[Review] True Detective 2x04/05 - Down Will Come/Other Lives

Ninguém se importa.

Na minha última review falei de um deadline que eu havia estabelecido para mim mesmo, com a finalidade única e exclusiva de reduzir minha falta de paciência com esse segundo ano de True Detective. Dois episódios se passaram, uma quinta hora chegou ao fim e com mais da metade da temporada apresentada digo sem medo que: sim. Nic Pizzolatto errou feio. Conhecendo as séries da HBO é bem provável que a reta final pise no acelerador e até ganhe um certo gás, porém é impossível deixar de lado o que foi feito até aqui, ou melhor, o que não foi feito. Nenhum dos três protagonistas despertou alguma empatia mais forte do que um pequeno sorriso de canto de boca durante as tiradas espertas de Ani. Nenhuma das conduções que levaram às revelações sobre o verdadeiro motivo por detrás da morte de Caspere soou minimamente bem sacada. E é certo dizer que em termos de identidade visual a temporada em nada fica devendo aos procedurais mais genéricos da CBS.

Muita gente que desistiu da trama alegou estar perdida com a quantidade de personagens que não se conectavam, de forma que o interesse foi se esvaindo. Na verdade a história não tem nada de complicado, e se você esteve voando nas últimas cinco horas a culpa é da falta de unidade demonstrada por Pizzolatto. Um exemplo perfeito é o que acontece em Down Will Come. Ao invés de ganharmos tempo de tela para que Ani, Paul e Velcoro destrinchem mais das mentiras que a família de Chessani vem contando, ou mesmo entendam o porquê das coisas roubadas de Caspere terem parado numa loja de penhores mexicana, são infinitos minutos de Frank buscando se reerguer no mundo do crime que vão tomando espaço. O pior é que isto reflete diretamente na estranheza que a súbita batida policial num laboratório clandestino de drogas causa ao fim do episódio.

Sim, a sequência foi excelente, porém figurou como uma daquelas lições da escola AMC de TV onde "nada acontece em quarenta minutos, mas uma bomba atômica pode acontecer nos dez minutos finais e está pronto o 'NOOOOSSA! MELHOR EPISÓDIO DO ANO!'". Eu estaria batendo palmas ao fim do confronto visceral se um mínimo de escopo dramático houvesse sido programado para culminar naquilo ali. O mais interessante mesmo foi a morte do detetive Dixon que, segundo as informações desenterradas por Paul, era o infiltrado do time. 

Tirando isto, mais uma vez é Ani (e seu misterioso passado) que promete o link - sim, ainda temos promessas - mais surpreendente para reta final. Eliot Bezzerides conhecia tanto Pitlor quanto Caspere e Chessani. Se o guru tem alguma coisa haver com o serviço de prostituição patrocinado pelos seus antigos amigos eu não sei, porém tem caroço nesse angu e a julgar pela sorte quase breakingbadiana da detetive - o desaparecimento aleatório que Ani e seu parceiro investigaram no piloto estava comodamente ligado à morte de Caspere -, não duvido de que Elliot seja um dos cabeças do serviço de escorts ou mesmo tenha parte em algo que iniciou a empreitada.

Velcoro e Paul também foram bem nos seus dramas pessoais, só que a falta de substância no quesito simpatia conseguiu me empurrar para longe das histórias deles. Colin Farrell é sem dúvidas o melhor ator no elenco - a expressão de pesar e ódio que ele imprime no rosto de Velcoro ao descobrir que foi usado por Frank arrepia de verdade -, porém, também é bom ver Taylor Kitsch deixando a costumeira máscara de cera - leia-se atuação - de lado ao interpretar a tristeza que Paul sente por negar a si próprio.

No fim, ficamos no aguardo da resolução dos ganchos que levam Ani e Paul de encontro à antiga comunidade da detetive, e quem sabe do real local em que Caspere morreu, bem como das consequências que virão após o ataque de Velcoro contra Pitlor, ou depois do face-off entre ele e Frank. True Detective promete, uma oitava vez, estourar com um segundo ano bombástico... No entanto cumprir, meus amigos, são outros quinhentos. 

P.S.1: Quanto que a gente vai demorar a descobrir que a bartender com a cicatriz também está ligada ao Caspere? Do jeito que as coisas andam, acho que não muito. 

P.S.2: As DR's do Frank com a esposa se mostraram importantíssimas para a trama, não é mesmo? Inclusive quero um spin-off dos dois tentando engravidar.

P.S.3: Cortaram a melhor música que a Lera Lynn - a moça que canta no bar - compôs para temporada. Assim não tem como te defender True Detective.