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[Review] True Detective 1x02 - Seeing Things


Ao final do primeiro episódio de True Detective, mesmo os telespectadores incomodados com o ritmo da série, certamente ficaram instigados e ansiosos para o próximo capítulo daquela jornada que haviam começado a acompanhar. Eis, então, o segundo episódio.

Com o tempo passando e as investigações evoluindo pouco, os superiores de Rust e Martin passam a cobrá-los que encontrem o responsável pelo assassinato investigado de forma mais rápida. O empenho dos detetives, consequentemente, é dobrado e a tensão sobre suas mentes é crescente. Mas isto, certamente, não é algo tão incomum em suas rotinas. Descobrimos que, para sustentar o casamento e aliviar as tensões do cotidiano, Martin trai a esposa - uma saída comum às produções policiais com personagens deste tipo, é verdade, mas nem por isto menos competente - e Rust, por tantos traumas e tensão acumulada, sofre com algumas alucinações - um elemento recém-conhecido e, certamente, aplicará uma nova visão para alguns elementos relacionados à investigação que devemos ver em breve -, além de - como já sabemos - ter sérios problemas para dormir. Durante todo o período de trabalho investigativo narrados neste Seeing Things - veja a alusão às alucinações do misterioso Cohle, desde o título -, há pouca evolução do caso criminal da série, é verdade, mas isto é claramente intencional, pois, na realidade, sabemos que assassinos não são encontrados em 40 minutos, e sequer temos equipes grandiosas sempre à disposição da polícia local para encontrá-lo - equipe pedida pelo policial vivido por McConaughey ao delegado, em determinado momento.

Creio que, neste segundo episódio, temos uma boa ideia de como teremos o desenvolvimento da jornada narrada durante todo o "meio" da série, afinal, se no episódio inicial tivemos como diferencial o elemento da apresentação e definição da personalidade das personagens, e nos episódios finais teremos as resoluções da obra, durante este capítulo e alguns de seus sucessores, teremos o progresso cadenciado da investigação - é elementar a dedicação de toda esta temporada a apenas um caso, para seu desenvolvimento ser o mais verossímil possível - e, como diferencial, inserções de pequenos e interessantes detalhes sobre a personalidade das personagens e a presença dos eventos que influenciarão para a situação em que estes chegaram na altura dos depoimentos.

Temos, por exemplo, a descoberta de que o "homem comum", investigador com boa reputação, chefe familiar e com princípios conservadores, Martin, na verdade contraria os próprios princípios ao trair a esposa - algo explicitado numa cena responsável, ainda, por nos entregar como bônus uma participação estonteante de Alexandra Daddario -, embora tenha a inválida justificativa de fazer isto apenas para "salvar o casamento", claramente abalado - alguns elementos me fazem crer que, à altura dos citados depoimentos, esta relação já não existe mais -, além de minha consciência ainda me dizer que este não é o único de seus hábitos reprováveis. Embora a performance de Matthew McConaughey seja a mais elogiada - justamente, devo dizer -, há ainda de se dar o merecido destaque ao trabalho de Woody Harrelson, responsável pelas variações no tom de voz de seu Martin para os momentos em que este realiza algo reprovável. O confrontamento físico entre os dois personagens é outro grande momento para a exibição do talento de ambos.

Por fim, destaco tristemente o abandono de alguns planos ricos em linguagem para a definição das personalidades de suas personagens - destaco-os mais em minha review anterior -, que haviam marcado presença no episódio passado e já não estão presentes com tanta força neste, embora pouco façam falta em meio a tantos outros pontos interessantes que ainda devemos descobrir nesta pérola chamada True Detective. E já que trato disto, não poderia deixar de mencionar, claro, dois belíssimos planos nos minutos finais do episódio, um onde temos a igreja em primeiro plano e, ao fundo, a presença de um conglomerado de fábricas, e outro, em seguida, onde Rust observa os pássaros numa possível alucinação - seria a segunda deste Seeing Things, então, pois acredito que a cena onde Martin observa os brinquedos de suas filhas com estranhamento, também trate-se de uma. É, outro ponto merecedor de discussão para novas interpretações e descobertas.

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