loggado
Carregando...

[Crítica] Guerra Mundial Z

Quando o caos é generalizado...

Quando o caos é generalizado...

Aproveitando a onda de sucesso recente da abordagem apocalíptica com zumbis no Cinema e na televisão, a Paramount Pictures decide adaptar a obra literária de Max Brooks para os cinemas e, apesar de enfrentar sérios problemas em sua produção - inclusive chegou a ser adiado -, fazer seu lançamento no verão norte-americano deste ano, época em que a maioria dos grandes lançamentos do ano também tomam a programação, e embora seja um feito arriscado em quesitos comerciais, devido ao orçamento do longa que saiu dos planos com estes problemas de produção, nos apresenta um grande blockbuster que tem todo o potencial para superar todas as suas dificuldades na produção com resultados nas bilheterias.

Os primeiros minutos de Guerra Mundial Z nos apresentam um pouco à rotina pacífica da família Lane, que pelo apresentado são uma família bastante tradicional norte-americana, que após realizarem sua rotina matinal, vão todos juntos para um automóvel familiar no qual seguirão suas rotinas, como num dia qualquer; tudo parece bem. Mas enquanto aguardam com certa estranheza, mas sem qualquer exaltação, um tráfego fora do comum na cidade, algo estranho e inesperado se inicia. Pessoas correm, deixam seus carros, se desesperam, um grande tumulto se inicia até que o clima de desespero tome conta do filme, mas tudo de forma muito misteriosa e sem expor inicialmente o que está gerando todo aquele terror, o que contribui ainda mais para este clima. A visualização inicial não preocupa-se em focar nos mortos-vivos que estão surgindo para gerar a tensão, mas ainda assim o clima é de caos absoluto.

Focando seu primeiro ato no drama da família na sobrevivência inicial, logo os conflitos principais iniciam-se quando Gerry Lane (Brad Pitt) é convocado para voltar a sua antiga profissão e auxiliar a ONU para conter a situação que está acontecendo em todo o mundo. Inicialmente renegando voltar ao posto para proteger sua família, logo Gerry acaba aceitando pelo fato do controle que está ocorrendo do número de pessoas que podem ser abrigadas na base marítima que a família Lane está, na qual quem não estiver auxiliando para o controle do caos será deixado novamente no solo dominado pelo caos. Com isso, Lane parte numa missão que cruza o oceano para tentar encontrar alguma espécie de cura para a epidemia que está tomando o mundo. Partindo-se neste momento de um drama que enfoca a silenciosa sobrevivência de Gerry em meio a sua busca pela cura e, em bem menor escala, o drama da família na tensão da possibilidade do pai sequer voltar a encontrá-los.

Tudo apontava para que a produção se tornasse apenas mais um blockbuster da onda dos zumbis, seguindo os padrões estabelecidos no sub-gênero, mas que ainda assim divertisse. Mas o longa dirigido pelo irregular Marc Forster (que se recupera de seu fraquíssimo projeto mais recente, Redenção) consegue fugir dos padrões dentro de seus moldes da inserção do apocalipse zumbi, quando diferentemente da maior parte dos filmes de zumbis, que preferem abordar um menor grupo de personagens numa menor região afetados por este apocalipse, já que como seu próprio título sugere, Guerra Mundial Z consegue abordar como esta situação afeta as estruturas políticas e sociais de todo o mundo, avançar as questões da busca pela cura desta epidemia e o modo como a jornada da população segue após o fim desta. Mas não é por isto que Guerra Mundial Z abandona seu aspecto blockbuster, pelo contrário, é um blockbuster competentíssimo, um dos melhores do ano até agora, que conta com uma cena de ação atrás de outra e é uma daquelas sessões em que o espectador fica pelas quase duas horas de projeção na ponta da cadeira pela tensão extrema transmitida ali, especialmente numa sequência em que o silêncio toma um laboratório quando seu protagonista está prestes a enfrentar os zumbis que dividem o ambiente com ele.

Guerra Mundial Z conta com seus problemas pontuais, como o fato do heroísmo excessivo por vezes a seu protagonista - tornando, por exemplo, o desfecho desta mesma sequência citada no parágrafo que antecede este previsível, pois conseguimos prever a sobrevivência de Gerry - e por vezes este problema é relevado pelo trabalho de Brad Pitt, que surge numa ótima performance e consegue atribuir certa vulnerabilidade a este. A fotografia de Ben Seresin é interessante ao utilizar uma coloração mais amarelada e escurecida para as sequências em que Gerry surge em plena ação na missão pela ONU em contraste com a fotografia claríssima para retratar a esposa na pacificação de dentro da base militar, e é uma pena que nas sequências com uma grande movimentação da câmera de Marc Forster, a terceira dimensão as escureça e as torne mais confusas do que deveriam ser. Aliás, no geral o 3D pouco atribui em termos narrativos, somente com alguns poucos sustos que funcionarão melhor com o recurso.

Ganhando por vezes uma abordagem com contornos de um drama político - a sub-trama da construção do muro para impedir a entrada de zumbis poderá ser levada inclusive como uma crítica sutil ao muro que impede a entrada de imigrantes mexicanos nos EUA, e o plano que retrata sua queda será um deleite para a interpretação histórica do público - é inegável que Guerra Mundial Z saia com um saldo positivo em todas as suas camadas, inclusive inovando-se dentro do sub-gênero a que pertence, mas onde verdadeiramente se sai incrivelmente bem é na criação de uma atmosfera extremamente tensa, que denota seu ritmo do início ao fim.
Guerra Mundial Z 4377149599750862823

Postar um comentário Comentários Disqus

Página inicial item