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[Review] The Americans 2x01/02 - Comrades/Cardinal

Entre o patriotismo e a paranoia.


Entre o patriotismo e a paranoia.

Se o cerco organizado pelo FBI na finale passada de The Americans já deixava claro os rumos ainda mais sombrios que a série iria seguir, os dois densos episódios de retorno chegam apenas para confirmar esta constatação. Depois do foco nos dilemas enfrentados pelas diferentes ideologias de Elizabeth e Philip, é a família Jennings em si que agora entra como principal ponto de tensão, já que pela primeira vez o casal de espiões tem de lidar com o fato de que não só eles, mas Paige e Henry, também são alvos da sua condição. Toda essa mudança tem início quando os Jennings partem para mais uma missão ao lado de outro casal, Emmett e Leanne Connors, e um desfecho nenhum pouco auspicioso de uma última entrega põe Elizabeth e Philip no centro de uma misteriosa operação que pode custar à vida de toda a sua família.

Comrades trabalha com uma elegante sutileza toda a evolução que vimos nos protagonistas de The Americans. A metáfora estabelecida com o bando de cervos (mãe e dois filhotes) que Elizabeth quase atropela ao voltar da recuperação é belíssima, quando percebemos o panorama geral depois do trágico fim dos Connors. Não é segredo para ninguém que o roteiro de Joel Fields e Joe Weisberg sempre opta pelo desenvolvimento dos personagens ao invés de sequências mirabolantes de ação, porém nem por isto o episódio deixa de ser tenso. Philip no bar com os contrabandistas afegãos – tenho certeza que a peruca arrancada foi para zoar um pouco – e todo o suspense no parque em Alexandria após os Jennings encontrar parte da família Connors executada, é de um horror ímpar, pois a gente se importa de verdade com os personagens.

Mesmo tendo a sensação de estar tão no escuro quanto os Jennings após todo o ocorrido, a provocativa sensação de perigo estabelecida consegue despertar uma paranoia semelhante a de Elizabeth. E mal sabe ela que é Paige a verdadeira bomba-relógio, ou melhor, o “inimigo” silencioso dentro da sua própria casa, já que a curiosidade da garota pelos misteriosos cochichos e escapadas dos pais deve revelar o disfarce deles, pelo menos dentro da família.

No FBI, o fracasso da operação com o Coronel pôs a credibilidade de Stan em cheque e Gaad continua tendo de lidar com a misteriosa morte de Vlad, mesmo sabendo que foi Stan em retribuição ao assassinato de Amador. O fato deles acreditarem que o misterioso casal de espiões foram mortos ou ex-filtrados na operação, deve tirar os Jennings da mira do FBI por hora, porém, mesmo assim, eu acho que os planos de Arkady Ivanovich para Nina (oficialmente uma agente tripla) vão colocar Stan novamente na direção do casal. Por falar nisto, eu tenho tanta pena de Sandra quanto de Martha. A primeira continua sendo enganada por Stan, que cai no papo mole de Nina fácil, fácil e se apaixona cada vez mais pela russa; já a segunda, vê em Clark (valeu por terem melhorado a peruca do Philip, produção) um porto seguro, que como bem deu para perceber, está prestes a desmoronar. 


Ao invés de diminuir a tensão, Cardinal pega a morte dos Connors e coloca Philip e Elizabeth numa das primeiras missões pessoais em de The Americans. Eu confesso que alguns seguimentos do episódio foram meio confusos – o chamado de Elizabeth pela agente Sandinista, por exemplo –, mas toda a sequência de Philip na casa do contato dos Connors me arrepiou. Fred só tinha a cara de bandido mesmo por que no fim, pelo que eu entendi, ele era tipo uma Martha mais envolvida e mantinha um caso com Emmett que se dizia chamar Paul. Se nem o FBI e nem a KGB foram os responsáveis pelo fim dos outros agentes, eu começo a suspeitar que teremos algo com os afegãos (notem que no telejornal na casa de Martha falava deles mais uma vez), ou quem sabe com a CIA.

Para convencer Stan mais uma vez, Nina continua a vender uma pista falsa sobre o tal Oleg Igorevich, que como bem disse Arkady, só está na Rezidentura por conta dos contatos da família dele. O tal “afiliado” que apareceu por lá também deve ter destaque nos próximos episódios e minha curiosidade mesmo é como isso vai se conectar com o tal modelo dos propulsores, que deveria ter sido passado para os Connors.

The Americans continua se movimentando e se cercando por um clima de paranoia generalizada, mas sem perder o tato para estabelecer dramas reais num cenário tão inventivo, e é esta a fórmula de sucesso que alavancou a série ao status de “essencial” no seu primeiro ano. Eu continuo fascinado pela trama desconstruída e reconstruída com tanta simplicidade e classe, e por mim o casal Jennings, suas perucas, disfarces e afins, terão sempre um espaço especial. Afinal, nem só de série ruim vive a TV.

P.S.: Que constrangedora a cena em que a Paige pega os pais num 69. Sei lá, eu acho que eu fugiria de casa se isto acontecesse comigo.

P.S. 2: Anos 1980 com Indiana Jones, Star Wars e com o Jogo da Vida. Mais uns pontinhos para produção.

P.S. 3: Para os fãs de True Detective, quem mais gostou do Philip disfarçado de Rust Cohle?

P.S. 4: Menção à Claudia. Só ela mesmo para melhorar ainda mais, o que já é muito bom. 

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