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[Review] Mad Men 6x05/06 - The Flood/For Immediate Release

Você nunca sabe o que esperar de Don Draper.


Você nunca sabe o que esperar de Don Draper.

Mad Men, de tempos em tempos, sempre apresenta algum episódio onde algum evento marcante da sua época acontece. Já presenciamos diversos momentos, como a morte de Marilyn Monroe, de JFK, e agora foi a vez de um episódio que teve como fundo a morte de Martin Luther King. The Flood conseguiu lidar bem com a questão, e explorou a repercussão do evento histórico na vida de alguns dos personagens da série, com destaque para as diferentes reações de cada um.

Basicamente, o episódio teve dois grandes personagens em destaque: Peggy e Don. Mas teve espaço também para Michael ganhar um pouco de atenção, por isso começo comentando sobre ele. O jovem redator que sempre será lembrado pelo "Eu nem sequer penso em você", o corte frio de Don na temporada passada ganhou destaque com seu plot com o pai e uma candidata a esposa. Não há muito o que comentar sobre ele, visto que nem é um personagem tão importante assim, mas vale a pena destacar a relação dele com o pai, que é autoritário, mas Michael não reage a isso e é submisso (além de ser ansioso e precipitado, como na cena do restaurante), diferente da onda na época, com a contracultura (Woodstock seria um ano depois, em 1969). O peso da religião tradicional também pode ser visto como um dos motivos por Michael não ser como os outros na agência, que já buscam sua independência cedo. Será interessante acompanhar o personagem em eventos futuros que devem chegar em breve a linha do tempo de Mad Men.

Falando em pessoas independentes, Peggy teve bastante destaque em The Flood (o que é ótimo, tendo em conta que ela apareceu bem menos no ano anterior da série). A questão da compra do apartamento serviu para mostrar como Peggy se sente insegura quanto às mudanças, como quando tenta justificar à Megan do porquê de estar comprando o apartamento. Mas penso que o ponto mais importante é a relação dela com Abe, principalmente suas expectativas quando a esse relacionamento. Ela se incomoda com a indiferença de Abe sobre a compra somente até o momento em que ele fala que pensou em um lugar melhor onde possam ter seus filhos. Isso basta para Peggy mudar de humor totalmente, e revela o que já é sabido, por mais moderna e ambiciosa que seja no âmbito profissional, na vida pessoal a publicitária deseja uma vida simples, casada (nunca esqueço a expressão de decepção dela quando Abe falou em "morar junto" e não em "casamento" na temporada passada) e com filhos. 

Outra ponta que fica solta e deve ser deixada para episódios futuros é a "admiração" cada vez maior de Ted, o chefe de Peggy a ela. Só espero que a moça não tenha complicações no trabalho agora que as coisas estão cada vez melhores, mas podemos prever isso obviamente.

Outro ponto muito interessante do episódio foi Peter, que "falou pouco, mas falou bonito". Da reação de todos os personagens à morte de Luther King, a de Peter foi uma das mais decentes. O publicitário pode ser um péssimo marido, e imaturo em várias questões da SCDP, mas tem uma visão a frente da época em relação ao racismo, sendo um pouco mais humano que a maioria da agência (vale lembrar que algumas temporadas atrás ele sofreu uma grande represália por tentar lançar uma campanha com foco no público negro, maior consumidor de uma marca de TV). Sua discussão com Crane foi uma das minha favoritas no episódio. Crane está cada vez mais idiota e deve conseguir mais haters até o final da temporada (ninguém manda Joan se calar!!!), e Peter sempre varia sendo uma pessoa mais odiável (e por isso agora sofre com a distância que Trudy impõe a ele) ou mais correta dependendo do contexto, como esta cena com Crane, fazendo dele um dos melhores da série desde seu inicio. O último momento dele no episódio mostrou isso, ao pressupor que o entregador fala inglês, Peter mostra que não é sensato outras questões da época, como disse depende do contexto.

Muito bem colocado também foi o contraponto entre o comportamento das secretárias de Peggy e Don diante do ocorrido. Down, prefere ficar no trabalho do que lidar com o caos na cidade. Eu tive que rir da cena que Joan a abraça. Mas não tanto quanto a cena com o tal de Randy e seu papo maluco para cima de Don, "os céus estão nos dizendo para mudar" ele diz, seria outra indireta para Don Draper? 

Mesmo não tendo tanto destaque quanto nos episódios anteriores, Don ainda rouba a cena. Se antes estava sendo abordado o comportamento de Don como marido, dessa vez foi o comportamento dele como pai o destaque. Don se abriu com Megan nesse ponto, deixando claro o motivo de ser um pai tão ausente para os filhos. A cena no cinema foi bem interessante, mas Don enfrenta a barreira de ver Francis mais próximos dos filhos do que ele. É possível que essa seja uma situação irreversível, toda a infância de Don que já conhecemos explica um pouco sobre quem Draper é, e sua dificuldade em se conectar realmente com alguém. Sua preocupação excessiva sobre a situação de Sylvia em Washington denuncia que ele talvez esteja se importando mais com ela do que ela com ele. Na tentativa de superar seu vazio interior, Don passa a tentar se aproximar mais, seja da amante, ou dos filhos. O que tende a dar muito errado. Afinal quem nunca pensou que a cena final da série pode ser Don literalmente pulando e caindo como na famosa abertura?

Considerações Finais

- Betty e Francis eu deixo para comentar quando esse plot dele virar deputado ganhar mais destaque.

6x06 - For Immediate Realese 



Dizer que esse foi o melhor episódio da temporada é permitido aqui. Mad Men chega a metade de seu sexto ano em um daqueles episódios agitados que lembram aquele final de temporada da Season 3. Ao fim de For Immediate Release podemos perceber que tudo foi delicadamente construído para o momento que resultaria na fusão entre a SCDP e a CGC, e na espetacular cena entre Don e Peggy. Mas vamos rever todo o caminho que foi percorrido para se chegar aqui.

Tudo começa com o inicio da capitalização da agência, colocando a SCDP no mercado de ações, animando Peter, Joan e Bert. Começando com Peter. Como disse na review anterior, Peter é um personagem que depende muito do contexto em que está, se no episódio passado ele demostrou mais humanidade na questão de Martin Luther King, dessa vez ele foi novamente um grande estúpido em relação a sua esposa e na forma como lidou com seu sogro. É válido considerar que os problemas no trabalho podem ter influenciado o humor de Peter, mas ele "se vingar" do sogro, contando para a esposa que o viu em um bordel (e aqui ele acaba sendo racista), não é uma demostração de maturidade. Apesar dos problemas na família, a melhor cena de Peter foi sua briga com Don por causa da perda da Jaguar. É sempre interessante ver as cenas de brigas entre os dois.

O fim da conta da Jaguar poderia ter sido uma grande tragédia se Roger não tivesse conseguido uma chance com a Chevrolet. As variações de fatores nesse episódio foram tantas que não tem como não rir com Roger dizendo "bom... ainda tenho boas notícias", em meio a discussão entre Peter e Don, que depois se tornou a discussão entre Don e Joan. Joan, afinal, está certa na sua revolta com Draper, como ela mesmo disse, se ela aguentava Herb, não podia Don fazer isso também sem colocar toda a agência em risco. Mas Draper ainda provaria que ainda é bom em achar soluções para grandes problemas. Porém, antes é importante falar de Peggy Olson aqui.

Peggy cresceu muito durante esses seis anos, porém esse episódio reservou momentos nada agradáveis para ela. Toda a situação com o novo apartamento mostra como Abe é sem noção e dessa vez a "Redatora-Chefe" demonstrou sinais de estar olhando além da cerca, prestes a pulá-la. Já estava meio claro que Ted tentaria algo com Peggy, mas confesso que não esperava que ela se interessasse por ele também (a ponto de se imaginar com ele, um tipo de cena rara em Mad Men). Porém esse interesse por Ted pode diminuir após... bom, antes de falar disso, precisamos comentar o principal: Donald Draper.

Que dia esse de Don Draper! Quando pensávamos que por estar mais depressivo Don estava até mesmo desligado do trabalho, eis que ele se mostra muito vivo em questões cruciais para a agência. A impressão ao ver sua discussão com Herb (Marie e seus comentários foram o alivio cômico do episódio), e posteriormente com Peter e Joan, era que Don sairia com muito descrédito de toda essa série de eventos. O único ponto que parecia ter melhorado era seu casamento com Megan, mas pode ser apenas uma melhora temporária. Porém nunca podemos esquecer de quem estamos falando, e Don é mestre em sair de situações complicadas e assim acontece o inesperado: Para salvar sua agência, ele se une a Ted e sua CGC na estratégia que ganhar a conta Chevrolet. Conta conquistada, nova agência formada e Donald Draper novamente se torna chefe de Peggy Olson.

Agora sim podemos voltar para Peggy, pobre Peggy. Na review anterior até estava comentando como as coisas estavam melhorando para ela. Foi triste ver sua decepção ao descobrir que Don voltou a ser seu chefe. Após toda sua "libertação" da SCDP, será complicada essa nova relação com Don. Confesso que achei a reviravolta totalmente inesperada (e tem gente que diz que nada acontece em Mad Men, olha aí um plot twist) e isso muda muito a dinâmica da temporada. Como será trabalhar com os membros da SCDP após o ocorrido na conta da Ketchup. Pior para Peggy com certeza, porém como é uma mudança do meio e não no fim da temporada, muita coisa pode acontecer ainda. Resta esperar ansiosamente pelos próximos episódios.

Considerações Finais

- Foi um dos melhores episódios da série, sem dúvidas. Mad Men vem construindo uma excelente sexta temporada, mostrando que ainda é o melhor drama da TV. Só espero que as premiações não ignorem isso, como fizeram ano passado. 

- Sei que a review demorou. Não gosto de reviews duplas e espero que esta seja a única da temporada. As últimas semanas foram corridas, porém como disse, foi apenas uma exceção.

- Não canso de dar 10 para Mad Men. E daria 11 para esse episódio, se pudesse.
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