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Desventuras em Série | 1x07/08 - Serraria Baixo-Astral


Por Luísa Ribeiro 

Caro leitor,

Saber a diferença entre os termos literalmente e figurativamente é de extrema importância para a compreensão desta mensagem. Quando digo que estou, figurativamente, dentro de uma floresta, isso quer dizer que sinto-me em uma situação terrivelmente desconfortável e, de certo modo, perigosa, como se estivesse em uma floresta escura e sombria, sendo que, literalmente, encontro-me em um refúgio seguro. Infelizmente não é possível dizer o mesmo de Klaus, Violet e Sunny Baudelaire, cujas jornadas tornam-se literalmente mais sombrias e desafortunadas a cada segundo.

A estadia dos órfãos na Serraria Alto-Astral, cujo nome definitivamente não combina com o recinto, trouxe à tona mais perguntas sobre seus pais, mais inseguranças e, ao mesmo tempo, a certeza de que é melhor confiar em um otimista do que em uma optometrista. Principalmente quando esta última possui um passado amoroso com o vilão que quer literalmente te matar e ficar com a sua fortuna. Os únicos adultos que poderiam fazer alguma coisa para ajudar os irmãos não farão nada. Um por se encontrar figurativamente mergulhado no mar da ganância e literalmente envolto a uma abominável fumaça de charuto, e o outro simplesmente por ser incapaz de desobedecer o primeiro.

Não entrarei em mais detalhes, pois relembrar tais acontecimentos causa uma dor em meu coração que é ao mesmo tempo literal e figurada. Como voluntária, no entanto, ainda preciso mencionar a conclusão da pequena jornada de certos pais, que conseguiram voltar para casa e para seus três filhos. Doce ilusão a sua pensar que aqueles eram os pais dos Baudelaire. Doce e amargamente errada. Espero que você possa perdoar a minha frieza nesse aspecto, mas foi melhor assim. Quem sabe no futuro você passe a pensar como eu. O que mais posso dizer sobre isso é que o ardor figurado nos corações daquela família, felizes por estarem unidos novamente, não conseguiu ser mais quente que o ardor do incêndio que, misteriosamente, tomou conta de sua casa. O meu único comentário sobre isso é: não confie no que lerá nos jornais.

E, por fim, com o encerramento desta primeira temporada, que tão bem retratou o início da triste história dos órfãos Baudelaire, resta dizer que há uma luta de sentimentos dentro de mim. Felicidade por saber que a história continua e tristeza por saber que ela não será nada agradável. Como a música de encerramento bem disse, se você achava que o final seria feliz, se enganou. Este não é nem o final, nem um momento feliz. Os órfãos encontram-se novamente com o desconhecido, figurativamente dentro da floresta e literalmente em um internato. Talvez fazer alguns amigos com experiências parecidas ajudará a tornar a estadia mais fácil. Tenho completa certeza que este é o único ponto positivo que posso mencionar, a menos que você goste de ouvir violino sendo terrivelmente mal tocado.

Aqui não há final. Nem feliz.

Atenciosamente,
Uma voluntária

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