[Fica a Dica] HQ: Guerra Civil

De que lado você está?

Se você adora a Marvel por causa do cinema e começou a acompanhar os quadrinhos há pouco tempo, ou então quer começar a acompanhar, o Fica a Dica desta semana foi feito para você. A Guerra Civil é uma das maiores e melhores sagas que a Marvel Comics lançou na última década, sendo um divisor de águas na história da editora.

Caso não esteja acostumado a ler quadrinhos (especialmente da Marvel ou da DC Comics), você precisa saber uma coisa: na maioria das vezes, as sagas que se propõem a mudar o rumo da editora não mudam nada. Infelizmente é verdade, mas por necessidade de divulgar os quadrinhos e conseguir mais vendas é frequente ouvirmos que essa ou aquela saga vão redefinir o universo (especialmente na Marvel). Mas a Guerra Civil tem algo de especial: ela realmente mudou alguma coisa. É verdade que muitos dos seus efeitos não serão vistos diretamente nos quadrinhos atuais (até porque essa história foi lançada há sete anos), mas efeitos menores, como relação entre personagens, nunca mais foram os mesmos depois disso; e é isso que a torna importante, quase uma década depois nós precisarmos saber o que aconteceu nela para entender por que o Capitão América e o Homem de Ferro não são mais grandes amigos, entre outras coisas.

A saga começou com um grupo de heróis jovens e despreparados que estava caçando um inimigo muito acima do nível da capacidade deles, e isso gerou uma catástrofe. O vilão Nitro explodiu (literalmente) diversos quarteirões da cidade de Stanford nos Estados Unidos, causando um total de 600 mortes civis, incluindo todos os alunos de uma escola próxima ao local. Essa foi a gota d’água, vários outros eventos já estavam afetando a opinião pública sobre a ação dos heróis, que não precisavam responder a ninguém por suas ações e podiam usar seus poderes como quisessem com a “desculpa” de só estarem ajudando. Depois desse ocorrido, o congresso norte-americano criou um projeto de registro dos super-heróis, ou seja, todos os heróis entrariam em um banco de dados e somente aqueles que se registrassem com o governo poderiam usar seus poderes para proteger as pessoas. Eles receberiam salários e treinamento em troca de sua identidade secreta (tudo bem que as identidades não seriam reveladas ao público, mas sempre existe a possibilidade de alguém ter acesso a isso).

A questão é que esse negócio de férias anuais e décimo terceiro não é tão bonito quanto parece, todos eles se transformariam em empregados do governo e, portanto, poderiam ser presos se não obedecessem a uma ordem (imagina o presidente decidindo quem é o vilão? E como eles atuariam em guerras?). Isso, caso se registrassem, aqueles que fossem contra o projeto, como os heróis de rua (como o Demolidor), seriam presos por desobedecer uma lei (caso fosse aprovada). Sabendo que ia causar um enorme problema o Capitão América se posicionou contra o registro, assim como diversos heróis, e desafiou o governo. O problema é: um grupo grande ficou a favor do registro e, liderados pelo Homem de Ferro, começaram a tentar “convencer” os outros e, logo em seguida (quando a lei foi aprovada), passaram a caçá-los. Uma tática suja por parte do grupo pró-registro e uma morte no grupo dos rebeldes foram as responsáveis pela maior guerra já vista entre os heróis.

A Guerra Civil é, para mim, a melhor saga que a Marvel lançou em muito tempo; nada que veio depois dela foi tão intenso e com tantas consequências duradouras. Com uma história muito adulta e inteligente, uma arte que é no mínimo fantástica e com o Capitão América mostrando para todos que não é apenas um símbolo americano sem sentido, essa é uma saga que indico para qualquer um que queira ler quadrinhos.