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[Crítica] O Agente da U.N.C.L.E.


Esqueça a tensão e a paranoia que normalmente vemos em filmes que tem a Guerra Fria como pano de fundo. O Agente da U.N.C.L.E. é um filme que assume seus estereótipos com galhardia, ao mesmo tempo em que subverte todas as expectativas, contrariando tudo o que poderíamos esperar de um filme de espionagem situado nesse contexto.

O filme é ambientado em meados dos anos 1960, época em que o mundo vivia no auge da Guerra Fria, um conflito profundamente marcado pelas tensões entre capitalismo e socialismo. E é neste momento de convulsão que acompanhamos a improvável parceria entre o americano Napoleon Solo (Henry Cavill) e o soviético Ilya Kuryakin (Armie Hammer). Enquanto o primeiro é elegante e refinado, o último é taciturno e temperamental. Acompanhados pela mecânica alemã Gaby Teller (Alicia Vikander), os dois espiões têm a missão de impedir a concretização dos planos da aristocrática Victoria Vinciguerra (Elizabeth Debicki), uma simpatizante do nazismo que sequestrou o cientista Udo Teller (Christian Berkel), pai de Gaby, para construir uma bomba nuclear.

Assim, acompanhamos o trio na execução de sua tarefa em meio a uma série de reviravoltas, características dos filmes de Guy Ritchie. Aliás, O Agente da U.N.C.L.E. é o filme que mais se aproxima dos primeiros trabalhos do cineasta britânico. Ritchie (que roteirizou o filme ao lado de Lionel Wigram) consegue aqui realizar um trabalho que lembra bastante o divertido Snatch - Porcos e Diamantes (até os créditos iniciais remetem a este), no que diz respeito ao bom humor, aos planos e movimentos de câmera inventivos, e a trilha sonora marcante e eclética que abrange intérpretes como Nina Simone, Solomon Burke e até Tom Zé (!). Destaque especial para o design de produção de Oliver Scholl e os figurinos de Joanna Johnston, que deram um ar de glamour para a década de 1960, fazendo com que o filme parecesse um luxuoso desfile de moda.

Dito isto, é inegável que a força motriz de O Agente da U.N.C.L.E. seja a química de Henry Cavill e Armie Hammer, que não precisam se esforçar para serem durões e charmosos, ao mesmo tempo em que presenteiam o espectador com momentos que oscilam entre o humor e a tensão. Tal qual a Guerra Fria, as interações entre os personagens de Cavill e Hammer são marcadas por competitividade, seja ao discutirem sobre moda, ao rastrearem as escutas um do outro, ou ao se exibirem com seus dispositivos típicos de filme de espião. Alicia Vikander contrapõe sua aparente fragilidade com uma personalidade forte e uma agressividade que parece prestes a explodir por meio de seu olhar. No papel da aristocrática vilã Victoria Vinciguerra, Elizabeth Debicki exibe uma combinação de requinte e frieza, cujos bons modos ocultam uma persona ameaçadora e extremamente perigosa.

Contando com boas atuações de todo o elenco, a direção segura de Ritchie e uma trama ágil e dinâmica, O Agente da U.N.C.L.E. é um filme de ação divertido e mordaz. São 116 minutos que entretêm e fazem valer a pena a ida ao cinema.

O Agente da U.N.C.L.E. 3477476998001908481

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