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[Review] Game of Thrones 5x09 - The Dance of Dragons

Uma crônica de gelo e fogo.


Uma crônica de gelo e fogo.

Se ainda restavam dúvidas sobre os motivos do imediatismo que moveu esta reta final do quinto ano de Game of Thrones, a penúltima hora da temporada veio para acabar com todas elas. A série entra num ritmo cada vez mais distante da obra original, mas sem abrir mão da essência catártica presente nos primeiros livros de George R.R. Martin. Assim, a dualidade elemental carregada pelo fogo da "última" Targaryen se choca de uma forma poética com o gelo no coração dos homens que tentam governar o seu reino natal. São os roteiristas dizendo que possuem uma agenda própria para a trama que querem contar, e não existe mais tempo a perder com os chiliques dos fãs xiitas (se é que tal preocupação um dia existiu). A história de David Benioff e D. B. Weiss encontrou o seu tom, porém a surpresa é que ele pouco faz referência às amarras literárias do texto de Martin, o que, sinceramente, figura como um elogio.

Por exemplo, Daenerys abre a arena de Daznak sem necessariamente precisar de um chato contraponto político, como um casamento com Hizdahr. Não precisamos de cenas longas que discutam a cultura brutal de Meereen, pois já sabemos o suficiente para deduzirmos o quão importante foi a decisão de acalmar a revolta civil na cidade, com "pão e circo".  Diferente das Crônicas, Tyrion também está lá e só a sua presença no magistral diálogo com o nobre de Meereen já justifica com louvor todas as alterações que foram feitas na jornada do anão.

Confesso que a sequência final só ganha importância durante os diálogos e depois da aparição de Drogon, afinal, o exército vergonha alheia da rainha é de baixar a cabeça. No entanto, ver o esforço de anos transformados no ataque do dragão, ao chamado sobrenatural da mãe, apaga todo e qualquer problema maior. Se a batalha de Durolar assombrou pelo escopo épico no episódio passado, a revolta de Drogon nos faz vibrar graças à escala redentora refletida na própria história de Dany. O "Valahd!" é o novo "Dracarys!", e o show nos faz voltar os olhos mais uma vez para a jovem órfã que há quatro anos era apenas uma moeda de troca usada pelo irmão mais velho.

A jornada de Arya e o fim da missão em Dorne (eu ouvi um 'aleluia'?!), talvez sejam os dois únicos plots, que não encontram tons convergentes aqui. A primeira pode até ser importante, por casualmente colocar um dos nomes da lista de Arya no seu caminho, mas tendo só a season finale pela frente dá para se notar que muito do treinamento na Casa do Preto e Branco ficará para o próximo ano. Já Dorne provavelmente não deve reaparecer num futuro, e a facilidade com a qual o acordo foi firmado pelo príncipe Doran só reforça o quão perdida esta trama pareceu. Vamos torcer para que a dupla Jaime e Bronn tenham algo mais válido do que invadir um lugar onde os habitantes parecem viver sob a tutela das frases de efeito.


Na segunda ponta de The Dance of Dragons, a ganância de Stannis nos apresenta um dos capítulos mais hediondos de Game of Thrones. Ao sacrificar a própria filha em nome do deus de Melisandre, o rei entra no mesmo patamar das criaturas mais odiosas de Westeros. Creio que os próximos passos de Stannis evocarão uma derrocada sombria, e que a sacerdotisa vermelha não terá muitas chances sem um apoio como o dele. Posso até estar sendo otimista demais - Cersei só veio a pagar pelos seus crimes agora -, mas é que não temos tempo e nem estômago de ver o triunfo de alguém tão desumano sob outros desumanos. Que a espada de dois gumes parta ambos os exércitos: Baratheon e Bolton.

Apenas Jon Snow é o que resta de esperança para o norte. O rei corvo é o último homem bom no meio do inverno, e a imprevisibilidade que moveu essas duas últimas horas me faz torcer por uma reviravolta que o coloque como um chefe a ser temido e respeitado, pelos próprios méritos. E se a Patrulha não o aceitar, é chegada a hora de tomar a frente como verdadeiro protetor do reino dos homens, e Jon sabe muito bem do quê protege-los. 

Com o baile chegando ao grand finale, apostas sobre os vencedores dessa disputa já começam a pipocar. Nem todos viverão para ver os seus últimos movimentos - a doce Shireen Baratheon não viveu -, porém, nós estaremos aqui prontos para dançar com dragões, gigantes, white walkers e, claro, jogar um pouco mais pelo trono de ferro.

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