[First Look] The Strain 1x01 - Night Zero

“He is here.”

Quando se fala no cinema fantástico contemporâneo, o nome do cineasta Guillermo Del Toro é um dos primeiros que surge ligado a sinônimos de qualidade e inventividade. Desde que ganhou notoriedade com o cultuado O Labirinto do Fauno, Del Toro passou a ter suas produções cercadas de altas expectativas, e não seria diferente com uma série assinada pelo mesmo. The Strain, a maior aposta do canal FX para a Summer Season, é baseada na trilogia literária de nome homônimo, escrita não só por Del Toro como também pelo premiado autor Chuck Hogan (Prince of Thieves). Contando a história de uma misteriosa infecção que chega a Nova York na forma de um trágico voo internacional (lembrar de Fringe é livre, hein?), somos guiados pelo prelúdio de uma trama soturna e visceral, que trás na sua abordagem científica o diferencial para o gênero do horror.

O que mais me agradou no piloto de The Strain foi a forma concisa e empolgante com a qual o roteiro do episódio vai apresentando a trama principal. Conhecemos o protagonista Dr. Ephraim Goodweather (Corey Stoll), um infectologista workaholic do CDC, que está em um embate conjugal com a ex-esposa, para logo depois ver o cara ser jogado em meio ao caos do aparentemente incompreensível caso do voo Regis Air. Ao mesmo tempo, vários outros personagens e núcleos vão sendo inseridos e a cada nova peça apresentada, a sensação de que algo muito errado e nem um pouco auspicioso aconteceu com o avião, vai crescendo de uma forma assustadora.

Pistas sinistras como: um coração vivo dentro de uma jarra numa velha loja de penhores do Harlem Espanhol; um caixão de 3 metros todo entalhado com caveiras e escrituras antigas; parasitas que parecem a todo custo querer encontrar um hospedeiro, ou mesmo o encontro entre um empresário moribundo e um sinistro alemão, vão nos deixando cada vez mais curiosos... e adianto para vocês que a segunda (e brutal) aparição do vulto esfarrapado responsável pelo destino final da aeronave é fácil uma das melhores sequências de gore desse 2014.

Sem um elenco simpático, nem a melhor das histórias iria para frente, porém The Strain consegue, graças à boa parte do time principal, convencer e fazer sua trama soar verossímil. David Bradley (o eterno zelador Filch de Harry Potter) é desde a sua primeira aparição o personagem que mais empolga. O velho Abraham Setrakian tem tudo para ser o coroa badass que todos vão amar. A equipe de Eph composta pela Dra. Nora Martinez (Mía Maestro) e pelo assistente Jim Kent (Sean Astin), também tem um desenvolvimento bem interessante – inclusive um twist curioso envolvendo a lealdade de um deles num momento decisivo do episódio –, o mesmo vale para o núcleo por detrás das mortes no avião. O alemão Eichorst (Richard Sammel) e o magnata Eldritch Palmer (Jonathan Hyde) têm diálogos excelentes e recheados de uma malícia conspiratória, que vão deixando mais e mais perguntas sem nunca soar presunçosos demais.

Com uma sinistra narração em off de Setrakian, o episódio termina com um cliffhanger de dar calafrios. Mas a maior certeza que eu tive ao fim dos 71 minutos de piloto é que, se continuar nesse nível, The Strain vai ficar fácil com o posto de melhor série de horror na minha grade. A máxima “In Del Toro we trust” nunca me pareceu mais conveniente. O cara é mestre, de verdade.

P.S.: Só uma coisa, como faz para ouvir “Sweet Caroline” novamente sem lembrar-se da sequência no necrotério?! Creeeeeeeeeeepy!!