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[Homevideo] Riddick 3, Dossiê Jango, A Vida Segundo Sam e Sem Dor, Sem Ganho


A coluna Homevideo chega à última edição deste ano, no qual esperamos ter cumprido nossa missão de informá-los sobre os lançamentos no mercado de vídeo e entregar os argumentos necessários para ajudá-los a escolher as melhores opções neste. Então fique com os filmes abordados nesta edição e nos vemos em 2014:


Riddick 3

Riddick

Após chegar aos cinemas brasileiros sem muito alarde no dia 11 de outubro, a produção de ficção científica estrelada por Vin Diesel (Velozes e Furiosos 6) aterrissa nas locadoras, sem muito a entregar. Após um início promissor da saga com Eclipse Mortal (2000), tivemos uma tentativa ousada no segundo filme, A Batalha de Riddick (2004) de torná-la mais grandiosa, não deu muito certo, porém, e provavelmente por conta disto, nove anos depois existe uma volta às origens, em que o perigoso e valente Riddick acaba abandonado num planeta solitário após ter sido traído em seu próprio reino, mas segue sobrevivendo graças à sua garra e, após ser descoberto, terá de enfrentar, sozinho, as poderosas equipes de caçadores humanos, atrás dele neste planeta em busca de recompensa. Se esta volta às origens traz o que há de mais interessante na produção, traz também seus principais problemas. Se, por um lado, o filme torna-se mais interessante por assumir-se como uma ficção científica menor, com recursos mais simples e mais preocupada em desenvolver suas personagens - algo que, convenhamos, não entrega -, também acaba repetindo excessivamente - por tentar evocar um clima semelhante - o que acontecia no primeiro filme, onde este mesmo protagonista tinha de enfrentar solitariamente as equipes que o caçavam em solo desconhecido, e pouco mudava. A falta de originalidade não tem graça, e somada à série de diálogos embaraçosos na tentativa de tornarem-se frases de efeito, dos estereótipos que rondam todas as personagens das equipes de caça - há o sabichão, o novato, a mulher que existe apenas para exibir suas curvas -, dos efeitos visuais fracos - não me venha defender que "foi de propósito" - e do clima arrastado, acabam dando origem a um dos piores filmes deste ano. Uma pena, pois fica claro que Vin Diesel gosta muito de viver o personagem e funciona muito bem nesta função, onde se diverte e é um dos poucos pontos que podemos salvar na fita, juntamente a um início interessante, disposto a narrar a sobrevivência solitária de Riddick - justamente quando só o ator citado está em cena, veja só -, e que poderia ser o principal foco da narrativa, não apenas do primeiro ato, cuja função aqui é introdutória. Mas depois tudo desanda, sobrando apenas um roteiro disposto a passar todo o tempo de projeção preparando o terreno para um grande evento, que na verdade nunca chega - pois quando parece chegar, a direção falha e a fotografia abusa demais do escuro, impedindo o espectador de visualizá-lo decentemente. Talvez tenha sido melhor mesmo não ver, ou a decepção daqueles que ainda confiavam no potencial da mitologia reciclada que existia ali - como eu - seria ainda maior.


Dossiê Jango


O segmento dos documentários-denúncia - se este realmente for um - é bastante arriscado de se trabalhar, pois prender-se demais ao maniqueísmo na defesa da denúncia que está sendo feita oferece grandes riscos de toda a obra acabar indo por água abaixo. Bom saber que Dossiê Jango - que estreou em alguns de nossos cinemas no dia 05 de Julho e nas últimas semanas chegou ao Canal Brasil -, por escancarar algo tão importante em nossa história, não comete este erro, sendo incompetente apenas para aqueles que rejeitam a aceitação de seu próprio passado. O longa dedica-se a narrar um dos fatos mais importantes e lamentáveis de nossa história, o Golpe de 1964, tudo o que rondou sua causa e seus desencadeamentos, apresentando-se de forma muito bem definida em seu primeiro ato - narrando a eleição de João Goulart, sua importância para o país e as motivações e armações para o golpe -, passando pelo segundo - o golpe em si, a tomada dos militares iniciando assim a ditadura, as tomadas do conservadorismo em diversos outros países latino-americanos e o exílio do presidente deposto - e, então, finalizando sua jornada no ato final, o único em que encontro defeitos, decorrentes da perda de ritmo ocasionada pela decisão de focar-se apenas nas conspirações - por mais embasadas que sejam - em torno da morte de Jango. Afora este último argumento apresentado, posso afirmar que a obra dirigida por Paulo Henrique Fontenelle (Loki - Arnaldo Baptista) funciona quase irretocavelmente como documentário, sendo completo como poucos que tive a oportunidade de ver em termos de arquivo - há imagens impressionantes e praticamente desconhecidas sendo mostradas -, apresentando uma série de depoimentos relevantes - desde figuras culturais comentando sobre o avanço artístico que o Brasil teve durante o breve governo de Jango, até outros exilados políticos da época de sua deposição -, e um conteúdo político extremamente importante, cuja função não reside em defender a posição esquerdista, como muitos afirmam ter sido a de Goulart - e um dos entrevistados, inclusive, contra-argumenta a isto, afirmando que o presidente simplesmente se importava mais com o lado social, mas não era sequer socialista, o que bastou para ter sido alvo do conservadorismo capitalista que retirou um representante competente de nosso comando e deixa sequelas até a atualidade -, mas sim em esclarecer um período tão obscuro, compreender quais foram os principais pontos prejudiciais ao avanço de nosso país graças à deposição e escancarar como a opressão - jamais extinta - é um dos maiores males da sociedade, de forma geral. Outro de seus grandes méritos reside no fato de o longa exibir visões contrárias a algumas de suas afirmações - como nos depoimentos do historiador, incrédulo de que Jango tenha sido assassinado, como muitos dos outros entrevistados da fita afirmam -, algo que talvez nem fosse necessário, uma vez que já somos implicitamente obrigados a ver estas visões contrárias todos os dias - mas não da forma direta como aqui, o que é ainda pior -, em produções artísticas e opiniões políticas radicalmente defensoras do sistema norte-americano, que opôs-se às decisões do presidente, ajudou a tirá-lo do poder e, consequentemente, ajudou a nos enterrar na ditadura, estes que se consideram os comandantes do mundo. Aquele que não comover-se ou, ao menos, irritar-se por ver a mídia, a religião e as corporações - o longa abre espaço para todos estes detalhes -, utilizando de seu poder para manipular a população contra o governo na época e dar o poder aos militares, prejudicando depois a si própria, certamente perdeu o poder da percepção e rendeu-se à alienação extrema, grupo que preocupantemente ganha cada vez mais adeptos. Provavelmente, eles ainda não viram Dossiê Jango.


A Vida Segundo Sam

Life According to Sam

Estreando em nosso país diretamente através da televisão por assinatura, nos canais HBO, este documentário é um dos 15 pré-indicados ao Oscar 2014 na categoria, algo certamente despertador do interesse de um maior grupo de pessoas, dedicadas a ver tudo o que poderá estar na premiação, aproveitando então a chance de poder conferir um documentário que estreou oficialmente no Brasil - cada vez mais raro - e poderá estar entre os indicados finais, algo em que aposto. A Vida Segundo Sam narra a luta de um adolescente, cujo nome está presente no título, e seus pais, contra uma doença raríssima e sem cura identificada, chamada progeria. Quando descobrem que o filho sofre com a doença, os pais, médicos, decidem iniciar uma pesquisa em busca de encontrar a cura para esta, mas sofrem dificuldades com a aprovação para a produção dos medicamentos e com o tempo, em si, que leva as crianças vítimas deste problemas a estarem cada vez mais próximas da morte. Partindo desta história comovente por si só, infelizmente os realizadores, Sean Fine e Andrea Nix, decidem aplicar certos maniqueísmos para tornar sua narrativa mais emocionante, especialmente através da trilha sonora e da escolha de planos longos e utilização do slow motion, o que além de desnecessário, ainda a enfraquece. Por sorte, nem isto mais era capaz de nos fazer perder o interesse e comoção pela jornada, especialmente graças à confiança que nos passam os médicos responsáveis pelo tratamento e pela torcida por Sam, um garoto que se mostra surpreendentemente maduro com relação ao modo como trata seus problemas de saúde e suas possibilidades futuras, algo diretamente responsável por nos levar ainda mais a torcer para que ele possa ter um - não é que não torçamos por qualquer criança na superação de uma doença como esta, mas Sam é um garoto ainda mais interessante. As informações importantes para o maior conhecimento de uma doença da qual raramente ouvimos falar também engrandece o longa, de modo que a direção burocrática e maniqueísta parece estar deslocada dentro de um documentário que contava com tudo para tornar-se mais relevante. Agora, gostaria de ver uma produção norte-americana assim abordando uma criança sem o poder aquisitivo da família de Sam para tratar do problema, mas com isto, as produções do país raramente gostam de se importar. Mas deixe para lá, isto faz parte de outra história, agora a hora é de se importar com a história de Sam, por esta vez.


Sem Dor, Sem Ganho

Pain & Gain

A nova produção de Michael Bay (Transformers: O Lado Oculto da Lua) conta com menos explosões do que o habitual e chegou aos cinemas brasileiros num circuito também bem menor do que o habitual, no dia 23 de agosto, agora podendo ser visto nas locadoras. A narrativa apresenta eventos realmente ocorridos, por mais inacreditáveis sejam estes - repare no divertido aviso que diz "Esta ainda é uma história real", aparecendo no canto da tela em determinado momento -, rodeando três treinadores de musculação, Daniel Lugo (Mark Wahlberg, de Dose Dupla), Adrian Doorbal (Anthony Mackie, de Aposta Máxima) e Paul Doyle (Dwayne Johnson, de Velozes e Furiosos 6) - curiosamente, um ex-presidiário na tentativa de não envolver-se mais em qualquer tipo de crime -, que, inspirados por não conseguirem conquistar tudo o que desejam mesmo trabalhando o quanto puderem, decidem seguir o chamado sonho americano e irem atrás de ganhos financeiros para então conseguirem, mesmo que necessitem cometer crimes para isto. Eles sequestram o milionário Victor Kershaw (Tony Shalhoub, de Monk) e o crime está correndo bem, mas seu despreparo para realizá-lo acaba tirando a coisa dos trilhos. Nesta trama que, apesar dos absurdos, poderia gerar uma divertida e ácida sátira ao citado sonho americano, o diretor Michael Bay prefere abraçar diversas questões - a aceitação dos imigrantes nos EUA, a superficialidade do ganho material -, mas não consegue aprofundar-se em nenhuma delas, mantendo-se apenas numa narrativa superficial e engraçadinha de três marmanjos se afundando cada vez mais em seus objetivos - o cineasta não sabe nem se quer defendê-los ou condenar seus atos, o que complementaria sua crítica. Este é um daqueles projetos que provavelmente sairia-se melhor nas mãos de outro realizador e não de um que consegue ser megalomaníaco até com baixo orçamento e sem o mundo ao seu dispor para destruir; apesar de o roteiro e a montagem também não ajudarem, e a produção acabar tão inchada quanto os músculos de um usuário de anabolizantes. Graças às divertidas performances de Mark Wahlberg e Dwayne Johnson, divertindo-se em seus exageros, Sem Dor, Sem Ganho fica longe do insuportável, mas não do raso e superficial do qual parecia buscar se afastar. Uma história de malhação, afinal de contas.

Outros lançamentos das últimas semanas que ganharam críticas quando em cartaz:

Homevideo 1203086956130796193

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