[Review] Hannibal 1x11/12 - Rôti/Relevés
Sob a influência do mal.
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Sob a influência do
mal.
Está sendo difícil avaliar Hannibal de uma forma episódica semana
após semana, tudo porque a história vem se mostrando cada vez mais complexa e ancorada
numa mitologia onde não se pode desvencilhar-se dos casos ou retomada dos
mesmos. Foram as duas peças chaves (Abel Gideon e Abigail Hobbs) que
movimentaram um já devastado Will, levando o consultor a se aproximar ainda
mais da resposta para a sombria charada representada pelo Alce Negro, aqui uma
curiosa personificação do subconsciente de Will, para figura do Estripador de Chesapeake
e agora também para identidade do misterioso copycat.
Quando o ambicioso Frederick
Chilton, conspurcou ainda mais a perturbada mente do Dr. Gideon, ele nem fazia
ideia do monstro que estava despertando. É interessante notar que a série não
se atrelou a maniqueísmos como colocar Gideon na posição de vilão louco para
efeitos de shock value (a simbologia
da tal “Gravata Colombiana” foi de
arrepiar), já que Chilton é o culpado por todas as ações do médico desde a morte
da enfermeira. O paralelo da indução psicológica, caiu como uma luva para
explicar os planos que Hannibal tinha/tem para o próprio Will.
Aqui os elogios máximos vão para
dois nomes, Eddie Izzard e Hugh Dancy. O primeiro causou arrepios
com sua frieza nas duas “cirurgias” feitas, já o senhor Dancy se firma como um dos melhores protagonistas deste ano por ter
dado vida ao lado outrora desconhecido do personagem de Thomas Harris. Temos de aplaudir também as sempre bem-vindas cenas
que remontam na realidade o quão perturbada se encontra a mente de Will. Ele se
desfazendo em água e as visões de Garret Jacob-Hobbs me deixou atônito. Quem
não podia faltar como catalizador e arquiteto de toda a trama é o Hannibal de Mads Mikkelsen, tão perigoso em suas
maliciosas induções, que de uma forma direta conseguiu derrubar Will na frente
de Jack, pondo ele no centro do quebra-cabeça que quase se fechou no outro
episódio (pelo menos para Abigail, aparentemente).
Da última vez que Abigail
apareceu, ficou subentendido o quanto ela partilhava da condição de monstro e
vítima. Fechando brilhantemente a história do Picanço de Minnesota, o penúltimo
episódio do primeiro ano de Hannibal
foi tão sutil como os outros. O que mais gostei na série até agora é que ela vem
abrindo mão de links forçados e não se precipitou em colocar Will fazendo
ligações avulsas ao Estripador (coisas que já cansamos de ver em outras séries
policiais). Portanto, o aparente suicídio de Georgia Madchen fez às vezes de
peça-chave para alertar o consultor de que talvez o copycat seja mais do que aparenta ser.
Muitos podem achar estranho que
Will não tenha ligado Hannibal à tudo logo de cara, mas não é a toa que Bedelia
está lá para nos mostrar que as decisões calculistas do psiquiatra ainda o
exime de qualquer suspeita. Com Abigail acuada pelas investidas de Freddie
Lounds (essencial tanto aqui, quanto no “fim” da história de Gideon), restou a
ela recorrer a Will. Foi bonito de vê que a morte dos Boyle e da jovem Marissa
Schur ainda ecoou no pano de fundo final, quando a máscara de Abigail cai para
Will.
Infelizmente o consultor não se
encontra na melhor das posições e ao que tudo indica a finale não vem nada amistosa para ele. Hannibal já tem todos onde
ele quer e no jogo que teve um início tão brutal não se pode esperar um
desfecho longe disto, resta saber se os ganchos vão condizer com a soberba
trajetória que acompanhamos até agora. Que continuemos tão famintos quanto começamos.