[Falando Sobre...] Batman vs Superman: o confronto entre crítica e público
https://siteloggado.blogspot.com/2016/03/falando-sobre-batman-vs-superman-o.html
Batman vs Superman: A
Origem da Justiça era, provavelmente, o filme de heróis mais esperado do
ano. E é possível falar isso sem soar como fanboy por um motivo muito simples: essa foi a primeira vez que os
três maiores personagens da DC Comics apareceram em um mesmo filme.
Independente de qual das grandes editoras você prefere, esse é um momento
histórico para os fãs dos quadrinhos, e algo dessa magnitude só poderia gerar
controvérsias. Excesso de expectativas por parte dos fãs, o sucesso da Marvel - que abordou seu universo cinematográfico de um modo muito diferente -, a
necessidade de ser a base para todo o futuro da DC nos cinemas... Era muita coisa
nas costas de um filme só, e por isso as críticas variam de negativas até muito
positivas. Cada um tinha uma ideia do que o longa deveria ser, e a expectativa
por algo perfeito é um fardo pesado.
Foi pensando nisso que resolvemos fazer este post e analisar alguns dos pontos
importantes do filme para tentar entender o que deu certo e dar uma segunda
olhada naquilo que pareceu mais problemático. Então se você não viu ainda, é melhor que assista antes de continuar lendo, pois a partir do próximo parágrafo o texto contém muitos SPOILERS. Se esse for o seu caso, é só CLICAR AQUI e ler a nossa
crítica sem spoilers para ter uma ideia do que esperar.
Um projeto extremamente ambicioso
Antes mesmo de entrarmos na sala de cinema, a ideia apresentada
já soa como algo grande demais. Logo no segundo filme do seu recém-criado
universo cinematográfico, a DC decide reunir três dois maiores heróis de todos
os tempos, os maiores da editora, pela primeira vez na história do cinema. Isso
se torna ainda mais complicado quando dois deles sequer foram apresentados
anteriormente, de modo que todo o começo do filme é usado para nos apresentar
ao Batman.
É óbvio que todos que estavam lá sabem da história do Morcego de Gotham, mas era necessário mostrar qual seria sua representação nesse universo, e esse começo necessário ditou todo o tom do filme. Mais sombrio que seu antecessor, o segundo longa do Superman por vezes parecia um filme do Morcego. Tons de cinza por todos os lados, cenários nublados em todos os instantes e a chuva era frequente. A batalha entre os dois precisava acontecer, e se foi fácil explicar os motivos do Homem de Aço para ir em direção à luta, com o Batman não seria tão simples.
Por mais que tudo tenha parecido meio apressado, é preciso dizer que os momentos iniciais foram muito efetivos nesse sentido. A destruição causada pela batalha em Metrópolis foi representada de maneira incrível pelos olhos de Bruce Wayne. Mesmo lutando contra o crime há quase 20 anos, ele estava ali sem nenhuma condição de intervir. Parece que tudo depois andou rápido demais no sentido do combate, mas esse momento foi forte o bastante para mostrar ao público o porquê de o kryptoniano parecer uma ameaça para aqueles que olhavam dos escombros um combate entre deuses no céu.
É óbvio que todos que estavam lá sabem da história do Morcego de Gotham, mas era necessário mostrar qual seria sua representação nesse universo, e esse começo necessário ditou todo o tom do filme. Mais sombrio que seu antecessor, o segundo longa do Superman por vezes parecia um filme do Morcego. Tons de cinza por todos os lados, cenários nublados em todos os instantes e a chuva era frequente. A batalha entre os dois precisava acontecer, e se foi fácil explicar os motivos do Homem de Aço para ir em direção à luta, com o Batman não seria tão simples.
Por mais que tudo tenha parecido meio apressado, é preciso dizer que os momentos iniciais foram muito efetivos nesse sentido. A destruição causada pela batalha em Metrópolis foi representada de maneira incrível pelos olhos de Bruce Wayne. Mesmo lutando contra o crime há quase 20 anos, ele estava ali sem nenhuma condição de intervir. Parece que tudo depois andou rápido demais no sentido do combate, mas esse momento foi forte o bastante para mostrar ao público o porquê de o kryptoniano parecer uma ameaça para aqueles que olhavam dos escombros um combate entre deuses no céu.
Mas a união dos heróis não foi a única grande ambição dessa
produção. Quem acompanha os quadrinhos foi ao cinema esperando ver a adaptação
da lendária história de Frank Miller, O Cavaleiro das Trevas, mas nos momentos
finais do filme se deparou com algo maior do que o esperado. A verdade é que BvS não serve como adaptação apenas da história de Miller, mas ele
também levou ao cinema sua versão de outra história grandiosa da DC Comics: A
Morte do Superman. Se tivéssemos que fazer uma lista com as dez maiores
histórias já lançadas pela DC Comics, essas duas sem dúvida estariam na lista. E colocá-las em um mesmo filme era algo que poucos imaginariam como possível.
Matar o Homem de Aço antes de unir a Liga da Justiça foi o passo mais ambicioso
entre todos os filmes de heróis já lançados, e mostra que, independente de
críticas, a DC pretender ir com tudo para cima da concorrência. Isso pode gerar
tropeços e até mesmo problemas com os críticos, mas essa ambição toda também
pode ser a base para um enorme sucesso.
Adaptação de personagens: o problema das expectativas
Com tanta coisa acontecendo no filme as chances de alguns
personagens não receberem a atenção merecida é muito grande, e isso aconteceu
com Lex Luthor. O problema é que a questão do Lex vai além do seu tempo de
tela, começando na forma como escolheram representá-lo no longa. O Luthor dos
quadrinhos era um homem mais velho, extremamente sério e brilhante. Ele era
alguém a ser respeitado e temido, e sua postura transmitia isso em todos os
momentos. O Lex de Jesse Eisenberg foi por um lado bem diferente, e desde o
momento em que o trailer do filme foi lançado começaram as críticas a ele. A
verdade é que eu faço parte daqueles que não gostaram disso já antes. O
argumento era “gostei de tudo que vi (no trailer), menos do Lex”, e a verdade é
que após sair da sessão eu tinha a certeza que aquela representação foi a
melhor que o filme poderia ter tido.
Se olharmos bem,
todos os momentos do filme foram sérios, tudo tinha um tom sombrio, e isso era
tão forte que o alívio cômico do foi o personagem mais sério de todos, o
próprio Batman. As cenas nas quais ficava clara a diferença de poder entre ele e os
outros personagens (o soco que não deu certo no Superman e ele se escondendo da
destruição do Apocalipse) fizeram com que todos na sala de cinema onde assisti desse
risada, e foi só isso. Sem nada para quebrar um pouco esse clima sombrio, BvS ficaria pesado demais para muita gente, e transformar o Lex em um jovem
bem mais informal e, por que não, meio louco, foi uma ideia inteligente que foi
bem executada pelo ator. O único problema aqui foi a falta de desenvolvimento.
Ele precisava ter aparecido mais, seus motivos e suas ideias precisavam de mais
tempo de tela para que suas ações fizessem mais sentido. Ele foi de cidadão
preocupado para louco homicida em duas cenas. Faltou informação para o público.
Outra crítica que aparece com muita frequência desde o
filme anterior é com relação ao Homem de Aço. E aqui o problema não é
adaptação ou tempo de tela, mas sim falta de entendimento daquilo que foi
proposto. Por que o Superman é importante? Por que algumas pessoas o acham sem
graça nos quadrinhos? Simples: porque ele é perfeito. O Superman é o maior
herói de todos os tempos e o maior símbolo de esperança da DC Comics. É isso
que o identifica e o que faz com que alguns fãs, eu inclusive, acabem não
gostando muito dele. O herói que víamos nos quadrinhos antes do reboot DC e nas animações da Warner não
tinha falhas, ou se tinha não as deixava transparecer. E isso é tudo o que
Henry Cavill não mostra em seu personagem.
O interessante aqui é que isso não é culpa do ator, mas é
sim uma questão de representação. O Homem de Aço que vimos nos dois últimos
filmes ainda não é um herói completo, ele ainda não é um símbolo absoluto de
esperança. O Batman desse universo existe há 20 anos, a Mulher-Maravilha lutou
na primeira guerra mundial e está viva há muito mais tempo que todos, enquanto
isso Clark Kent começou a proteger as pessoas há meros dois anos. Suas
inseguranças representadas no filme e a ausência de uma conexão com seus fãs
mais antigos se deve a isso. Muitos parecem ignorar esse fato, mas o que vimos
foi um Superman quase que em treinamento e, por isso, cenas como aquela em que
ele vai pedir conselhos para sua mãe (que parecem ridículas a princípio) na
verdade fazem sentido. O problema não é ele ser representado assim, mas sim o
fato de que muitos não entendem isso.
Quando Batman e Superman se enfrentam,
quem ganha é a Mulher-Maravilha
Não sei se o mesmo se repetiu em todas as salas de cinema,
mas o momento em que a Mulher-Maravilha apareceu vestida de guerreira pela
primeira vez e salvou a vida do Batman foi recebido com aplausos e gritos do
público na sessão em que eu estava e, sem entrar na questão do quanto que é imbecil você
aplaudir um filme no cinema (e aqui eu confesso que me segurei muito para não
participar), temos que admitir que foi merecido. Desde que anunciaram Gal Gadot
para o papel de Diana, a atriz teve que lidar com críticas infundadas que diziam
que ela não servia para o papel, e depois de toda essa idiotice é ótimo ver
essas pessoas queimarem a língua.
É impossível negar que ela roubou a cena e, apesar de não
ter tido muito tempo em tela, poucos devem discordar que foi uma das
melhores coisas do filme. Tudo pareceu dar certo com ela: as cenas de ação nas
quais era a única que conseguia lutar com o Apocalipse (enquanto o Superman
apanhava e o Batman fugia) e a que mostrou o gosto pela luta sorrindo ao ser
jogada no chão caracterizam a Diana que todos queríamos ver, a princesa guerreira de Themyscira.
Outro ponto interessante foi a não sexualização excessiva da personagem. Sua roupa de combate era curta? Sim. Os vestidos em que ela apareceu anteriormente eram sexy? Muito. Mas em nenhum momento as câmeras foram usadas com a intenção de sexualizar demais a personagem. A beleza de Diana foi mostrada, porém não explorada excessivamente. Ela não apareceu no filme para ser um objeto sexual, mas sim para deixar sua marca, para lutar ao lado dos outros membros da trindade e para ser a única a ferir o Apocalipse sem kryptonita. Diana tinha a função de unir a trindade pela primeira vez no cinema e a sua participação gerou um tom épico grandioso, digno de um projeto tão ambicioso quanto esse filme.
Outro ponto interessante foi a não sexualização excessiva da personagem. Sua roupa de combate era curta? Sim. Os vestidos em que ela apareceu anteriormente eram sexy? Muito. Mas em nenhum momento as câmeras foram usadas com a intenção de sexualizar demais a personagem. A beleza de Diana foi mostrada, porém não explorada excessivamente. Ela não apareceu no filme para ser um objeto sexual, mas sim para deixar sua marca, para lutar ao lado dos outros membros da trindade e para ser a única a ferir o Apocalipse sem kryptonita. Diana tinha a função de unir a trindade pela primeira vez no cinema e a sua participação gerou um tom épico grandioso, digno de um projeto tão ambicioso quanto esse filme.
*****
É óbvio que existem
outras coisas que poderiam ser comentadas aqui: a qualidade técnica
dos efeitos especiais e da trilha sonora, o quão chato e desnecessário foi o subplot focado na Lois, etc. Mas a ideia geral do que foi o filme já fica clara apenas com os pontos que
foram analisados. Os fãs devem gostar da enorme ambição proposta pelo diretor e
pelos roteiristas ao adaptar duas das mais consagradas histórias da DC - mesmo
que isso se mostre difícil de executar do modo mais adequado - da mesma forma em
que devem ter opiniões contraditórias em relação à forma como Superman e Lex
foram retratados. Enquanto isso a Mulher-Maravilha deve ser um ponto de
concordância, é difícil sair do cinema sem ter adorado sua participação.
A verdade é que esse foi um filme ambíguo, de modo que ele
jamais será tratado como ponto pacífico entre os críticos. Ao mesmo tempo em
que Batman vs Superman: A Origem da
Justiça se esforça para parecer uma revista em quadrinhos e para agradar
aos fãs dessa mídia, ele também peca por querer fazer demais. Personagens
importantes ganharam menos atenção do que outros sem tanta importância para a
história, e com isso a impressão que fica é que existiam duas opções para torná-lo
melhor: ou aumentar o tempo de exibição para poder explorar todo mundo ou
mudar um pouco o recorte do filme e substituir momentos menos importantes por
cenas mais ligadas aos personagens centrais. Sem ter feito nada disso, o que
temos de resultado é um filme com pontos altos fantásticos de deixar qualquer
fã feliz, mas que ao mesmo tempo apresenta problemas de narrativa que abrem
espaço para algumas críticas mais duras.
E você, concorda com o que leu aqui? O que achou do filme no
geral? Deixe seu comentário logo abaixo e até a próxima!!