loggado
Carregando...

[Resenha] Floresta dos Corvos

Uma ideia interessante, porém mal executada.


Uma ideia interessante, porém mal executada.

Floresta dos Corvos é aquele livro que te chama a atenção de longe por um detalhe apenas: a capa. A belíssima e detalhada capa se destaca dentre outros lançamentos, e abre as portas para a sinopse e, por fim, a compra do exemplar. Foi o que aconteceu comigo. Entretanto, a beleza exterior e a premissa interessante não conseguem salvar Floresta dos Corvos da monotonia, e uma promissora nova série juvenil acaba prejudicada pela indulgência de seu autor.

O livro conta a história de Ark, um jovem encanador que vive no país suspenso de Arborium, construído em cima das últimas árvores do mundo. A vida de Ark passa a correr perigo depois que ele testemunha uma conversa entre conspiradores que planejam entregar Arborium ao domínio ditatorial de Maw, um império feito de vidro e metal que planeja usar a madeira como matéria-prima e os habitantes do país como escravos. Ark é o único que conhece o segredo, e, para salvar seu lar, deve não só sobreviver para contar a história, mas também desvendar as lendas ancestrais de seu povo sobre a deusa Diana.

A mitologia de Floresta dos Corvos é riquíssima e muito criativa, e este é um dos motivos pelos quais a sinopse se torna tão chamativa. Desde as primeiras páginas, o leitor mergulha num mundo extremamente detalhado e muito diferente do comum da literatura fantástica juvenil, de modo que é difícil não se encantar à primeira vista. O problema é que uma fantasia - bem como qualquer outro gênero - não se faz com apenas premissa e mitologia interessantes. 

Floresta dos Corvos peca, principalmente, por seu desenvolvimento inconstante. Existem muitos personagens, cenários e acontecimentos diferentes, e, na variação entre estes, a trama se perde em tom e ritmo. Os três atos diferem bastante neste quesito, sendo o clímax uma questão especial, ao exibir violência em excesso, desnecessária e gratuita, especialmente para um livro para um público infantil. É tamanho exagero que a trama não se move pelas mais de 50 páginas da batalha, que anda em círculos e poderia muito bem ser resumida em 20 páginas ou menos. Além disso, os personagens são meras caricaturas, carecendo de desenvolvimento, e a narração do autor Andrew Peters é desinspirada e massante. Peters parece mais preocupado em construir seu estilo de narração e seus personagens segundo convenções do gênero do que em trazer real profundidade a eles. De fato, o problema todo é este: a incapacidade que este livro tem de manter nosso interesse após as primeiras e instigantes páginas. 

Apesar de reviravoltas empolgantes e uma mitologia em constante expansão que volta e meia nos surpreende, Floresta dos Corvos não consegue marcar o leitor e é, no máximo, uma ideia promissora nas mãos do autor errado: devemos exaltar a ideia, mas lamentar o desenvolvimento. O público-alvo pode até se divertir e tirar algumas boas lições ambientalistas da leitura, mas qualquer leitor mais velho e mais experiente sentirá o peso de cada página.


Resenhas 3996359635445109259

Postar um comentário Comentários Disqus

Página inicial item