Crítica | O Homem nas Trevas
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O diretor uruguaio Fede Alvarez mostrou ser um excelente condutor para momentos de tensão já em seu primeiro curta, o aclamado Ataque de Pânico! (2009), onde Montevidéu era atacada por alienígenas. Essa habilidade para criar uma atmosfera tensa e sufocante chamou a atenção do diretor e produtor Sam Raimi, que pessoalmente o escolheu para dirigir o remake de A Morte do Demônio (2013).
Três anos depois, o uruguaio está de volta no interessante e sufocante O Homem nas Trevas (Don't Breathe no original, que faz muito mais sentido para a trama). No longa, três jovens (interpretados por Daniel Zovatto, Dylan Minnette e Jane Levy) planejam e executam pequenos roubos. Tudo muda quando eles decidem realizar um último crime: assaltar a casa de um velho cego. A partir dessa decisão tudo muda, os jovens se veem presos num jogo de gato e rato e precisam lutar por suas vidas contra um homem cheio de segredos.
O roteiro é simples e interessante por não tentar reinventar a roda, além de trabalhar a todo o tempo com a dubiedade de seus protagonistas. O diretor utiliza de subterfúgios para criar empatia do público com Rocky (Levy), Money (Zovatto) e Alex (Minnette), que são ladrões e, teoricamente, os vilões da projeção. Alvarez cria um pano de fundo para justificar as atitudes de Rocky e Alex, já que Money é descartado em poucos minutos.
Rocky é vítima de uma família em ruínas e vê a oportunidade de conseguir levar sua irmã mais nova para uma vida melhor. Alex é apaixonado por Rocky e mesmo contrariado aceita participar do golpe. A vítima parece uma presa fácil, um idoso cego (interpretado por Stephen Lang numa atuação fantástica e assustadora) que mora em um bairro afastado e ganhou uma gorda indenização. O que parecia ser uma moleza se torna uma prova de sobrevivência e um incrível jogo, onde não existe o bom e o mau, o certo e o errado.
Se durante a primeira metade do filme a torcida é pelo pobre cego indefeso, as coisas se invertem durante o segundo ato. Somos jogados dentro de uma atmosfera claustrofóbica e sufocante, onde o diretor dá ao espectador a dimensão correta de onde estamos, seja nos colocando no total escuro ou em ambientes extremamente apertados, e coloca os dois jovens numa busca frenética pela sobrevivência contra um adversário brutal e implacável.
Em tempos de suspenses e terror que abusam dos sustos baratos, O Homem nas Trevas consegue criar um ótimo ambiente e inserir o espectador nas agruras dos protagonistas. Agora decidir quem está certo ou errado fica por sua conta!