[Crítica] Whiplash - Em Busca da Perfeição
" Não há duas palavras mais danosas do que 'bom trabalho'... "
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Se tem uma palavra que define bem Whiplash - Em Busca da Perfeição é "intensidade". O longa escrito e dirigido pelo jovem diretor (tem apenas 29 anos) Damien Chazelle é eletrizante, poderoso, empolgante, emocionante e, como citado acima, intenso. Muito intenso. Minha mãe sempre me disse que a prática leva à perfeição, e nunca esta sentença foi tão levada a sério como no longa.
No filme, conhecemos o jovem e solitário Andrew Neyman (Miles Teller), um baterista muito talentoso que conseguiu vaga no mais prestigiado conservatório do país, e tem apenas uma meta: continuar estudando e evoluir cada dia mais para se tornar um grande músico. Sua trajetória começa a mudar quando é convidado pelo implacável e exigente Terrence Fletcher (J.K. Simmons) para participar da prestigiada banda de jazz da escola. A partir desse encontro a vida de Andrew muda radicalmente e ele começa a trilhar uma busca pela perfeição, incentivada por Fletcher, e regada por lágrimas, suor e sangue. Esse caminho mexe com a cabeça do jovem afetando seu equilíbrio psicológico e emocional, e muitas vezes chega a ser vista como uma obsessão. Essa busca pode ser facilmente trazida para o lado de cá da tela, onde muitas vezes, para atender certos padrões da sociedade, somos levados aos nossos limites.
Entre os muitos trunfos do longa, o maior que podemos destacar é a arrebatadora performance do veterano J.K. Simmons. Seu professor Fletcher é um homem obstinado e obcecado pela perfeição naquilo que faz, sendo capaz de identificar um instrumento desafinado no meio de uma sala cheia. Transita facilmente entre a sensibilidade ao ouvir uma boa música, ser dócil com a filha de um amigo e ao mesmo também ser tirano, brutal e rude com seus alunos.
Como contraponto de Fletcher, temos o Andrew de Miles Teller, que consegue nos passar em cada cena o real sentimento de seu personagem, não com aquele perfil de bom moço, mas sim como um jovem ambicioso que busca a sua realização pessoal, mesmo que, para isso, ele sacrifique parte da sua vida, seja em um relacionamento ou numa entrega tão profunda que chega literalmente a dar seu sangue. Sua performance na sequência final é monstruosa e tão cheia de dor e ódio na busca para se provar para seu mentor que chega a arrepiar.
Bem conduzido por seu diretor, com uma montagem ágil, trilha de excelente qualidade e muito bem escolhida, Whiplash - Em Busca da Perfeição é um daqueles filmes que te faz vibrar e sair da sessão agradecido e com um grande sorriso no rosto.