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[Especial] VII Janela Internacional de Cinema do Recife

VII Janela Internacional de Cinema do Recife. Foto: Divulgação

VII Janela Internacional de Cinema do Recife. Foto: Divulgação

Recife/PE - Por Jo Pais

A sétima edição do festival Janela Internacional de Cinema do Recife, que ocorreu entre os dias 24 de outubro e 2 de novembro, teve recorde de público, fato que não acontecia há anos. Mais de 17 mil espectadores foram aos cinemas da Fundação Joaquim Nabuco, São Luiz, Porto Mídia e Museu Cais do Sertão para conferir a programação deste ano, que teve uma temática um tanto mais chocante e politizada de acordo com os últimos acontecimentos do Estado de Pernambuco.

A grade de filmes, que incluiu filmes como Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade, Brasil S/A, O Comboio do Medo e Amantes e Adolescentes (I dolci inganni) foi bastante diversificada na competição nacional e internacional, que incluiu Panorama Alemão e Pós Nouvelle Vague. Para muitos, o Janela começou na quinta-feira anterior à abertura, dia 23 de outubro, quando a venda de ingressos se iniciou, deixando cinéfilos na fila das 12h às 18h para a compra antecipada.

Contudo, o amor pelo cinema foi muito mais além e fez com que Pedro Severien e Kleber Mendonça Filho fizessem uma carta pela digitalização do cinema São Luiz. Uma ótima iniciativa, já que a cidade carece de mais salas de cinema. Um exemplo disso foi a perda do Teatro do Parque há alguns anos. Outro fato importante que ocorreu neste ano foram as vinhetas, uma delas apoiando o #OcupeEstelita, movimento popular contra a construção de novas torres residenciais no cais da cidade para que se torne patrimônio público e que a prefeitura tome consciência de mais investimento em cultura.


Durante os dez dias, o festival também trouxe longas e curtas nacionais, internacionais e infantis, que quantificaram um número maior de público do que anteriormente. E assim como o público, a imprensa esteve mais presente também. A competição teve sua premiação feita no dia de encerramento no Espaço Risoflora, no Cabanga, Zona Sul do Recife. Entre os filmes destacados pelo júri estão: Ventos de Agosto (Gabriel Mascaro, Pernambuco), Jauja (Argentina/França), A rainha (La Reina, Argentina), A Misteriosa Morte de Pérola (Guto Parente e Ticiana Augusto Lima, Ceará), A Professora do Jardim de Infância (Haganenet , Israel/ França) e Quinze (Maurílio Martins, Minas Gerais).

Daniel Oliveira, estudante de Direito e cinéfilo, frequenta o festival há quatro anos. Ele nos contou sua visão sobre a edição de 2014 do Janela. “A edição desse ano surpreendeu com a exibição dos seus clássicos, pois foi tamanho o privilégio de poder assistir Massacre da Serra Elétrica, Alien, The Rocky Horror Picture Show e tantos outros com uma alta qualidade de som e imagem”, disse. Ainda sobre os clássicos, Daniel falou que quer assistir sessões extras ao longo do ano com filmes como Cidadão Kane (Orson Welles) e Casablanca (Michael Curtiz) e que é uma boa dica para os responsáveis do cinema São Luiz e órgãos estatais.

Daniel também comentou que para ele o festival representa um estímulo e uma maior visibilidade à produção cinematográfica local, enriquecendo ainda mais o cinema pernambucano. “O pouco incentivo à produção é uma das barreiras que o cineasta enfrenta na hora de concretizar o que foi idealizado. É preciso que os órgãos e estatais e a sociedade civil como um todo valorizem, estimulem, invistam no cinema, que levem para as escolas, os bairros, que estimulem a produção e o olhar crítico das novas gerações. É preciso conhecer as próprias raízes locais e regionais e não apenas direcionar o olhar à indústria cultural massificada. O cinema é um meio para essa realização”, completou.


Além de Daniel, entrevistamos um cinéfilo novato no Janela e que nunca tinha ido ao festival. Leonardo Alves, estudante de Educação Física, disse que amou a seleção de filmes apresentada, mesmo que não tenha tido a oportunidade de ir a todos. “Daqui para as próximas edições espero não perder uma sequer.” Um fato percebido por Leonardo em sua primeira vez no Festival foi o pedido das carteiras de estudantes, que era solicitado que as identidades estudantis estivessem à mão na fila, mas na hora da apresentação do ingresso, o documento não era cobrado, facilitando pessoas que não são estudantes passarem despercebidos.

O VII Janela Internacional de Cinema do Recife não apenas trouxe uma gratificação aos realizadores e colaboradores que lutam pela produção de cultura no país, como também um apoio maior neste ano de 2014. Que daqui para frente o festival aprenda mais e melhore alguns pontos que são necessários, que tragam mais filmes ao longo do ano para os cinemas da cidade e que as próximas edições durem um pouquinho mais para que os amantes da Sétima Arte possam deleitar-se com a magia do cinema.

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