias. E apesar
de atualmente as suas revistas estarem muito boas, a Fica a Dica de hoje vai voltar um pouco no tempo e tratar sobre uma
Graphic Novel da década de 1980.
Desde suas primeiras histórias, os X-Men sempre foram uma
metáfora para falar sobre as minorias. Todo o ódio contra os mutantes (que é
tema importante nas HQs até hoje) era uma forma de retratar o preconceito, mais
especificamente o racismo, da sociedade. Claro, existe um atenuante: além de
serem diferentes e de serem minoria, eles também possuem poderes que vão
além dos humanos normais. Isso só serviu para aumentar a raiva contra eles, o
fator do medo sempre foi muito importante. E justamente esse medo foi uma das
características mais presentes nessa Graphic Novel de Chris Claremont.
A história mostra um ministro da igreja evangélica que
acredita que o homem foi criado à imagem de Deus e, portanto, qualquer um que
seja diferente é uma obra do demônio (eu falei que isso era atual, não
é?). William Stryker era um sargento do
exército que começou a odiar os mutantes quando sua esposa deu à luz uma
criança mutante (logo após eles sofrerem um acidente de carro). O rosto do bebê
não foi mostrado na história, mas sua mutação provavelmente tinha grandes
características físicas. Quando isso aconteceu, Stryker fez aquilo que, segundo
ele, é a vontade de Deus: ele matou seu filho e sua esposa e colocou fogo neles
e no carro acidentado para fazer parecer um acidente.
Agora, anos depois, ele comanda um grupo de assassinos, cuja única missão é matar mutantes. Logo nas primeiras páginas vemos esse grupo matando duas crianças negras, ambos mutantes. A cor de pele das crianças não é coincidência, essa história faz referência ao genocídio da população negra que acontece até hoje em diversos locais do mundo, incluindo nas periferias do Brasil.
Agora, anos depois, ele comanda um grupo de assassinos, cuja única missão é matar mutantes. Logo nas primeiras páginas vemos esse grupo matando duas crianças negras, ambos mutantes. A cor de pele das crianças não é coincidência, essa história faz referência ao genocídio da população negra que acontece até hoje em diversos locais do mundo, incluindo nas periferias do Brasil.
Depois dessa introdução, as histórias dos X-Men e de
Stryker se alinham e acompanhamos como eles lidam com essa situação. Entre tudo
o que já li dos mutantes da Marvel essa história é, de longe, a que mais me
emociona. Distante da quantidade de ação presente em algumas de suas sagas mais
famosas, Deus Ama, o Homem Mata (God Loves, Man Kills) mostra
o lado mais político do grupo e é um marco em sua história. Tocando em um dos
assuntos que até hoje mais cria discussões (o preconceito gerado por algumas
religiões), essa Graphic Novel toca em uma
das feridas mais profundas da sociedade ocidental com uma habilidade sem
paralelo.
Mostrando que os seres humanos podem ser vilões mais
cruéis do que qualquer alienígena, robô ou monstro, essa história deve ser lida
por todos, fãs de quadrinhos ou não. Diálogos fantásticos e uma arte incrível para
os padrões da época fazem com que esse enredo, tão importante como tema de
discussão, seja apresentado de uma maneira fantástica que deve agradar a
qualquer leitor.