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[Falando Sobre...] CCXP 2015: balanço do último dia do evento


O último dia da CCXP 2015 foi, com certeza, o mais incrível de todos. Sem problemas consideráveis de organização (apenas uns pequenos aqui e ali) e com alguns dos painéis mais aguardados do ano, o domingo foi uma ótima experiência para quem foi ao evento (e não deu o azar de cruzar com os “repórteres” do Pânico) com a intenção de ter um dia épico e fechou com chave de ouro esta edição.

Cosplayers, sempre um show à parte
Foto: Vinícius Parra/LoGGado
Os cosplayers, em maior número do que nos dias de semana, estavam todos ótimos. As representações variavam de muito fiéis a algumas mais satirizadas, que provocavam risadas em quem os via. O número de famílias era grande, e por diversas vezes era possível ver crianças fazendo cosplay. Desde Clark Kent pré-adolescente na fila de entrada até um pequeno Coringa andando próximo à fila do auditório Cinemark. Foi ótimo ver essa nova geração se interessando por cosplays, se divertindo com isso e recebendo apoio da família.

E se tudo estava bom do lado de fora dos painéis, dentro deles as coisas foram ainda melhores. Nós conseguimos participar de dois dos principais painéis do dia: o da Warner e o da continuação de O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Agora é sua chance de ficar sabendo o que rolou lá através de nossa visão!!

Warner Bros. Pictures


Sem nenhuma surpresa muito grande ou anúncio inesperado, o painel da Warner mostrou trailers dos futuros filmes da produtora. E apesar dessa primeira frase não parecer tão promissora, o que aconteceu dentro do auditório Cinemark foi uma experiência no mínimo incrível para os fãs da DC Comics.

Quem abriu o painel foi Danilo Gentili, que veio falar sobre seu filme Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, baseado no livro homônimo de autoria do apresentador. Ele parece estar bastante animado com o projeto e, apesar de ainda não existir um trailer para o filme, já confirmou que a Panini fará uma versão em quadrinhos da obra. Antes de se retirar, ele ainda anunciou que havia colocado envelopes embaixo de algumas cadeiras e que aqueles que encontrassem poderiam retirar uma cópia gratuita e assinada do livro mais tarde naquele dia. Uma boa surpresa, caso você seja fã dele.

Em seguida, começaram os trailers dos próximos filmes. A impressão é de que a Warner vai vir com tudo em 2016. Nessa ordem, os filmes apresentados foram: No Coração do Mar, estrelado por Chris Hemsworth e baseado no relato que inspirou o livro Moby Dick (confira nossa crítica aqui); Caçadores de Emoção: Além do Limite, um filme de ação e aventura policial cheio de esportes radicais; Especialista em Crise (filme produzido por George Clooney e estrelado por Sandra Bullock), uma mistura de drama e comédia que mostra a volta da personagem principal ao trabalho depois de um grande fracasso; e Como Ser Solteira, novo filme de Rebel Wilson que, baseado nas risadas arrancadas durante o trailer, promete ser muito bom.

Depois dessas exibições vieram os trailers mais aguardados pelos fãs de quadrinhos. O primeiro foi o Esquadrão Suicida, e o trailer mostrou um pouco de todos os membros do esquadrão, com foco especial na Arlequina e no Pistoleiro. Outra que apareceu bastante foi a incrível Viola Davis, representando Amanda Waller, a mente por trás desse grupo. Com muita ação e cenários sombrios, o trailer arrancou gritos da platéia em alguns momentos, especialmente naqueles em que Jared Leto apareceu representando o Coringa. Mas o grande destaque foi Batman vs Superman. Tanto o pequeno preview no qual o Batman é desmascarado quanto o trailer lançado semana passada foram exibidos, e uma coisa ficou bem clara: todos querem ver... a Mulher Maravilha!

O público ficou eufórico quando Gal Gadot deu as caras no final do trailer, a maioria gritou e bateu palmas na cena em que ela aparece no centro da tela, pronta para lutar ao lado dos outros membros da trindade principal da DC Comics. Depois desse trailer veio uma surpresa muito boa: foi exibida uma montagem com figuras dos quadrinhos representando os próximos filmes da DC Comics. Alguns já mostraram os atores caracterizados em forma de desenho: Mulher Maravilha, Aquaman e Flash; mas outros foram apenas imagens tiradas das páginas da DC, e os anúncios foram: Ciborgue, Green Lantern Corps e Liga da Justiça 1 e 2. E de novo o momento em que o público mais sem empolgou foi com a imagem da Mulher Maravilha. Isso só mostra o quanto já passou da hora da heroína mais icônica dos quadrinhos ganhar seu filme solo, e o quanto o público está pronto para isso.

Depois de seis horas na fila, da chegada ao evento antes da abertura dos portões até a entrada do painel, esse final foi uma ótima forma de recarregar as energias para o evento principal, que viria a seguir.


Dark Knight III - The Master Race (O Cavaleiro das Trevas 3)


Em 2016, a história Batman: The Dark Knight Returns completará 30 anos de seu lançamento. E para falar sobre isso e sobre a nova continuação dessa história, quem veio ao Brasil foi a grande mente por trás da obra: Frank Miller. Ele escreveu e desenhou essa que é uma das melhores e mais famosas histórias já lançadas do Cavaleiro das Trevas, e apesar da já avançada idade ele parecia disposto durante todo o painel, inclusive fazendo algumas piadas e atendendo aos pedidos dos fãs por fotos, autógrafos e abraços.

Mas antes de falar com os fãs ele conversou com Dan Didio, grande nome da DC, e com Jim Lee, um dos maiores desenhistas da editora. Durante esse papo, que na verdade foi uma entrevista, eles falaram sobre a nova história escrita por ele, Dark Knight III: The Master Race, e sobre toda a sua carreira. Foi interessante descobrir, por exemplo, que durante a criação de The Dark Knight Returns ninguém esperava o sucesso que a revista faria, e por isso Frank teve carta branca para tomar suas decisões e fazer o quisesse com a história. Essa liberdade não foi diminuída em nenhum momento, chegando ao ponto de que o Batman só não morreu no final da história, segundo Miller, porque ele não se achava no direito de fazer isso com um personagem tão icônico.

Pensando nos quadrinhos atuais, Jim Lee perguntou como que ele enxergava seu ramo de trabalho e como se encaixava nessa situação. Frank foi sincero: disse que o mundo dos quadrinhos é uma enorme competição e que está competindo com todos os outros, inclusive com o Jim, para produzir as melhores histórias e conseguir o interesse do público. Mas ele foi enfático ao dizer que essa competição é a mais amigável que existe e que gera colaborações com a intenção de produzir resultados cada vez melhores.

Chegou então o momento das perguntas dos fãs, e essa parte foi bem inconsistente. Todos entendem a sensação de conhecer seu ídolo, isso meche com as pessoas e nós perdemos um pouco a noção, mas é difícil justificar o fato de que praticamente todos aqueles que se levantaram para fazer perguntas gastaram o tempo do painel para pedir autógrafos e/ou fotos.

O único caso compreensível foi o de um garoto, o segundo a perguntar. Ele devia ter entre 11 e 12 anos, e sua pergunta foi interessante: queria saber se Miller gostaria de aparecer nos filmes da DC da mesma forma que Stan Lee aparece nos da Marvel. Infelizmente, a tradutora que estava ao lado de Frank não conseguiu passar a pergunta da maneira correta e a resposta dele foi “eu nem sabia que ele [Stan Lee] fazia filmes”. Após a pergunta, o garoto pediu um autógrafo (sendo mais sensato que os mais velhos e admitindo que ele não deveria fazer aquilo). A única resposta do público foi um “Awwwwn” compreensível. Antes dele, o primeiro a perguntar foi um menino ainda mais novo, entre nove e dez anos de idade, que foi levado pela organização para cima do palco, onde cumprimentou quem estava no painel. Sua pergunta foi boa e engraçada. Ele queria saber se Frank Miller era amigo de Stan Lee e quem dos dois desenhava melhor. Frank foi curto e sincero: “Sim, e eu”, arrancando risadas da plateia.

Meu maior arrependimento(...) é que eu nunca
deveria ter deixado Elektra voltar à vida.
Frank Miller

Outras perguntas vieram e ele disse algumas coisas interessantes: se sentia muito feliz em saber o quanto que os fãs consideravam sua obra como parte importante da vida deles; contou que, em sua opinião, alguém perfeito para interpretar uma versão mais velha do Batman seria Clint Eastwood; e a mais chocante das respostas relacionadas à sua obra foi: Meu maior arrependimento(...) é que eu nunca deveria ter deixado Elektra voltar à vida.

A melhor pergunta do painel, entretanto, foi a última. Uma mulher de 20 anos perguntou a opinião dele sobre os filmes estarem influenciando os quadrinhos ao invés do contrário e o que pode ser feito para evitar isso. Depois de perguntar a idade da pessoa que fez esse questionamento e comentar que aquela tinha sido a pergunta mais madura que ele já tinha ouvido em muito tempo, Miller disse que tudo está nas mãos de quatro grupos: estúdios, editores, público e autores, e para que a DC não tome esse caminho as pessoas responsáveis por escrever as histórias precisam fazer bem o seu trabalho.

Foto: Vinícius Parra/LoGGado

Todos os que acompanharam o painel e que estavam lá para vê-lo saíram do auditório Cinemark com um sorriso enorme estampado na cara, e a certeza de que aquela experiência havia sido algo único na vida. Já do lado de fora, algumas fãs de Frank Miller que foram lá para vê-lo mostravam felicidade com relação ao painel. Quando fiz uma pergunta genérica para este grupo sobre qual tinha sido o melhor momento do dia, a resposta veio rápida e unânime: o painel do Frank Miller.

Entre as fãs estava Karol Borges. Em uma breve entrevista, ela disse que apesar de o painel da Warner tê-la animado, especialmente a expectativa em torno de um filme da Mulher Maravilha, o fato de ter simplesmente entrado no de The Dark Knight III e visto um de seus ídolos de perto, foi o que a deixou mais feliz. Ele foi muito legal com todo mundo que fez as perguntas, topou assinar itens para todos que levaram algo e então foi mais fofo do que eu esperava, comentou Karol sobre a boa vontade de Miller ao interagir com os fãs. De fato, o único problema deste painel foi não ter durado pelo menos três horas.


Considerações sobre o evento


A CCXP 2015 não foi perfeita, mas fez jus à campanha que previa um evento épico. Desde pequenos desajustes organizacionais pouco perceptíveis até o desastroso final inesperado do painel da Netflix, na sexta-feira (4), a organização mostrou que não estava preparada o suficiente para um evento desse porte, mas fez o possível para resolver os problemas. Não se pode criticá-los de maneira pesada, especialmente quando pensamos em tudo o que envolve um evento assim e o que precisa ser feito para que nada dê errado. Mas também não podemos fazer vista grossa e dizer que foi tudo perfeito. Para 2016, espero melhorias principalmente na ordem das filas para o auditório principal.

Mas se a parte técnica teve alguns problemas, todo o resto deu um show. Os estandes estavam lindos, com diversas opções para todos os gostos e bolsos. No geral, eram bem estruturados para receber um público grande. Os cosplayers foram um espetáculo à parte na representação de personagens das mais diversas mídias. Os painéis que nós do LoGGado tivemos a oportunidade de assistir foram de uma qualidade surpreendente, o que mostra o quanto foi investido para poder trazer nomes de peso e proporcionar um evento que um país do tamanho do Brasil merece.

No final de tudo, a experiência gerada pela CCXP 2015 foi extremamente positiva. Mal posso esperar para voltar em 2016, até porque se este ano até o Goku disse que seria épico, quem sou eu para discordar?

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