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[Review] Game of Thrones 5x10 - Mother's Mercy (Season Finale)

A última expiação.


A última expiação.

Quando eu estava nas derradeiras páginas do quinto livro das Crônicas de Gelo e Fogo, só conseguia pensar no quão catártico os principais eventos pensados por George R.R. Martin seriam em Game of Thrones. O que foi construído pela série nestes últimos cinco anos culminaria num evento que, por mais que se encontrasse num ponto do livro distante dos cliffhangers mais chocantes que já tínhamos visto, ainda assim traria uma sensação de redenção tão forte quanto o nascimento dos três dragões lá no fim do primeiro ano. Assim, a forma como o destino de Cersei foi construído nessa quinta temporada figura como um daqueles exemplos de boa TV que a HBO sempre consegue dar, independente da opinião mais negativa que você tenha sobre o show.

Tenho certeza que muitos já tinham lido sobre a tal "Caminhada da Vergonha", e tenho ainda mais certeza que a maioria do público - aqui, os que não leram a obra original - esteve torcendo para que a leoa sofresse o pão que os Sete amassaram. O importante, na verdade, é que da mesma forma que o capítulo de Cersei em Dança dos Dragões chocava e emocionava pelo desconforto, o trabalho de Benioff e D.B Weiss, na série, criou a mesma sensação. Não vi ninguém na noite de domingo esbravejando um "isso mesmo, ela merece!". Todo mundo emudeceu diante da expressão da atriz Lena Headey. Todos só esperavam que Cersei Lannister chegasse o mais rápido possível à Fortaleza Vermelha. Por dez minutos nós fomos #TeamLannister. Por dez longos minutos enxergamos o mal hediondo que um governo teocrático é capaz de despertar.

E a família dourada não pagou pelos seus crimes apenas com a humilhação pública. Em Dorne, Ellaria Sand teve sua vingança pela morte de Oberyn. Myrcella morreu nos braços do pai, quando o próprio Jaime se via desarmado de todas as suas mentiras pela primeira vez na vida. É trágico e ao mesmo tempo arrepiante pensar que se tais eventos tivessem acontecido há três anos estaríamos curtindo a toada "olho por olho", já que os Stark um dia foram a família que estava desmoronando graças aos planos de Tywin, Cersei e Jaime. No entanto, foi com um sentimento de pesar que assistimos tudo seguir os rumos mais obscuros. Afinal, era um pai perdendo a filha que ele mesmo foi resgatar.

Tyrion foi o único leão que terminou bem. Pela segunda vez seguida o anão vai governar um reino deixado às traças. A comitiva de dois homens que sai em busca da rainha dos dragões deixa o campeão mais subestimado de Westeros para por ordem em Meereen. Já Dany aprende que um filho adolescente e de barriga cheia não quer outra coisa senão dormir. Confesso que nunca tinha rido com tanta vontade na série, mas o momento "Ash e Charizard" de Daenerys e Drogon foi inspirado demais para não cair no riso fácil. O reencontro da Targaryen com um khalasar - será que aqueles são os companheiros de Khal Drogo? - nas planícies do Mar Dothraki também nos presenteou com um dos quadros mais lindos da história de Game of Thrones. O diretor David Nutter merece aplausos para os feitos técnicos desta última hora.


Na muralha, Jon Snow seguiu os conselhos de meistre Aemon e "matou o garoto". Suas decisões, por mais arriscadas que tenham sido, foram tomadas pensando num longo prazo. O inverno já está no norte de Westeros, e salvando os selvagens de Durolar ele diminuiu o exército do Rei da Noite. Infelizmente, os patrulheiros não enxergaram este comandante. Jon perdeu Sam, que seguiu até Vilavelha para proteger a mulher que ama. Ele também descobriu o destino do exército de Stannis com a chegada de Melisandre. Talvez essa aparente vulnerabilidade tenha sido a ponta que os seus irmãos na patrulha estavam esperando. O fim de Jon Snow rima em causa com o de Ned. O rei corvo parte sem ninguém no mais frio sopé de toda Westeros.

E de reis findados tivemos também um desfecho para Stannis. Na verdade, um final para todo o seu exército. Casar a trama em Winterfell com a derrota dele, a vingança de Brienne e a fuga de Sansa, sem dúvidas, foi uma porta para as sequências mais tensas da quinta temporada. A donzela de Tarth vingar Renly e Sansa conseguir escapar de Ramsay com a ajuda de Theon foram outros números do balé dramático que os roteiristas construíram milimetricamente. É até irônico pensar nas críticas injustas que os caras receberam quando tanta coisa grande e apoteótica só conseguiu tomar forma por conta do empenho desprendido pelas tramas "chatas" que aconteciam e poucos deram a devida importância.

Por fim, para falar de Arya basta relembrar um pouco a sua trajetória e ver o quão intensa deverá ser a transformação pregada pela Casa do Preto e Branco. O assassinato de Meryn Trant - com os devidos requintes de crueldade - ainda é fruto do seu passado com o Cão, mas a garota usou as armas e símbolos do seu novo lar para riscar mais um nome da sua lista. O preço que ela paga na cena final é tão alto quanto as outras moedas de sangue que nós vimos ser trocadas durante a finale. Já podemos dizer que o futuro de sombras escrito para o próximo ano de Game of Thrones nunca esteve tão certo. Cada um com suas trevas particulares e a gente torcendo para que abril de 2016 chegue logo. Não é mesmo?!

P.S.1: E quando falo na torcida para ver a continuação dos diversos ganchos é principalmente da estadia de Melisandre na muralha que eu estou falando. Será que o rei corvo ainda tem alguma chance?

P.S.2: Digamos que eu também quero conhecer mais da nova escolta real de Cersei. Curioso, sim ou claro?!

P.S.3: Mindinho some, mas Varys aparece. Eu estava esperando por esse retorno. Excelente, por sinal.

P.S.4: Vamos lá, Daenerys, a gente tem que te passar o contato de algum curso tipo Como Treinar o Seu Dragão, porque assim não vai dar para conquistar nem Dorne, que terminou mesmo sendo um reino de seis pessoas.

P.S.5: Até ano que vem e obrigado pela audiência, pessoal.

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