Falando Sobre... | Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar
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Criada por Amy Sherman-Palladino, Gilmore Girls conta a história de Lorelai Victoria Gilmore e sua filha Lorelai Leigh "Rory" Gilmore, que moram na pequena cidade de Stars Hollow, lugar onde se passa a jornada das duas com seus familiares, amigos, carreira e amores.
A série, que estreou em outubro de 2000, foi produzida por Amy Sherman-Palladino e seu marido, Daniel Palladino, durante seis temporadas. Os dois se afastaram por questões contratuais e a sétima temporada foi comandada por David S. Rosenthal. Os fãs não ficaram totalmente contentes com a troca, pois o texto decaiu no quesito qualidade das histórias e diálogos, que sempre foram tão característicos das meninas Gilmore.
Depois do series finale, muitos fãs pediram a volta de Gilmore Girls como uma nova temporada ou um telefilme. A ideia era que Amy pudesse finalizar a série como ela planejou, terminando com as famosas "quatro últimas palavras". Então, eis que a Netflix realizou o sonho de muitos e deu uma nova vida à série, desta vez com o título Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar.
A nova temporada foi dividida em quatro episódios, cada um retratando uma das estações do ano, começando pelo inverno, passando pela primavera e verão, e terminando com o outono, durante o mesmo ano. A história começa exatamente nove anos após o series finale. A trama se inicia quatro meses após o falecimento de Richard, e as meninas Gilmore ainda enfrentam consequências do luto do tão amado esposo, pai e avô. A inserção desta trama não é novidade para ninguém, já que o ator Edward Herrmann faleceu no final de 2014 e, claramente, não deveria haver uma substituição para ele e/ou uma trama fazendo o personagem viajar para algum lugar que não o veríamos durante esse tempo.
Por mais que a sétima temporada seja tão criticada em diversos pontos, ela foi finalizada. Nela, tivemos o tão esperado final feliz para Luke e Lorelai e o sonho profissional de Rory realizado. Porém, Amy nos mostra que ainda existem histórias a serem contadas, mesmo quando tudo parecia bem. Entre diálogos rápidos e problemas pacatos, mas importantes para os moradores da pequena cidade em que vivem, Gilmore Girls nos presenteia com a volta da nostalgia que a série nos dava tantos anos atrás.
Lorelai é aquela explosão de pessoas. É uma única pessoa que pode encher uma sala só com a sua personalidade. Lauren Graham em nenhum momento parece que passou nove anos sem interpretar a personagem. Podemos dizer que este é o papel de sua vida. A personagem mais fiel a tudo que já foi um dia é a protagonista. As falas, os trejeitos, as manias, as neuras, é tudo a mesma coisa. A chegada da meia idade traz uma série de questionamentos para Lorelai e também um amadurecimento para ela, tanto ao saber dizer "não" para Rory quanto em relação à Emily, que mesmo com traumas passados sabemos que uma ama a outra incondicionalmente.
Rory, por outro lado, mesmo tendo seus 32 anos, ainda não se encontrou. Durante as sete temporadas acompanhamos uma menina virar mulher, uma estudante virar uma jornalista. Porém, nesta nova etapa da vida dela podemos ver a tão famosa crise dos 30 anos, onde você não é jovem demais e nem velho demais. Após trabalhar com Obama, ter um artigo no New York Times, ser requisitada a trabalhar em lugares que não se esperava, Rory não se encontra em lugar algum, ela mesma não sabe para qual direção quer ir. Não soltarei spoilers, mas a resolução desta parte profissional é algo tão óbvio e inesperado, ao mesmo tempo que é lindo de se ver. Na mesma situação da sua carreira, a vida amorosa da Gilmore mais nova continua uma bagunça. Os ex-namorados de Rory ainda mexem muito com a jovem em vários sentidos e formas diferentes, mas temos a aparição do novo namorado, Paul, que é mais esquecido que os filhos de Adriana Bombom em churrasco.
Um ponto a ser destacado é a trama de Emily e sua jornada de superação à morte do marido. Esta trama é tratada de forma lenta, mas com o timing certo durante este período de um ano em que a série se passa. No momento em que vemos Emily de jeans e camiseta, a gente percebe que algo não esta bem ali. Mas com o passar dos episódios ela se descobre sem Richard ao seu lado e passamos a ver uma outra face da matriarca da família Gilmore.
Luke é o personagem que menos se desenvolve durante o revival. Mas isso não é um problema, afinal, Luke é o Luke. Ele tem seus objetivos todos alcançados. O amor de Lorelai, sua pequena lanchonete e a vida tranquila que sempre sonhou. Com as tecnologias atuais que não existia tempos atrás, o Luke's Dinner precisava se atualizar. Quando temos o plot do Wi-Fi, vemos o quanto ele estava certo ao não liberar os celulares na época em que esse era o seu único problema. As pessoas não conversam, ficam horas num mesmo lugar sem consumir algo, e isso são maus negócios.
A participação de Liza Weil é um show à parte, afinal, estamos vendo a mesma Paris, com os mesmos problemas, com o mesmo tipo de fala, com a mesma essência de quando era adolescente, porém adulta. Como dito durante o revival, o Michel é para a Lorelai o que a Paris é para a Rory: aquela pessoa que critica e é sincera até demais, mas que ama o outro como ninguém.
Falando de Michel, o gerente da Dragonfly, no começo dos anos 2000 a série nunca tinha abordado abertamente que ele pudesse ser gay. Agora, ele está casado com um homem e com plano de ter filhos. Essa "saída do armário" sem causar alarde algum foi feita de forma bem sucinta.
Gilmore Girls sempre colocou um mesmo ator para fazer mais de um personagem, mesmo ele não sendo tão importante para a trama, e não foi diferente durante este retorno. Prestem atenção que vocês vão descobrir fácil, fácil, mesmo que uma peruca ruim possa te confundir!!!
Apesar de episódios bem longos, nessa época de reboots e revivals a Netflix nos dá um presentão e traz uma série que tem sua características e seus personagens principais todos de volta (uns mais, outros menos), fazendo os fãs comemorarem o Natal mais cedo.