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[Top 5] Filmes: Faroestes Modernos


Por muitos anos, o Faroeste foi o gênero de ouro do Cinema norte-americano. Produções como Por um Punhado de Dólares, Três Homens em Conflito - estes dois primeiros, ainda com participação italiana, visto que o início do gênero se deu no país europeu -, O Homem Que Matou o Facínora, Sete Homens e um Destino, Onde Começa o Inferno e, por fim, Dança com Lobos, foram alguns dos expoentes desta era nacionalista, que relembrava o passado norte-americano com glória e conquistava a Sétima Arte. Seu grande sucesso pode ser justificado por uma era de grande conservadorismo político, na qual ainda temiam-se os conflitos militares e refletia-se sobre as crises do sistema americano, o que levava o público a buscar uma solução escapista - bem como ocorreu durante a crise de 1929 - que lembrasse-os da glória de seu passado. Ainda que por razões questionáveis, o notável Western deixou um grande legado artístico.

Em 1992, Clint Eastwood, um dos maiores astros da grande fase do gênero, então já envelhecido, realizou o tocante Os Imperdoáveis, obra que claramente era um olhar para trás do mestre, ao realizar a despedida do gênero que o consagrou. O longa marcava, também, o final daquela era do Faroeste. Embora algumas produções posteriores ainda tenham tentado resgatar integralmente o antigo Western - sem sucesso -, com a obra de Eastwood ficou claro que, a partir daquele momento, esta vertente do Cinema teria que se reinventar para sobreviver, ou estaria fadada ao fracasso.

Desde então, a intensidade dos lançamentos do gênero diminuiu, bem como seu sucesso comercial. Um bom número de títulos, porém, conseguiram adequar-se à esta necessidade de reinvenção sem deixar o estilo do Faroeste de lado - inclusive com cineastas como Quentin Tarantino, que mesmo com filmes de outro gênero, trazia em seus projetos a alma do Western -, e garantiram a sobrevivência do gênero com louvor. São os Faroestes Modernos.

Nesta semana, estreia nos cinemas brasileiros mais um exemplo - ainda que mediano - dos citados, o romance Amor Fora da Lei, e aproveitamos a ocasião para citar cinco filmes que, nos últimos anos, foram alguns dos mais interessantes responsáveis por manter o Faroeste muito bem vivo. Confira:


5. Django Livre
Django Unchained (2012)

Como já dito, Quentin Tarantino realiza, na maior parte de seus projetos, longas cuja estrutura remete diretamente ao Western - o cineasta Sergio Leone é uma de suas claras inspirações -, mas em 2012 decidiu finalmente realizar um legítimo Faroeste. Em Django Livre, o personagem-título, vivido por Jamie Foxx (de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro), um escravo liberto por Dr. King (Christoph Waltz, de O Teorema Zero), apropria-se de sua liberdade para vingar-se do cruel Calvin Candie (Leonardo DiCaprio, de O Lobo de Wall Street), e ter sua amada de volta aos seus braços. O cineasta, claro, aproveitou a oportunidade para realizar uma subversão do gênero, utilizando-se do contexto normalmente abordado nas produções clássicas do movimento para fazer uma releitura do mesmo. Veja bem, um negro é o herói, auxiliado por um europeu na desconstrução de um período de predominância do progresso norte-americano. Numa obra absolutamente divertida - ainda que lá com seus excessos - e com uma memorável trilha sonora, Tarantino desconstrói a escravidão e o próprio contexto de ouro do Faroeste. Logo nos primeiros minutos, o personagem de Waltz atira num cavalo - animal-símbolo do gênero -, e não há maior indício do que este do que estaria por vir.


4. Bravura Indômita
True Grit (2010)

Desta lista, talvez este longa dos irmãos Coen seja o que menos propõe uma revolução nas vertentes do Faroeste, trazendo todos os elementos clássicos do gênero - afinal de contas, é uma refilmagem da produção de 1969 que deu o Oscar de melhor ator para John Wayne -, porém, prestou um grande serviço à sobrevivência do mesmo através de sua admirável arrecadação nas bilheterias - faturou 252 milhões de dólares mundialmente -, mostrando como o público ainda estava interessado em ver produções do tipo. Em outra jornada de vingança, desta vez protagonizada pela jovem Mattie Ross (Hailee Steinfeld, de Ender's Game - O Jogo do Exterminador), com a ajuda do lendário Rooster Cogburn (Jeff Bridges, de R.I.P.D. - Agentes do Além) e do confuso LaBoeuf (Matt Damon, de Caçadores de Obras-Primas), a relação desenvolvida entre a garota e o rabugento - interpretação memorável de Bridges - é quem ganha o foco, deixando acertadamente a ação em segundo plano, e engrossando a lista de bons filmes da sua dupla de diretores - e esta dupla, em nome da honra do gênero que representavam, deixaram algumas de suas habituais subversões de expectativas de lado, optando por uma trama mais tradicional, e neste caso, a mais adequada.


3. Os Indomáveis
3:10 to Yuma (2007)

Este é daqueles filmes que já merecem um resgate. Certamente o mais subestimado da lista, o excelente Os Indomáveis traz o símbolo Dan Evans (Christian Bale, de Trapaça) - no sentido de ser o bom homem dedicado à família e ao cumprimento de um dever -, destinado à difícil missão de carregar o implacável criminoso Ben Wade (Russell Crowe, de Noé) até um trem no qual este rumaria à prisão. Com duas atuações competentes de seus protagonistas - encarando o espírito do gênero com grande habilidade; o primeiro, vulnerável para provocar a verossimilhança, o segundo, interpretando o clássico vilão oestino, que parece não ter emoções -, o grande mérito do longa de James Mangold localiza-se, especialmente, nas sequências de ação. Os grandiosos tiroteios são dignos dos clássicos do gênero e conseguem estabelecer a atmosfera de urgência e risco graças à ótima construção de personagens realizada.


2. Rango
Rango (2011)

Sim, uma animação. Creio que isto já basta para expor o grande fator de inovação trazido por Gore Verbinski neste projeto, mas não se engane, não é por ser uma produção predominantemente destinada ao público infantil que ela deixe de lado as características do Faroeste. O personagem-título, cercado por lendas e heroísmo em torno de sua existência, é um camaleão símbolo do cenário do oeste, quente e desertificado. A cidadezinha na qual ele cai é uma reflexão de seu próprio gênero: está em decadência e busca um xerife. O camaleão acidentalmente acaba surgindo como o que eles precisavam. Rango, acidentalmente ou não, tornou-se um dos símbolos do Faroeste Moderno.


1. Onde os Fracos Não Têm Vez
No Country For Old Men (2007)

Antes de realizarem o remake Bravura Indômita, Joel e Ethan Coen já haviam revitalizado o Faroeste de maneira notável. Onde os Fracos Não Têm Vez, vencedor do Oscar de melhor filme em 2008, é uma espécie de faroeste urbano, fugindo de seus cenários habituais para propor a legítima modernização do gênero. No interior norte-americano, Llewelyn Moss (Josh Brolin, de Refém da Paixão) é um de seus cidadãos típicos, que, embora não realize tudo o que é certo, busca dignidade, e ao encontrar acidentalmente uma mala de dinheiro, não percebe o problema em que se meteu, passando a ser buscado pelo assustador psicopata Anton Chigurh (Javier Bardem, de O Conselheiro do Crime, em interpretação fabulosa), numa perseguição que parece nunca estar por terminar. Construindo uma perspectiva pessimista acerca de seu cenário, o longa constrói personagens marcas do Western, de poucas palavras e atitudes friamente calculadas, no cumprimento de seus objetivos - e aquele que não consegue se encaixar nesta característica, não sobreviverá. Obra povoada por ótimas sequências de ação, personagens instigantes e alguns momentos absolutamente marcantes, Onde os Fracos Não Têm Vez é o sinal de que os tempos adaptam-se.


Vida longa e próspera ao Faroeste.
Sinta-se convidado a adicionar títulos a esta lista, ou mesmo contestar aqueles que a compõem, através dos comentários. Até a próxima!
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