[Crítica] Roger Waters - The Wall
https://siteloggado.blogspot.com/2015/09/critica-roger-waters-wall.html
Antes de qualquer crítica destinada a um trabalho feito por Roger Waters, é importante falar sobre quem ele foi e - por ele ter sido quem foi - o que o motivou a ilustrar sua vida em uma obra cinematográfica. Waters se trata de um ícone do rock internacional, um cara que, ao lado de David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e Syd Barrett foi precursor da banda que revolucionaria o mundo com suas características peculiares, políticas e sonoridade única. O Pink Floyd entrou para o rol de bandas mais influentes do mundo e o legado incrivelmente continua até os dias atuais, mesmo com seus integrantes separados. Dito isto, é justificável e mais que louvável que uma produção de cinema baseada na vida de Waters e feita por ele mesmo o desafiasse a realizar mais um trabalho com qualidade. Waters gosta de desafios.
O documentário traz uma linha tênue entre a realidade e ficção. Detalhes, peculiaridade e a vontade de mandar o recado de maneira com que o fã, o crítico, enfim, o receptor da mensagem em geral, entenda de uma vez este recado. Assim são as produções de Roger Waters que, desta vez, não com menos qualidade, mergulhou no universo dos fotogramas para manifestar suas insatisfações pessoais.
Mas afinal, por que o nome The Wall para o tal documentário? O disco de mesmo nome foi lançado em 1979 e na época em que o artista ainda integrava a banda, não faz sentido... Sim, faz. Faz muito! Além de ser o disco de maior sucesso da carreira do artista, foi o que mais revelou sua identidade. As canções, as letras, as performances monstruosas e ao mesmo tempo críticas dos shows, fazem alusões à vida do cara e, por sua vez, determinam os rumos do longa.
A sua história de vida é retratada através de cenas memoráveis representadas por ele na turnê do show The Wall, um marco entre 2010 e 2013. No decorrer de cada set de canções, é o momento de ver o artista em uma jornada até a França, passando por lugares que justificam a construção de cada performance do show. Finalmente chegamos à analogia do nome dado ao trabalho (The Wall): o show mostra a construção de uma parede que cresce a cada canção apresentada. É essa parede que dá o total sentido da sua vida, é o que ajuda o artista a se afastar do resto do mundo e, definitivamente, se manter longe da realidade drástica de sua história.
O ex-Pink Floyd mostra o quão a alma de um artista pode ser sensível. Sensível ao ponto de mostrar através da arte e de maneira altamente poética críticas acerca das vítimas das guerras pelo mundo inteiro, em especial seu avô George Henry Waters, morto na Primeira Guerra Mundial, e Eric Fletcher Waters, seu pai, morto quando ele tinha apenas dois anos. A história trata-se das feridas deixadas por conflitos armados e que se recusam a cicatrizar dentro dele. Isso é muito claro.
Cada frame deste filme se torna uma viagem introspectiva com efeitos e mudanças permanentes de como pensar a vida e suas relações humanas, afinal, o sentimento crítico de Waters e a forma como ele o coloca para o público é que nos dá essa certeza. Um documentário dirigido pelo próprio Waters em que ele é o protagonista de sua própria história. Nada mais genial.