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[Crítica] Os Oito Odiados


Muitos podem criticar Quentin Tarantino, mas poucos conseguem fazer o que ele faz com maestria: contar uma boa história. Tarantino conhece muito de cinema, e isso fica claro em cada obra sua recheada de referências a clássicos, mas com discursos atuais. Os Oito Odiados é mais um filme de época, como seu antecessor Django Livre, mas sente-se um clima muito parecido ao primeiro longa do diretor, Cães de Aluguel, porque o filme todo durante suas 2h40min de duração se passa em apenas dois cenários. É o roteiro e seus longos diálogos o charme da obra.

Dos oito odiados se destaca Samuel L. Jackson e seu Major Marquis Warren, um caçador de recompensas. É fantástico como a parceria dele com Tarantino rende personagens icônicos, e este deve ser mais um. Como Samuel L. Jackson ainda não ganhou um Oscar (sendo que por Django ele claramente merecia), fica difícil entender. Ou será que não? Já que tanto Django como Os Oito Odiados falam de racismo a sua maneira.

O racismo sofrido pelo personagem de Jackson ao longo do filme torna o Major Marquis Warren ainda mais marcante. A forma como ele lida com os outros odiados rende as cenas que ficarão na memória do espectador por muito tempo. Por exemplo em uma sequência entre Samuel L. Jackson e Bruce Dern, que interpreta um general esquecido que lutou na Guerra Civil Americana pelo lado dos confederados. Eu tento imaginar o prazer e as risadas que Tarantino deve ter tido ao escrever essa e outras cenas.

Apesar de serem oito, o destaque é desigual. Além de Jackson, temos Kurt Russell e seu John Ruth, "O Carrasco" em atuação inspirada. Aliás, como não se divertir atuando em um filme do Tarantino? Quem também deve entrar para o rol de personagens marcantes do diretor junto com Major Warren é a "doce" e "charmosa" Daisy Domergue, interpretada por Jennifer Jason Leigh. Completam essa lista Tim Roth, Walton Goggins, Michael Madsen e Demián Bichir.

Mas nem tudo são flores. Acredito que esse seja o filme que menos gostei de Tarantino até agora. Os Oito Odiados poderia ser mais curto como Cães de Aluguel é, e não chega perto de filmes como Pulp Fiction e Bastardos Inglórios. Entretanto, ainda assim, é um ótimo filme, que mostra como é difícil Tarantino superar a si mesmo. Além da direção e do roteiro, a produção tem uma ótima trilha sonora, que desde o primeiro plano dá o tom da obra que vem a seguir.

Quem é fã de Tarantino vai se divertir com mais essa obra. Os Oito Odiados não é brilhante, mas é excepcional, e o diretor não decepciona. Como disse no início do texto, Quentin Tarantino sabe bem como se conta histórias e se diverte fazendo isso, algo que deveria ser praticamente obrigatório para qualquer cineasta. Mesmo não sendo seu melhor filme, ainda é bom, o que é raro de se ver entre os cineastas mais famosos de Hollywood.

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