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[Review] The Leftovers 1x08 - Cairo


Cairo foi um episódio tão movimentado que chega a ser difícil analisá-lo de forma concisa. Fato é que, neste oitavo episódio, The Leftovers dá um tapa na cara dos haters e novamente mostra a que veio, conseguindo ir do susto à surpresa e à assombração em questão de segundos.

Depois de uma temporada de lenta construção e desenvolvimento, Cairo pega a maioria dos personagens e procura dar uma direção a ser explorada nos próximos dois episódios, e, devo dizer, nenhuma me decepcionou ou falhou em surpreender ao menos um pouquinho. Esta primeira temporada inteira se construiu em volta de uma tensão crescente entre a cidade e os Remanescentes; Cairo apenas confirma nossas suspeitas: de que o clímax se dará num conflito maior entre os RCs e os outros deixados para trás. E, se vocês querem saber, mal posso esperar para ver como isso vai acontecer.

Quanto aos personagens, Cairo foi um belíssimo exemplo não só de dor, mas de suspense e tensão. A trama de Kevin, novamente focada em sua possível loucura, foi um grande tapa na cara cheio de respostas - algumas surpreendentes, outras nem tanto, mas todas muito satisfatórias para a linha de desenvolvimento desta temporada. Esta trama, cheia de cenas riquíssimas, como a tensa sequência final, finalmente me fizeram gostar genuinamente de Kevin. Jill também não ficou atrás; Cairo entregou os melhores momentos da personagem, e, mesmo que o núcleo adolescente não seja tão talentoso quanto outros nomes do elenco, Margaret Qualley interpretou maravilhosamente em suas cenas mais exigentes. A bem da verdade, Jill é uma personagem que me intriga desde o piloto, com sua necessidade absurda de se distrair da dor e do luto, mesmo que para isso precise ir a seu limite físico e emocional. A personagem sempre teve muito potencial, mas parecia perdida até então, sempre condenada a pequenas cenas soltas em determinados episódios. Agora, entretanto, ela parece finalmente ter encontrado um bom caminho. Sua trama neste episódio, sobre seu desejo de acreditar que é possível superar a dor, foi uma das coisas mais tristes da série até então. É possível que ela logo se torne uma das melhores personagens de The Leftovers; basta continuar a ter o tratamento certo.

Temos ainda mais um plot focado nos Remanescentes que, para mim, têm as melhores histórias da série, apesar de não terem os personagens mais simpáticos. A Meg de Liv Tyler mais uma vez foi destaque, afrontando a ideologia dos RCs e brilhando em absolutamente todas as cenas. Meg é, sem dúvidas, a melhor personagem deste núcleo, e passei a gostar ainda mais dela neste episódio. Fora ela, também tivemos uma boa movimentação no plot como um todo; como dito acima, o conflito maior parece cada vez mais próximo, e a presença dos Remanescentes no centro deste torna tudo ainda mais interessante.

O ponto fraco deste episódio foi o quesito técnico. A direção de Michelle MacLaren foi satisfatória e até mesmo inspirada, mas não perfeita. Houve um excesso de closes que nem sempre foram a melhor escolha para entregar a intensidade emocional de determinadas cenas, assim como uma certa pobreza no conceito visual de certos momentos, como na confissão do segredo de Aimee para Jill - culpa não só da direção, mas do roteiro também. Mas, mesmo com essas perfeições, deve-se elogiar o estilo de MacLaren, que trouxe um clima quase que de cinema europeu para Cairo, com uma possível influência de Lars Von Trier que, apesar de não ter funcionado sempre, fez certas cenas crescerem em ambição.

Muito possivelmente o melhor episódio até aqui, Cairo é o prólogo de um final possivelmente arrasador. Agora, sim, posso dizer o quão encantado estou novamente com The Leftovers. Fazer o quê, a série me ganhou de volta. Mal posso esperar pelo próximo domingo, e mal posso esperar para saber onde esta temporada vai acabar - e onde a próxima vai começar.


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