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[First Look] Scream Queens 1x01/02 - Pilot/Hell Week

Um slasher em tons de rosa. 


Um slasher em tons de rosa. 

Não existe meio termo para definir as séries de Ryan Murphy. O "ame ou odeie" que cerca as produções de um dos maiores magos da TV contemporânea definiu a trajetória de absolutamente todos os shows onde o cara pôs o dedo. Felizmente, é inegável até para quem abomina o estilo camp de Murphy, que existem mais camadas no afetadíssimo humor de suas séries do que em muitas produções atuais cultuadas levianamente. Assim, numa época onde originalidade está cada vez mais em baixa, enxergar as releituras estilísticas do showrunner, com a óptica pretendida por ele e sua equipe, acaba se tornando um exercício divertido e instigante. Foi assim que eu me senti com Glee, é assim que eu me sinto quando sento para ver um episódio de American Horror Story e, a partir de agora, seguirei da mesma forma com a não menos surtada Scream Queens.

Na sua mais nova empreitada, Murphy e companhia resolveram destrinchar os conceitos que levaram a criação do termo que dá nome ao show: as tais rainhas do grito. A definição criada no fim da década de 70, quando a Laurie Strode de Jamie Lee Curtis - não por acaso a estrela da série -, era perseguida por Michael Myers na noite de halloween absoluta, foi a base para sustentar um gênero que durou firme e forte por duas décadas até amargar um deprimente esquecimento lá no começo dos anos 2000. No entanto, partindo do pressuposto de que duas gerações depois ainda existe espaço para trazer as estridentes mocinhas de volta, os fãs de horror, que já possuem um delicioso prato de absurdos com American Horror Story, acabam de ganhar um retorno aos slashers com uma pegada um tanto quanto inusitada.

Obcecados por sistemas de classes, popularidade e terror, o time de roteiristas resolveram parodiar o gênero citado, com um tom bem mais ácido e absurdo. Logo, entram em cena as fraternidades de uma universidade e seus mesquinhos líderes. A Kappa Kappa Tau comandada pela perversa Chanel Oberlin (Emma Roberts) é a casa que será assombrada por um perseguidor sanguinário que parece ter ligação com um antigo e misterioso evento do local. Chanel é o estereótipo das clássicas queen bees, porém esconde uma psicótica necessidade de  humilhar todos ao seu redor para demonstrar poder. Quando a reitora da Wallace University, Cathy Munsch (Lee Curtis), decide podar os desmandos da patricinha, um massacre literal tem início no campus.

Antes de qualquer coisa, é preciso despir-se de toda e qualquer seriedade para encarar Scream Queens. A lista de exageros e maluquices apresentadas no piloto é proporcional à proposta satírica do seriado. Então, não estranhe ou se sinta culpado por se pegar rindo quando uma deficiente auditiva fã de Taylor Swift tem a cabeça destroçada por um cortador de grama enquanto cantarola Shake it Off. Na mesma toada, as ofensas desconcertantes disparadas por Chanel - o cruzamento de Regina George com Santana Lopez -, o comportamento divertidamente robótico das suas seguidoras Chanel #2 (Ariana Grande), Chanel #3 (Billie Lourd) e Chanel #5 (Abigail Breslin), ou mesmo o serial killer canastrão vestido de diabo, acabam instantaneamente definindo o show sem que precisemos de maiores explicações ou justificativas para o riso nervoso provocado pelo o humor negro da série. 


Contando com um elenco inspiradíssimo - fator costumeiro nas séries criadas por Ryan Murphy - Scream Queens não só tem a honra de ter a rainha do grito original no elenco, como também coleciona pontas, coadjuvantes e figuras imagéticas que de cara possuem um carisma invejável. A expressiva Niecy Nash - seria Denise Hemphill a Brenda de Scream Queens? - e a queridona Lea Michele destacam-se mesmo com um reduzido tempo de tela e servem de exemplos pontuais para o que eu estou falando. Denise e Hester são verdadeiras pérolas e, dentro do micro-universo que começa a ser construído, já carimbam as melhores piadas do piloto.

É certo que com treze episódios pela frente podemos estar reclamando mais cedo ou mais tarde das derrapadas que só um verdadeiro seguidor da escola seriadora de titia Ryan entende. Porém, julgando pelo que eu vi e pelas possibilidades que se abrem com os twists, com o whodunit e com os marcantes personagens, a jornada será divertidamente maligna. Prontos para encarar esse jogo? Eu já estou gritando de ansiedade. 

Scream grade da semana: Chanels approves 

P.S.1: Não comentei, mas os scream kings da série parecem que irão crescer para se tornarem tão hilários quanto as suas companheiras. Ri um bocado do egocentrismo fanfarrão de Chad Radwell.

P.S.2: Por favor, não matem a Denise!!!

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