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Review | Game of Thrones 6x03 - Oathbreaker


Corvos em gaiolas.

“A gente tinha que dar uma respirada”. Esse foi o meu sentimento após a terceira hora do cada vez mais definitivo sexto ano de Game of Thrones. Tirando a panela de pressão do fogo de dragão depois dos impactantes cliffhangers da semana passada, o roteiro de Oathbreaker se ateve exclusivamente a impulsionar as tramas mais relevantes desse início de temporada e a pincelar aquelas que ainda se mostram um tanto quanto morosas, o que neste último caso acaba passando uma infeliz sensação de cansaço. E sobre cansaço, falo justo da eterna busca de Daenerys por imponência. A rainha Quebradora de Correntes – e ponham aqui todos os outros títulos – mais perdida e passada para trás de toda a série continua utilizando de um orgulho bobo que a vem colocando nas mesmas enrascadas de sempre. Isso chateia, me faz querer olhar o tempo do episódio e tem que ser mudado urgentemente, pois existe muito mais drama e relevância nos embates simples de Cersei e Jaime contra o Pequeno Conselho do Rei Tommen do que na enfadonha viajem a Vaes Dothrak.

O fato é que sem os seus filhos alados Dany não tem muito o que fazer, e até aquela conversa aleatória entre Varys e uma informante dos filhos da harpia me empolgou mais. No entanto, todo o núcleo de Meereen continua não indo muito além do quase. Afinal, a gente quase consegue comprar a relação da Missandei com Verme Cinzento, a gente quase acha graça da ceninha divertida com mais uma tirada esperta do Tyrion e também quase acredita que o anão não está mais entediado do que todos nós. Se para Meereen funcionar é preciso que tenhamos dragões voando por lá e atacando a Baía dos Escravos, vamos embora fazer isso para ontem, viu senhores showrunners?

Ainda na linha de equívocos, podemos colocar o bobo corte que escolheram fazer na até então promissora visita ao passado. Confesso que fiquei genuinamente empolgado com os flashbacks na Torre da Alegria e achei sensacional conhecermos Sor Arthur Dayne em toda sua imponência e lealdade – fãs dos livros entendem bem o porquê –, porém a pausa abrupta só para alimentar um preguiçoso suspense foi totalmente anticlímax. Bran voltou com um propósito bem definido e não há justificativas para protelar mais o seu papel no jogo maior que se desenha por toda Westeros. O momento em que o jovem Ned, por exemplo, escuta o chamado do próprio filho, dá forças para muitas das teorias que se tem sobre Bran e é por essas sequências que compramos a ausência do rapaz na temporada passada.

Que os sete sejam louvados eternamente para agradecer a deliciosa presença de Olenna Tyrell em Porto Real, porque é de shade que a gente gosta! Me chamem de louco ou do que for, mas eu não consigo não me pegar sorrindo com as tramas dos Lannister por lá. Aquela é a essência da Game of Thrones que a gente ama: cobra comendo cobra e agora com o agravante que é a poderosa Fé Militante e o seu Alto Pardal. Até com o Pycelle morrendo de medo da guarda de um homem só eu ri descontroladamente. Inclusive, adoro a figura dos Meistres na série e Qyburn continua um achado com seus planos e experimentos. Troco fácil mais tempo nesse imenso núcleo por tudo o que a gente vê de Meereen.


Eu nunca acreditei muito no Jon Snow do Kit Harington, mas desde a quinta temporada que isso vem mudando de uma forma necessária e forte dentro da própria dramaturgia de Game of Thrones. O retorno de Jon vem com pesos e promessas que, se cumpridas minimamente erradas, gerarão um efeito dominó na própria estrutura do show. Esclarecido esse ponto, posso dizer para vocês que, a julgar pelo que vimos do ex-Comandante da Patrulha da Noite, todas as expectativas serão atendidas e devo seguir sem mais receios daqui para a frente. Excelente a sombria sequência em que Jon enforca os seus algozes, e mais arrepiante ainda foi a entrega do casaco ao som do “My watch is ended!”. Jon continuará sendo um dos pilares da série, só que agora sob uma outra perspectiva que se agiganta como um dos mais promissores plots do sexto ano.

E por falar em tramas que vêm surpreendendo, a figura de Ramsay como um verdadeiro espectro de Jon Snow é outra das alegorias finamente traçadas pelo roteiro que me deixam de queixo caído. Claro que eu não acredito muito naquele twist onde Rickon e Osha são capturados e Cão Felpudo morto – a gente não merece perder outro lobo gigante, gente –, mas matar a charada tão facilmente não diminui a força do que está prestes a explodir em Winterfell.

Não existem mais passarinhos em Game of Thrones, só corvos em prisões polidas. Alguns menos maus do que outros, prontos para conquistar nossa aprovação e quiçá a liberdade num universo onde nada mais é preto no branco e anti-heróis vão ganhando mais e mais força. E é disso que a gente gosta, não de poeira e caminhadas sem fim. Fica a dica.

P.S.1: Sam e Goiva em alto mar não rende muito o que discutir. Só estou curioso para ver a cidade dos Meistres na série.

P.S.2: Arya voltou a enxergar e talvez nossa empolgação com o treinamento dela volte a dar as caras.

P.S.3: Eu já estou esperando o Tommen cair na conversa do Alto Pardal. Tretas! Tretas everywhere!!

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