Falando Sobre... | Harry Potter and the Cursed Child - Parts I & II
https://siteloggado.blogspot.com/2016/09/falando-sobre-harry-potter-and-cursed.html
"A difficult thing, I imagine, to watch your child in pain."
ATENÇÃO
Texto livre de spoilers
Com certeza os nascidos na década de 1990, ou a maioria deles, tiveram como maior herói da literatura infantil aquele "garoto que sobreviveu". Portanto, quando há alguns meses J.K. Rowling e equipe anunciaram uma nova história para o bruxinho, agora crescido, foi quase impossível resistir à emoção.
Harry Potter and The Cursed Child (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, título oficial em português), veio com a difícil missão de trazer aos fãs e aos curiosos a vida de um Harry maduro, e em como sua vida se desenrolou após todas as artimanhas enfrentadas contra o Lorde das Trevas em sua adolescência. A princípio, para a tristeza do mundo inteiro, Cursed Child chegaria ao público apenas em forma de peça teatral numa única cidade: Londres. Pouco depois, foi anunciado que a peça chegaria ao resto do globo através da edição especial do roteiro, escrito a seis mãos pela própria Rowling, por Jack Thorne e John Tiffany. Mas... e toda essa expectativa por Cursed Child, foi superada?
Primeiro de tudo, temos que deixar claro que esta obra trata-se de um roteiro. Então, esperar por algo profundo e bem delimitado como as obras anteriores de J.K. é um erro, já que a maior interpretação e entrega deve ficar mesmo por conta dos atores e da apresentação da peça em si. A história, por sua vez, é dividida em quatro atos, trazendo falas de vários personagens, alguns já conhecidos do público, como o próprio Harry, Hermione, Gina, Rony e Draco, mas também de novatos, e aqui destaco Alvo Severo Potter e Scorpius Malfoy.
Apesar de um ponto central, que falaremos mais a frente, a história trata basicamente da relação conturbada entre Harry e Alvo, seu filho do meio. Os mais fanáticos sabem o quanto Harry sempre foi muita emoção ao invés da razão, sendo teimoso e muitas vezes rude; não fosse Rony e principalmente Hermione, muita coisa não teria acontecido como aconteceu. Em Cursed Child, me arrisco a dizer que Alvo Severo seja, talvez, uma versão ainda mais radical do pai, sem espaço para a família e muito menos para conversa. Em contrapartida, sua amizade com Scorpius, filho único do antagônico Draco Malfoy, é um ponto alto desta história. Aqui, comparo o jovem Scorpius a uma versão melhorada de Hermione, com uma doçura e força que poucos personagens possuem.
Infelizmente, o ponto mais fraco em The Cursed Child é, ironicamente, sua história principal, a da "criança amaldiçoada". O plot deixa claro a falta de tato em construir uma história que aparentemente deveria servir apenas para nutrir a sede dos fãs por saber mais deste universo. Não tenho dúvidas de que frente a frente à peça, em um teatro, com tanto atores excelentes e uma boa interpretação, os erros devem ser diminuídos. No entanto, é impossível não notar falhas, furos e absurdos, especialmente nos terceiro e quarto atos. Ao final da leitura, se refletirmos um pouco, é fácil jogar fora o plot principal e levar conosco somente a interação entre o nosso querido trio de amigos e a excelente nova dupla Malfoy-Potter, sem afetar na história.
Além de Harry e Alvo, Gina e Hermione são, sem dúvidas, destaques, seguidas de ninguém menos que Draco. Se nos livros anteriores não suportávamos o fato de Malfoy estar presente, aqui iremos implorar sua presença. Digo sem pestanejar que a maior evolução ficou por conta do antigo arqui-inimigo de Harry, e que Cursed Child talvez tenha sido a história sobre sua redenção. Junto a Scorpius, meu novo personagem favorito da série, Draco com certeza brilhou em seus diálogos. Rony não tem muito destaque além de suas piadas fora de hora e suas declarações de amor à Hermione, o que me deixou particularmente decepciona com seu sub-uso. E se você sente saudades de personagens antigos como Minerva, Snape, Dolores Umbridge e o próprio Dumbledore, Cursed Child traz um fan-service que vai deixar você com os olhos marejados.
No mais, diria que Harry Potter and the Cursed Child não é uma obra prima como muitos esperavam, pelo menos é o que dá a entender seu roteiro, mas a leitura é sempre válida para matar a saudade ou mesmo para tirar sua próprias conclusões. Vale lembrar que a Warner registrou a marca recentemente, o que pode significar a possibilidade de que a peça pode chegar aos cinemas. Por enquanto, a gente espera ansioso por Animais Fantásticos e Onde Habitam, que logo mais chega às telonas.
P.S.: Harry Potter and the Cursed Child está disponível apenas em inglês nas livrarias brasileiras, mas por pouco tempo. A versão em português será lançada pela editora Rocco no próximo dia 31 de outubro!