[Review] American Horror Story: Asylum 2x13 - Madness Ends (Season Finale)
“ Contos do Briarcliff ”, por Lana Winters.
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“Contos do Briarcliff”, por Lana Winters.
Asylum começou cercada de expectativas e algum receio por boa parte
dos fãs que acompanharam a primeira antologia de American Horror Story. Não precisamos nem lembrar que desde a nossa
chegada ao Briarcliff, todos os anseios e dúvidas foram sanados. Semana após
semana o que ganhávamos era uma espetacular história sobre como a natureza
humana é afetada pelo meio em que vive. A série nos entregou personagens
icônicos (Sister Mary Eunice, Lana, Sister Jude, Shelly, Kit e Cia. já
deixaram saudades) e conseguiu com maestria costurar uma trama tão complexa que
muitas vezes me peguei pensando nas possibilidades do fracasso. O que posso
dizer, é que depois de Madness Ends, Ryan Murphy e sua turma têm créditos
infinitos comigo, pois além da experiência catártica, Asylum é desde já uma das maiores preciosidades da TV
contemporânea.
Quando o teaser de abertura começou, ondas de arrepio passaram por mim. Ver
Johnny caminhar pelas ruínas do Briarcliff ouvindo sua mãe narrar o dia em que
conheceu seu pai foi transcendental. A direção de Alfonso Gomez-Rejón (nunca canso de elogiá-lo) chegou ao ápice
neste episódio. Basta pararmos para ver os quadros inspirados nos momentos em
que Johnny vai enxergando o seu Oliver Thredson e a sua Lana Winters, visões
essas, que fizeram ainda mais sentido quando descobrimos a gênese da psicopatia
do novo Bloody Face nos minutos
finais da temporada. Como não elogiar também o trabalho de edição? Ver a
história de Leo e sua noiva, pelo ponto de vista de Johnny, poderia soar
artificial, mas o cuidado foi espantoso. O primeiro teaser (lá de Welcome to
Briarcliff) se unindo ao último me impressionou, e já posso colocar a cena
como uma das minhas favoritas.
Eu já sabia dos desejos em fechar
a temporada sob a óptica da única sobrevivente do Briarcliff original. A
entrevista intimista com Lana foi mais do que o uma simples saída do roteiro.
Ela demonstrou a genialidade dos roteiristas e o sonho que eles tinham de fazer
o final de Asylum o mais estilizado
possível. Se qualquer coisa ali parecesse pretensiosa demais, não teríamos
comprado a ideia, mas a verdade é que sem aquele exercício de metalinguagem, as
conexões conseguidas para finalizar os quatro atos iniciados em Continuum não teriam funcionado.
Lana foi a base de todo o nosso
conto e mesmo sem deixar de lado suas ambiciosas decisões, ela conseguiu se
firmar como a heroína (torta) que sempre demonstrou ser. O documentário que
fechou o Briarcliff definitivamente me embrulhou o estômago. As cenas em 8mm estavam soberbas e senti uma leve
homenagem aos found footage que estão em alta no mercado do horror. Os últimos passos de Lana, em direção ao passado
que prometeu destruir, nos levou as duas almas que estiveram com ela desde o
início, e tenho de confessar a vocês, as cenas protagonizadas por Jude e Kit
foram de uma emoção ímpar.
Por tudo o que Jude fez a Kit, eu
nunca imaginaria o final destinado aos dois. Kit abraçou a única chance que
tinha de superar tudo o que viveu e ao se compadecer do penoso estado em que
Jude se encontrava, tivemos a prova certeira de que Grace estava certa quando
disse a Alma que o motivo de Kit ser tão importante para os alienígenas era por
ele ser superior a sociedade em que vivia. Que trilha sonora linda. Da
desintoxicação de Jude, ao momento em que o Shachath
a leva com um último beijo, meus olhos ficaram marejados. O mais incrível de
tudo foi perceber que toda a história se casou com o que nos tinha sido
mostrado no episódio (aparentemente aleatório) passado, faço referência ao quão
especial foram os irmãos Thomas e Julia.
Ainda disseram que a trama dos
alienígenas foi desnecessária. Depois desse último episódio, o termo
desnecessário não poderia ser mais errado. Não reclamem sobre a falta de
respostas, pois, para a história, nós tivemos todas. Grace nos explicou tudo em Continuum, e a confirmação veio da forma
mais bonita. Os seres do outro mundo eram bons e Thomas e Julia foram
destinados a grandes coisas, ele um diretor de Havard e ela uma famosa
neurocirurgiã. Kit também encerrou seus dias junto com aqueles que o salvaram
por (talvez) saber do seu destino. Não precisamos de explicações expositivas
quando o sentido estava em tudo o que era contado por Lana (cuja emoção de Sarah Paulson ao narrar o penúltimo
seguimento, me tocou profundamente).
Mas ainda precisávamos entender
como Johnny se tornou no “fantasma” do seu pai. Foi daí que uma das cenas mais
poderosas de toda a temporada veio. O confronto entre Lana e seu filho foi além
do que eu esperava. A última confissão de Thredson mexeu com todas as
concepções de Johnny e ao sentir o desprezo da mãe naquela velha gravação, ele
afundou em seu próprio inferno. Lana não esconde que tentou amar o filho, porém
o que ele significava era maior do que qualquer sentimento possível. Utilizando
todo o seu apelo, Lana assume a culpa pelo que o pobre homem se tornou, e numa
rima ao destino do seu maior algoz, atira sem remorso na cabeça do filho.
Olhando direto para o corpo estendido em sua sala, a jornalista lembra do
momento em que tudo começou, e é a frase de Jude que entrega todo o real
significado do que vimos até aqui: “Se
você olhar para face do mal, o mal estará olhando de volta.”
P.S.: Pesquisando, descobri que
a citação de Jude parafraseia uma das obras mais conhecidas de Nietzche, Beyond Good and Evil. Original: "He who fights with
monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when
you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you.".
P.S.2: Não mencionei, mas o fim
de Timothy Howard foi correto, só que o personagem se mostrou como o mais
descartável de toda a história.
P.S.3: E a grande pista para
terceira temporada? Muito se falou em Hollywood e acho que vamos ter bruxaria e
muita metalinguagem na terceira temporada.
P.S.4: Se arrepiar com Dominique eternamente, que homenagem
mais linda fechar a série com ela.
Agradeço a todos que me
acompanharam e na fall season que vem, estaremos por aqui para mais uma antologia memorável.
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